A Polícia Civil da Bahia informou que o assassinato da líder quilombola Maria Bernadete Pacífico, que aconteceu na quinta-feira (17), será investigado por uma força-tarefa, por determinação da delegada-geral da Polícia Civil, Heloisa Campos de Brito.
De acordo com a corporação, que emitiu nota nesta sexta (18), estão envolvidos os departamentos de Polícia Metropolitana (Depom); de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP); Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc); de Inteligência Policial (DIP) e Coordenação de Conflitos Fundiários (CCF).
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A polícia destacou ainda que as investigações, já reforçadas, utilizarão toda tecnologia disponível, junto com as perícias realizadas pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT). No momento em que foi assassinada, Mãe Bernadete estava com três netos.
A Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) disse que o crime foi cometido por dois homens. Utilizando capacetes, eles entraram no imóvel onde estava a yalorixá e efetuaram disparos com arma de fogo.
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Líder quilombola era ameaçada
Bernadete Pacífico sofria ameaças, que foram comunicadas ao Governo da Bahia, por meio da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia (SJDH), e também ao Supremo Tribunal Federal, em um evento realizado na Bahia à Ministra do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber.
O advogado da família de Bernadete, David Mendez, disse que a SJDH tinha colocado a líder quilombola em um programa de proteção, que era feito pela Polícia Militar, através de uma "ronda simbólica" no local onde ela morava.
"Ela entrou no programa há dois anos. Bernadete recebia ameaças de várias frentes, que foram intensificadas quando madeireiros ilegais passaram a ameaçá-la. Ela sempre deixou claro os riscos que corria e ficou sob o programa a pedido dela mesma", detalhou o advogado.
"A proteção do estado era só uma ronda simbólica. Uma viatura da PM ia lá uma vez por dia, geralmente no final da tarde, falava com ela e ia embora. Que segurança é essa?, questionou David.
Há cerca de um mês, a quilombola também tinha relatado a situação à ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber. O advogado relatou ainda que, dias antes de morrer, Bernadete havia falado que as ameaças feita pelos madeireiros tinham se intensificado. A extração de madeira na comunidade quilombola onde Bernadete morava é ilegal, porque se trata de uma Área de Proteção Ambiental (APA). Por isso, os madeireiros eram denunciados por Bernadete e a ameaçavam.
"Recentemente ela relatou para a gente, em três ocasiões, que pessoas passavam pela casa dela à noite dando tiro para cima, como se fosse uma espécie de recado, de aviso. Fora as comunicações de boca--boca. Então não era novidade para ninguém".
"O pessoal da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do governo do estado sempre esteve ciente do risco que dona Bernadete corria", destacou o advogado.
Redação iBahia
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