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100 ANOS DO RÁDIO

Primeira emissora de Salvador, bordões e rádio-novelas: uma viagem curiosa nos 100 anos do Rádio

Da primeira transmissão à era digital, o rádio já revelou nomes, transmitiu novelas e conquistou ouvintes pelo esporte e pela religião

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Redação iBahia

21/09/2022 às 14:17 • Atualizada em 21/09/2022 às 16:48 - há XX semanas
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					Primeira emissora de Salvador, bordões e rádio-novelas: uma viagem curiosa nos 100 anos do Rádio
Foto: Reprodução

O rádio é um dos meios de comunicação mais antigos do mundo. Ao longo de 100 anos, passou por diversas transformações, sem nunca deixar de lado o alcance, sempre voltado para o público de massa, nem o poder de contar e também participar das histórias, seja de ouvintes ou do próprio país. Com uma trajetória tão grande, o meio radiofônico guarda também inúmeras curiosidades.

Por exemplo, você sabia que alguns atores consagrados hoje e reconhecidos por trabalhos na TV e no cinema, na verdade começaram a carreira no rádio? Ou que a primeira emissora de rádio AM de Salvador foi fundada em 1924 e a primeira FM 54 anos depois, em 1977? O iBahia mergulhou na história do Rádio e separou 10 curiosidades que retratam um pouco dos caminhos que levaram este meio de comunicação a se manter relevante até os dias atuais.

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Confira:

1. As primeiras experiências em radiodifusão no Brasil foram feitas em 1892 pelo padre gaúcho Roberto Landell de Moura, em Campinas, São Paulo. Mas, foi apenas em 7 de setembro de 1922, durante uma exposição comemorativa pelos 100 anos da Proclamação da Independência, que ocorreu a primeira transmissão radiofônica nacional. O então presidente Epitácio Pessoa foi o primeiro a testar o sistema e realizou um discurso veiculado por 80 alto-falantes.

2. Esqueça a televisão. Antes da dramaturgia ser sucesso nas telinhas, foi no rádio que boa parte do público foi conquistado pelo gênero. A primeira rádio-novela, inclusive, foi ao ar em 1941 pela Rádio Nacional. Chamava-se “Em Busca da Felicidade”, escrita pelo cubano Leandro Blanco e patrocinada pelo creme dental Colgate. Vários artistas também iniciaram a carreira no meio radiofônico, em diferentes tipos de programa. Sílvio Santos, Fernanda Montenegro, Lima Duarte, Cid Moreira, Chacrinha, Hebe Camargo, Faustão, Galvão Bueno e Chico Anysio começaram no meio de comunicação considerado "a grande escola".

Por ter, desde a origem, atrações como programas jornalísticos, musicais, de auditório, humor e esportivos, o rádio serviu como porta de entrada para dar aos artistas o que é chamado no jargão profissional de "cancha", ou seja capacidade de desenvolver habilidades e talentos a qualquer profissional que seja artista, locutor, jornalista, repórter e redator. Na Bahia, alguns nomes que iniciaram na escola radiofônica foram França Teixeira, Waldir Serrão (o "Big Bem"), Fernando José, Guilherme Santos, Ivan Pedro, e mais recentemente, Emmerson José, Thiago Mastroianni, Jéssica Senra e Rita Batista.


				
					Primeira emissora de Salvador, bordões e rádio-novelas: uma viagem curiosa nos 100 anos do Rádio
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

3. Roquette Pinto e Henry Morize fundaram a primeira rádio do país em abril de 1923. Ela se chamava Sociedade do Rio de Janeiro. Em 1935, três anos depois, a "Voz do Brasil" foi instituída e passou a ser transmitida em rede nacional. No início, além de pronunciamentos de Getúlio Vargas e aliados políticos, o programa também apresentava cantores populares. A abertura da ópera “Guarani”, de Carlos Gomes, servia de vinheta do programa.

4. A primeira emissora de rádio AM em Salvador foi a PRA-4 Rádio Sociedade da Bahia, fundada em 1924. Já a primeira com transmissão FM surgiu 54 anos depois, em 1977, chamada 97.5. A rádio pertencia aos diários associados, um conglomerado de comunicação do empresário paraibano Assis Chathebriand, o "Chatô". Os associados, além de uma grande rede de emissoras de rádio, tinha também a Rede Tupi de Televisão, integrada por várias emissoras, incluindo o "Diário de Notícias", em Salvador, e a revista "O Cruzeiro". No início dos anos 80, a 97.5 foi vendida para o empresário espanhol Pedro Irujo e mudou o nome para "Itapoan FM". Outras emissoras foram inauguradas por volta dos anos 70, como a Aratu, Piatã, Jornal do Brasil e Educadora FM.

