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Pena que turbante não ressuscita neurônio

Turbante: qual a necessidade de se criar um Dia Municipal exclusivamente para a peça usada na cabeça?

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Redação iBahia

09/03/2017 às 13:01 • Atualizada em 29/08/2022 às 4:33 - há XX semanas
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Não, senhores! Não sou contra adereços, muito menos aqueles que nos dizem algo significativo sobre nossas origens, cultura e vontades. Também não tenho nada contra o uso de turbantes por negros, brancos ou pessoas de quaisquer outras etnias. Acho, sim, o turbante bonito, vistoso, alegre e até charmoso, como diriam os experts em moda. Mas qual a necessidade de se criar um Dia Municipal exclusivamente para a peça usada na cabeça? Na minha opinião, nenhuma. Mas para a estreante na Câmara de Vereadores de Salvador, Rogéria Santos (PRB), o turbante precisa de um dia para chamar de seu.

Poderia até relevar e entender que, por ser novata nos trabalhos legislativos, a nobre vereadora queira mostrar serviço e justificar seu vultuoso salário, mas esbarro em algo chamado bom senso. Sinceramente, ao ver projetos e indicações bisonhas como essa me pergunto: para que diabos nós temos 43 vereadores na Câmara da capital. Pra isso? Pra criarem factoides? Gastarem tempo formulando maluquices? Usando a energia que liga o microfone da tribuna para vomitar asneiras? Montando uma robusta equipe de assessores para escrevinhar bizarrices?

Rogéria até tentou explicar a proposta falando sobre sua experiência de trabalho em Moçambique e Angola. Maravilha. Ninguém duvida de sua ligação com o continente do outro lado do Atlântico, muito menos de seu bom gosto em utilizar o adereço. Mas será que alguém pode dizer à vereadora que isso não permite que ela use o nosso dinheiro e a representatividade que lhe foi conferida para propor algo que não vai modificar em nada a vida da cidade? O mercado de turbantes não vai dar uma reviravolta, o preço do Capelinha não vai cair, a Transalvador não vai deixar de multar e quem não usa turbante não vai passar a usar no dia 20 de novembro.

Essa ideia já nasce morta, tanto pelo seu teor fantasioso quanto pela sua assombrosa inutilidade. Sua serventia foi mostrar que, como sempre, estamos muito mal servidos de vereadores. Falta à Casa alguém que barre essas loucuras, que constranja esses neurônios ociosos em busca de holofote e force a quem é pago com o dinheiro público a pensar em algo útil, com real serventia para os cidadãos. Ou a cabeça dos vereadores de Salvador só serve como mostruário de pano?

*Heyder Mustafá é jornalista, produtor cultural e estudante de Direito

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