Reabertura do Muncab reúne artistas e baianos: 'Necessário'

O Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab) foi reinaugurado nesta segunda-feira (6) e exibe, até março de 2024, a exposição "Um Defeito de Cor", inspirada no livro homônimo de Ana Maria Gonçalves.

A reabertura do espaço, localizado no Centro Histórico de Salvador, recebeu artistas e baianos que prestigiaram a mostra afrodiaspórica. Inclusive, nesta mesma data, Ana Maria marcou presença no museu para uma roda de conversa.

Leia também:

Com cerca de 370 obras, a exposição "Um Defeito de Cor" é dividida em 10 ambientes, assim como o livro, que é separado em 10 capítulos. A curadoria ficou por conta de Marcelo Campos, Amanda Bonan e da própria autora do romance nacional.

A diretora da mostra, Cíntia Maria, explicou como foi feita a divisão dos ambientes, assim como o quê pode ser visto na mostra.

"Cada área é dividida pelos tecidos de Maxodí e Goya Lopes, dialogam com alguma passagem do livro. A gente tem desde a questão dos Baobás, enquanto a Kehindé ainda tá no continente africano, a travessia, todas essas questões, o fato dela ser gêmea, a gente vai passeando um pouco sobre as referências do livro e quando ela volta para o continente africano, quando ela vai para o Maranhão, para a Ilha de Itaparica... A gente tem aqui mais de 100 artistas, nacionais e internacionais, em sua grande maioria são artistas negros", contou Cíntia.

Antes mesmo de chegar na capital baiana, "Um Defeito de Cor" foi exibida no Rio de Janeiro e, ainda de acordo com a diretora, foi eleita a melhor exposição do ano passado: "É uma oportunidade maravilhosa para as pessoas que são de Salvador e as que estão visitando a cidade, para conhecer a exposição que foi sucesso de público e crítica no Rio de Janeiro, ganhando o prêmio pelo público de melhor exposição de 2022".

Quanto ao local escolhido, Cíntia disse que o "museu foi pensado por vários militantes do movimento negro, foi sonhado, gestado por muitos anos" e não escondeu a alegria que é ver a potência dele juntamente com a exposição.

Aislane Nobre, uma das artistas presentes na reinauguração, trabalhou no Muncab em outro momento da vida, mas agora chega ao local como uma das expositoras.

"A experiência tá sendo engrandecedora, muito positiva, porque eu já trabalhei aqui no museu. Primeiro, falo da alegria que é ver ele reinaugurado, porque ele já abriu outras vezes. Espero que seja um projeto duradouro, espero que agora seja algo que perpetue, porque a gente precisa de um espaço desse vivo, é necessário para Salvador", comentou Aislane.

A artista plástica disse se sente honrada de mostrar a arte e, principalmente nesta exposição em específico - que dialoga com as pesquisas também feitas por ela.

"Eu pesquiso sobre isso, hoje faço doutorado na UFBA sobre as transformações cromáticas e afetivas de 5 crianças da minha família paterna, que é uma família interracial. Então, eu falo sobre as transformações que existem com essas crianças e como a minha família é espaço de afeto, mas também de ressocialização, a minha obra parte desse estudo, onde 4 peças em cerâmica e uma em barro cru", contou.