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Agosto é o mês com o maior nº de mulheres baleadas em Salvador, diz Instituto

De acordo com os dados, foram registrados 186 tiroteios, que resultaram na morte de 163 pessoas e deixaram 45 feridas em toda a Região Metropolitana

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Mayra Lopes

06/09/2023 às 11:23 • Atualizada em 08/09/2023 às 13:11 - há XX semanas
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					Agosto é o mês com o maior nº de mulheres baleadas em Salvador, diz Instituto
Foto: Reprodução / Canva Pro

Uma pesquisa do Instituto Fogo Cruzado revelou que o mês de agosto foi o período com maior número de mulheres baleadas em Salvador e região metropolitana na série histórica.

Somente no mês, 27 mulheres foram vítimas da violência armada: 18 foram mortas e nove feridas. Entre os casos mais marcantes, está o assassinato de Bernadete Pacífico, de 72 anos, executada no sofá da sala de casa, no Quilombo Pitanga dos Palmares, município de Simões Filho, na noite do dia 17 de agosto. Mãe Bernadete, como era conhecida, foi uma liderança quilombola baiana e coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq).

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“É importante refletir não só os números, mas as histórias por trás dessas vítimas. As vidas impactadas, as famílias, às vezes, duplamente marcadas pela violência armada, como aconteceu com Mãe Bernardete, que perdeu o filho em circunstâncias parecidas há seis anos”, afirmou Tailane Muniz, coordenadora do Instituto Fogo Cruzado na Bahia.

Outro caso destacado pelo instituto foi a chacina em Mata de São João, onde duas mulheres foram mortas a tiros e outras carbonizadas.

Esses números estão inseridos em uma estatística ainda maior no mês. De acordo com os dados, foram registrados 186 tiroteios, que resultaram na morte de 163 pessoas e deixaram 45 feridas em Salvador e Região Metropolitana. Do total de tiroteios, 64 deles ocorreram durante ações e operações policiais e 19 em meio a disputas entre grupos armados.

Crianças e adolescentes atingidos

No dia 20 de agosto, o Instituto registrou duas crianças baleadas no Subúrbio Ferroviário de Salvador. Bryan Cerqueira Galvão, de 1 mês de vida, foi morto, em um caso que também deixou três homens baleados na localidade de Tubarão, em Paripe.

Outra criança que não teve o nome divulgado, de 2 anos, foi ferida em um ataque no bairro de Coutos. Com esses registros, que ocorreram em menos de 24 horas entre eles, e ambos na região do subúrbio, chegou a 11 o número de crianças baleadas (duas mortas e nove feridas) em 2023.

Agosto ainda teve o registro do 50º adolescente baleado. Lavínia Cerqueira Rodrigues, adolescente de 16 anos, foi morta no dia 6 de agosto ao sair de uma festa do tipo 'paredão' no bairro de Valéria. Depois de Lavínia outros adolescentes foram vítimas de tiros, totalizando 7 adolescentes baleados (4 mortos e 3 feridos) somente no mês de agosto.

“São muitos os danos causados pela violência armada, mas a perda do direito à vida ainda na infância, na juventude, é talvez o maior deles. O bebê Bryan, assim como as vítimas adolescentes de JK são, infelizmente, um retrato disso”, afirma Tailane. "O número de adolescentes baleados", acrescenta, "é um indicativo da necessidade de pensar políticas públicas de proteção, sobretudo da infância e juventude."

O que diz a SSP

Em nota oficial, a Secretaria da Segurança Pública informou "que de janeiro a agosto de 2023, os assassinatos recuaram 3,3% no estado, representando a preservação de 112 vidas. Em Salvador, a redução ficou em 11%. Informa ainda que os feminicídios estão com diminuição de 12,9% na Bahia, no mesmo período. Ressalta também que as mortes violentam apresentaram queda de 22,5% na Bahia, entre 2016 e 2022."

Além disso, a SSP enfatizou que "ações policiais este ano alcançaram o dobro de fuzis apreendidos em todo o ano de 2022. Até a primeira semana de setembro, as forças estaduais apreenderam 44 fuzis em operações contra o crime organizado. Por fim, a SSP salienta que os investimentos em concursos, equipamentos, capacitação, tecnologia e novas estruturas têm como objetivo ampliar a redução das mortes e a preservação da vida."

