Há quase 30 anos Chacrinha apareceu pela última vez na TV, onde foi presença constante por igual período. Mas, no imaginário dos brasileiros, o apresentador, que completaria 100 anos em 2017, continua a ser lembrado com todas as cores dos seus figurinos extravagantes.
Para quem passou as tardes de sábado em frente à TV ou mesmo para quem não assistiu aos muitos programas de auditório comandados por ele, a Caixa Cultural de Salvador recebe, a partir de hoje, a exposição inédita Alô, Alô, Terezinha... 100 Anos de Chacrinha. A mostra gratuita seguirá aberta à visitação até dezembro, ocupando todas as galerias da Caixa.
"É uma grande homenagem ao Chacrinha, figura que nos deixou há quase 30 anos, mas continua muito presente no insconsciente coletivo e que ajudou a construir a TV brasileira”, comenta Rose Lima, curadora da mostra.
Velho Guerreiro
Na abertura, ela comanda visita guiada aos cenários de alguns dos programas, remontados na exposição. “Em uma das salas, estarão instaladas algumas antenas parabólicas, de onde o público irá ouvir depoimentos de amigos, familiares e personalidades que conviveram com Chacrinha, a exemplo de Baby do Brasil e Gilberto Gil”, adianta. Lá também estarão fotos de Manuel Delgado, que acompanhou Chacrinha por anos.
Abelardo Barbosa virou Chacrinha na década de 40, quando ainda trabalhava em uma rádio. Como fazia as locuções a partir de uma pequena chácara na cidade fluminense, ele logo ficou conhecido como o “cara da chacrinha”, e adotou o nome artístico. Gil foi a primeira pessoa a chamá-lo de Velho Guerreiro. A alcunha foi eternizada na música Aquele Abraço, que o cantor escreveu durante seu exílio em Londres, no fim dos anos 60.
Ainda nas rádios, Chacrinha criou alguns de seus bordões mais famosos, a exemplo do “Quem não de comunica, se trumbica”, “Eu vim para confundir, não para explicar” e “Quem quer bacalhau?”.
Na exposição, além de poder acompanhar a escalada gloriosa do comunicador do rádio à televisão, o público também irá conhecer detalhes da infância vivida em Surubim, interior de Pernambuco, e um lado mais pessoal do homem que viveu para o trabalho.
Um dos três filhos de Chacrinha, Leleco Barbosa, conta que o pai trabalhava 24 horas por dia, mas não abria mão de passar o Carnaval no Nordeste. ”O papai veio pro Rio jovem, mas sempre nutriu um carinho muito grande pelo povo do Nordeste. Sempre fez questão de passar o Carnaval em Recife com a mamãe. E Carnaval não era sinônimo de férias não, ele nunca tirou férias na vida. Nessa época do ano, ele gravava marchinhas, e voltava para rever os amigos”, lembra.
Leleco, que chegou a dirigir o pai na Band e na Globo na década de 1980, hoje é responsável pelo acervo de documentos, filmagens e objetos de Chacrinha. “Até hoje, ele é lembrado em documentários, musicais, reverenciado em escolas, dá nome a ruas e monumentos. Costumo dizer que o Brasil tem dois ídolos: Ayrton Senna e Chacrinha. A memória e a imagem dele é uma coisa impressionante, deixa a família muito emocionada”, comenta.Dentre as recentes homenagens feitas à Chacrinha, Leleco destaca o especial estrelado por Stepan Nercessian e exibido mês passado pela TV Globo. Para ele, o ator tem interpretado de forma magistral o Velho Guerreiro. Antes do especial, Stepan já havia dado vida à Chacrinha no palco e, em breve, deve ganhar as telonas de todo o país como protagonista de uma cinebiografia do apresentador. O nome dele foi aprovado pelos roteiristas Claudio Manoel e Boni - este último, chegou a brigar com Chacrinha quando era diretor de programação na TV Globo.
Cassino
Chacrinha estreou na TV em 1956, com o programa Rancho Alegre, na TV Tupi. Na Globo, para onde foi depois, ele chegou a fazer dois programas semanais: Buzina do Chacrinha (no qual apresentava calouros, distribuía abacaxis e perguntava “Vai para o trono, ou não vai?”) e Discoteca do Chacrinha. Cinco anos depois, voltou para a Tupi. Em 1978 transferiu-se para a TV Bandeirantes e, em 1982, retornou à Globo, onde ocorreu a fusão de seus dois programas num só, o Cassino do Chacrinha, que fez grande sucesso nas tardes de sábado e chegou a bater a audiência do horário nobre.
Na telinha, ele lançou a carreira de mais de 500 chacretes e de famosas que brilham até hoje, como Angélica, vice- campeã de um de seus concursos de beleza para crianças e até o movimento da Tropicália.“O primeiro programa a ser testado colorido na TV brasileira foi dele”, conta orgulhoso o filho.
Um dos destaques da exposição é o trono para onde o apresentador mandava os calouros, no qual os visitantes poderão sentar para fazer uma foto ao lado do Velho Guerreiro. Os registros que forem publicados nas redes sociais desbloqueadas acompanhadas da #ChacrinhaNaCaixa, serão expostas em um vídeo.
“A ideia foi fazer com que as pessoas possam circular como se fizessem parte de toda aquela atmosfera do Chacrinha”, diz Euro Pires, responsável pelo cenário da mostra, ao lado do designer Belmiro Neto.
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Redação iBahia
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