O curta-metragem "O Homem que Virou Castanha", dirigido por Natan Fox e co-escrito por Pedro Reinato, estreia no Panorama Internacional Coisa de Cinema, em Salvador. Serão duas exibições no Cine Glauber Rocha - uma na terça-feira (19), às 17h10, e outra na quarta-feira (20), às 16h30.
O filme aborda questões como religiosidade, trabalho, masculinidade negra e a sensação de passividade diante das adversidades.
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Sobre o "O Homem que Virou Castanha"
O curta acompanha a jornada de Zebedeu (interpretado pelo ator Heraldo de Deus), um homem humilde que vende castanhas nas ruas da capital baiana. Por meio de uma abordagem metafórica, o filme confronta as promessas fundamentadas no discurso religioso e na lógica do neo-liberal de sucesso, mostrando como essas narrativas podem contribuir para que pessoas em contextos de vulnerabilidade entrem em um ciclo de desesperança.
Os autores apresentam uma narrativa que desafia as convenções, criando um protagonista passivo, sofrido pelas circunstâncias da vida. Este retrato autêntico e emocionante revela as complexidades da masculinidade negra, destacando as lutas diárias enfrentadas por homens como Zebedeu em uma sociedade que muitas vezes os marginaliza.
O diretor Natan Fox destaca a importância do personagem como uma representação dos desafios enfrentados pela população negra em Salvador, especialmente em relação ao desemprego e ao empreendedorismo informal. "Temas históricos que se relacionam com as questões raciais, com o racismo estrutural. Logo após o período escravocrata, pessoas negras foram colocadas à margem do emprego formal. Algo que se reflete até os dias atuais com grande parte de negros e negras estando na informalidade".
A partir do final do século XX, com a ascensão das igrejas evangélicas neopentecostais, a pauta 'emprego' ganhou uma nova força, um novo significado, já que essas instituições religiosas pegaram essa brecha, esse problema social, e apresentaram um olhar que retira o problema e traz o empreendedorismo solução. "A gente parte dessa premissa, desse lugar em que o discurso evangélico e de coaching está em voga. É sobre como isso impacta as pessoas. Trazemos uma reflexão sobre a crença no discurso e de que o dia-a-dia vai dizer o contrário para elas", complementa Pedro Reinato.
"O Homem que Virou Castanha" é uma reflexão sobre a realidade social e econômica de Salvador, oferecendo uma visão crítica e sensível sobre as dinâmicas da cidade. E a estreia no XIX Panorama Internacional Coisa de Cinema, que ocorre na capital baiana, se torna um marco significativo para o filme e seus criadores.
Isadora Gomes
Isadora Gomes
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