5. Ao longo dos anos, o conteúdo transmitido nas rádios mudou bastante. Na década de 70, por exemplo, as FMs tocavam apenas música. Os locutores diziam apenas a hora certa, os nomes das canções e dos intérpretes, liam um pequeno noticiário de hora em hora e anunciavam o patrocinador do horário. A prioridade era transmitir música em som estéreo e de melhor qualidade do que as emissoras AM. No mesmo período, programas esportivos e transmissões de jogos passaram a ocupar a programação. Coberturas do Carnaval, festas de largo, cerimônias de posse dos governantes e outros eventos de importância jornalística seguiram o mesmo caminho, nas emissoras de rádio AM como Sociedade, Excelsior, Cultura, Clube, Cruzeiro e Rádio Bahia.

Já as FM, praticamente só tocavam músicas. Uma das primeiras FM a transmitir futebol na Bahia e no Brasil foi a Bandeirantes de Salvador 99.1, que nessa mesma época era somente musical. Em 1984 foi criado, pelo locutor esportivo Juarez Oliveira, um projeto chamado "Futebol Mix", que inseria vinhetas engraçadas e também musicais durante os jogos. A inciativa foi considerada ousada e pioneira na forma de transmitir jogos do campeonato baiano e brasileiro em FM.

6. O noticiário mais famoso de todos os tempos no rádio foi o "Repórter Esso". Transmitido pela primeira vez em 1941, pela Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, e pela Rádio Record, em São Paulo, o programa mudou a cara do meio. Com locução de Heron Rodrigues, foi o primeiro noticiário de rádio a ir além do que era dito no jornal impresso. Tinha redação própria, ligada a agências internacionais de notícias. O noticiário era patrocinado pela empresa norte-americana "Esso" - daí o nome do programa -, fabricante de combustíveis e dona de uma rede de postos de gasolina.


				
					Primeira emissora de Salvador, bordões e rádio-novelas: uma viagem curiosa nos 100 anos do Rádio
Foto: Acervo Rádio Nacional

7. Os dois bordões mais famosos do rádio, conhecidos até os dias atuais, também ficaram famosos no noticiário "Repórter Esso". "O primeiro a dar as últimas" e "Testemunha ocular da história" entraram para a história do meio radiofônico, com a despedida do programa em 31 de dezembro de 1968, com o locutor às lágrimas se despedindo do público.

8. Um tema, pouco discutido hoje, mas muito presente no rádio é a religiosidade. Na Bahia, em horários específicos de demonstração de fé do povo baiano, algumas emissoras apostaram no perfil de grande parte do público ouvinte para acrescentar o tema à programação da rádio. O apresentador França Teixeira, por exemplo, abria a resenha esportiva do meio-dia com o Hino Ao Senhor do Bonfim, tanto na Rádio Cultura quando na Excelsior, que até hoje utiliza o slogan: "A emissora católica da família baiana". Na Aratu FM, era a "Ave Maria" na voz de Steve Wonder que se tornou um marco.

9. Voltando para a Bahia, além de Salvador, o rádio também foi muito forte nas cidades do interior, como Feira de Santana, Itabuna e Ilhéus. Na "princesinha do sertão", a briga pela audiência vem desde o período das tradicionais rádios Sociedade, Cultura e Carioca, todas transmitidas via AM. Depois, as FMs Princesa, Antares e Nordeset entraram na disputa. No eixo de Ilhéus, a lista inclui as rádios Jornal, Cultura, Gabriela, Morena e Bahia FM Sul. Nomes do rádio esportivo, como Armando Oliveira, Djalma Costa Lino e Paulo Souto - que depois se tornou Governador do Estado - exemplos de revelações que vieram do interior do estado para capital. Já no rádio FM, Feira de Santana, Itabuna e Ilhéus revelaram nomes como Paulo Gomes, Othon Carlos, Josenel Barreto, Luis Henrique, Leleco Júnior, Jerfinho e Lula Tavares.

10. Até 2023, é esperado que todas as rádios que transmitem via AM migrem para o formato FM. A mudança ocorre por causa da determinação do Governo Federal, que publicou o decreto em abril de 2021. Segundo o governo, a medida beneficia 96 emissoras de rádio que operam na faixa. A expectativa é que as mudanças sejam realizadas até o final do próximo ano, pois a operação local (AM) será extinta em 31 de dezembro de 2023.

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