Veja estatísticas completas abaixo

  • Salvador: 133 tiroteios, 111 mortos e 35 feridos
  • Camaçari: 23 tiroteios, 20 mortos e 6 feridos
  • Lauro de Freitas: 7 tiroteios, 8 mortos e 1 ferido
  • Dias D’Avila: 5 tiroteios, 4 mortos e 1 ferido
  • Mata de São João: 4 tiroteios e 9 mortos
  • Simões Filho: 4 tiroteios, 2 mortos e 2 feridos
  • Vera Cruz: 4 tiroteios e 5 mortos
  • Madre de Deus: 2 tiroteios e 1 morto
  • São Francisco do Conde: 2 tiroteios e 2 mortos
  • Candeias: 1 tiroteio e 1 morto
  • São Sebastião do Passé: 1 tiroteio, sem vítimas

Durante o mês de agosto, os bairros mais afetados pela violência armada foram:

  • IAPI (Salvador): 15 tiroteios, 12 mortos e 2 feridos
  • Beiru/Tancredo Neves(Salvador): 7 tiroteios e 4 mortos
  • São Marcos (Salvador): 6 tiroteios, 8 mortos e 2 feridos
  • Federação (Salvador): 4 tiroteios, 1 morto e 1 ferido
  • Nordeste de Amaralina (Salvador): 4 tiroteios e 1 ferido.


O perfil da violência

  • Em agosto, 186 tiroteios foram registrados na Grande Salvador, um aumento de 4% em relação ao número de tiroteios do mês anterior (178).
  • Do total de tiroteios registrados em agosto (186), 64 deles ocorreram durante ações e operações policiais. Em julho, o Instituto Fogo Cruzado registrou 178 tiroteios e apontou que 67 deles ocorreram em ações e operações policiais. De lá pra cá houve uma redução de 4% nesses casos.
  • 208 pessoas foram baleadas: 163 morreram e 45 ficaram feridas. Houve um aumento de 12% em relação ao total de baleados do mês anterior. Em julho, 185 pessoas foram baleadas: 149 pessoas mortas e 36 feridas.
  • Entre os 163 mortos, 143 eram homens, 18 eram mulheres e dois não tiveram o gênero revelado. Entre os 45 feridos, 26 eram homens, nove eram mulheres e 10 não tiveram o gênero revelado . Das vítimas de arma de fogo do mês anterior, 165 eram homens (139 mortos e 26 feridos) e 12 eram mulheres (sete foram mortas e cinco feridas) e oito não tiveram o gênero identificado (três mortos e cinco feridos).
  • Agosto é o mês com o maior número de mulheres baleadas desde que o instituto iniciou suas atividades na Bahia.
  • Uma criança foi morta e outra ficou ferida; quatro adolescentes foram mortos e três feridos. 149 adultos foram mortos e 41 ficaram feridos, dois idosos foram mortos. Não foi possível identificar a faixa etária de 7 pessoas mortas. No mês anterior, uma criança foi morta, quatro adolescentes foram mortos; 137 adultos foram mortos e 30 feridos, um idoso foi morto e dois feridos. Não foi possível identificar a faixa etária de seis pessoas mortas e quatro feridas
  • 89 pessoas negras foram baleadas, duas brancas, e do total de atingidos (208), 117 não tiveram recorte racial identificado. Em julho, 71 pessoas negras foram baleadas, três brancas e 111 pessoas não tiveram recorte racial identificado.
  • Sete pessoas foram baleadas enquanto estavam em bares: três morreram e quatro ficaram feridas; duas pessoas foram mortas durante um evento, uma pessoa foi morta em uma barbearia e 20 pessoas baleadas enquanto estavam em residências: 16 mortas e 4 feridas.
  • Em agosto, um motoboy foi ferido; um mototaxista, um motorista de aplicativo e dois rifeiros foram mortos.
  • 13 ex-detentos foram mortos e um agente de segurança foi ferido.
  • Dois políticos foram mortos.
  • Uma liderança religiosa foi morta.
  • Uma grávida foi morta.
  • Duas pessoas foram feridas por bala perdida. Em julho, foram registradas seis vítimas de bala perdida, onde quatro pessoas foram mortas e duas ficaram feridas.
  • 27 pessoas foram mortas em chacinas. Esse é o maior número de mortos em chacinas já registrado, ultrapassando o mês anterior, onde se registrou 24 pessoas mortas em chacinas.
  • 19 tiroteios ocorreram em meio a disputas: 14 pessoas foram mortas e sete ficaram feridas. No mês anterior, foram registrados 15 tiroteios em meio a disputas: sete pessoas foram mortas e quatro ficaram feridas.
  • Do total de tiroteios de agosto (186), sete ocorreram em meio a perseguições, que resultaram na morte de dez pessoas e deixaram uma pessoa ferida.
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