Diversos políticos, autoridades, lideranças e entidades religiosas usaram as redes sociais, nesta sexta-feira (18), para lamentar e se posicionar sobre a morte de Maria Bernadete Pacífico. A liderança quilombola baiana e coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq) foi assassinada na noite desta quinta (17), na cidade de Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador.
Segundo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, criminosos invadiram o terreiro onde Bernadete estava. "O racismo religioso mata e produz violências reais", escreveu a ministra. "O ataque contra terreiros e o assassinato de lideranças religiosas de matriz africana não é pontual. O racismo religioso é mais uma faceta da conformação racista que estrutura o país e precisa ser combatido por meio de políticas públicas", diz a nota de Anielle Franco.
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A baiana e ministra da Cultura, Margareth Menezes, lamentou a perda e escreveu: "Meu sentimentos sincero a todos da comunidade. Peço ao governador @jeronimorodriguesba apoio à comunidade nesse momento de dor. A intolerância religiosa e o racismo precisam ser combatidos com rigor."
Recebemos com extrema consternação a notícia que a yalorixá, ex Secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e líder da comunidade quilombola de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, Mãe Bernardete, foi brutalmente assassinada na noite desta quinta (17).
— Ministério da Igualdade Racial 🇧🇷 (@igualracial_gov) August 18, 2023
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Em nota divulgada na noite de quinta-feira (17), a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) exige que o Estado tome medidas imediatas para a proteção das lideranças do Quilombo de Pitanga de Palmares.
"A família Conaq sente profundamente a perda de uma mulher tão sábia e de uma verdadeira liderança. Sua partida prematura é uma perda irreparável não apenas para a comunidade quilombola, mas para todo o movimento de defesa dos direitos humanos", diz o posicionamento.
Em posicionamento publicado no Twitter, o governador Jerônimo Rodrigues disse estar indignado com o crime e detalhou que, assim que tomou conhecimento do caso, determinou a mobilização da corporação e da Polícia Militar para o local, e pediu firmeza nas investigações.
Recebi com pesar e indignação a notícia do falecimento de Mãe Bernadete, uma amiga e grande liderança quilombola da Bahia. Determinei que as Polícias Militar e Civil desloquem-se de imediato ao local e que sejam firmes na investigação. pic.twitter.com/L1sav8co0o
— Jerônimo Rodrigues (@Jeronimoba13) August 18, 2023
Em nota, a Fundação Cultural Palmares também expressou pesar. Segundo o posicionamento, o presidente João Jorge Rodrigues, que é baiano, entrou em contato com o governador e pediu a apuração imediata sobre a "brutalidade ocorrida". Ainda segundo João Jorge, é necessário fazer justiça, pois casos como este atentam contra a dignidade da população negra.
Já Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, também determinou o envio de uma equipe da pasta até o local do assassinato.
Recebo a informação de que Yalorixá Bernadete, defensora de dh e liderança do Quilombo Pitanga dos Palmares, foi assassinada. Determinei o imediato deslocamento das equipes do @mdhcbrasil até Simões Filho, na Bahia.
— Silvio Almeida (@silviolual) August 18, 2023
Expresso minha solidariedade aos familiares e à comunidade.
O Ministério Público Federal emitiu uma nota de pesa e solidariedade. A entidade expressou "pesar e veemente repúdio pelo assassinato brutal da líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, ialorixá Mãe Bernadete, e se solidariza com a dor dos familiares, amigos, da comunidade quilombola e de toda a sociedade baiana. O MP presta seu compromisso de que atuará de forma firme, em parceria com as forças policiais, na apuração, identificação e responsabilização criminal dos autores."
A Prefeitura de Simões Filho também emitiu uma nota sobre o assunto, já que o crime aconteceu na região.
A Secretaria de Justiça e Diretos Humanos da Bahia manifestou, em nota, "condolências consternação pelo brutal assassinato da liderança quilombola Yalorixá Mãe Bernadete, matriarca do Quilombo Comunidade de Pitanga de Palmares, no município de Simões Filho. Em conjunto com as Secretarias de Promoção da Igualdade Racial, de Assistência e Desenvolvimento Social e de Segurança Pública, estamos unindo esforços para garantir toda assistência e solidariedade aos familiares e à comunidade de Mãe Bernadete, nossa companheira na defesa dos direitos humanos."
A Universidade Federal da Bahia (Ufba) destacou que"A crueldade com que Mãe Bernadete, de 72 anos, teve sua vida ceifada, com disparos à queima-roupa, torna o crime ainda mais bárbaro"
A Defensoria Pública da União (DPU) lamentou publicamente o caso. E em nota, informou que "é crucial que sejam tomadas medidas imediatas não só para a investigação e apuração dos responsáveis por este crime como também para a proteção das lideranças do Quilombo de Pitanga de Palmares."
A instituição disse ainda que "Há quase seis anos, no dia 19 de setembro de 2017, o filho de Mãe Bernadete, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, mais conhecido como Binho do Quilombo, também foi executado. Até quando líderes quilombolas e defensores dos Direitos Humanos serão silenciados? Que esta perda irreparável, não apenas para a comunidade quilombola, mas para todo o movimento de defesa dos Direitos Humanos, não se torne mais uma ocorrência de violência, entre tantas, contra povos e comunidades tradicionais."
A DPU pontou que a "partida de Mãe Bernadete deixa uma lacuna imensa na luta pela preservação da cultura afro-brasileira e dos direitos das comunidades quilombolas. Ela foi uma inspiração para todos que a conheceram, dedicando sua vida a combater a discriminação, promover a igualdade e preservar as tradições ancestrais. Seu legado de determinação e resistência continuará a iluminar o caminho para as gerações futuras. Neste momento de luto, a DPU presta solidariedade e sinceras condolências à família, aos amigos e à comunidade quilombola, se coloca à disposição e se compromete a acompanhar o caso por meio de sua Defensora Nacional de Direitos Humanos, da Secretaria-Geral de Articulação Institucional e do Grupo de Trabalho Comunidades Tradicionais."
Redação iBahia
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