No dia 29 de março de 1818 era furtado da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, em Cachoeira, um purificador de ouro lavrado, uma riquíssima e rara peça de ourivesaria. Para quem encontrasse e devolvesse o objeto, a Igreja oferecia uma recompensa de 40 mil réis, algo em torno de R$ 4 mil hoje. De lá pra cá, a história não mudou muito e passados dois séculos desde o furto em Cachoeira, a Bahia assume o terceiro lugar em número de roubos de bens sacros, perdendo apenas para Minas Gerais e o Rio de Janeiro, que lidera no ranking nacional.
O roubo de obras de arte é considerado um dos comércios ilegais mais lucrativos do planeta, ao lado do tráfico de armas e de drogas, com ganhos anuais de até U$ 6 bilhões (R$ 12 bilhões), segundo estimativas da Arca (Association for Research into Crimes Against Art [Associação para Investigação de Crimes contra Arte]).O Brasil é considerado o país com maior número de católicos no mundo. De acordo com pesquisa do Datafolha, divulgada em março de 2010, 61% dos brasileiros se consideram católicos. Com um número tão expressivo de fieis, o comércio de artigos, acessórios e obras de arte sacra se torna uma prática pra lá de lucrativa e que vem atraindo a atenção de grandes colecionadores de arte e antiquários no mundo inteiro. Entre os artigos mais cobiçados nas igrejas do Brasil, estão imagens de Nossa Senhora, Santo Antônio, São Benedito, São José e Menino Jesus, normalmente obras raras e antigas do estilo barroco. Na Bahia, conforme dados do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), além dos santos, há castiçais, crucifixos, telas, atrils e até portas de metal desaparecidas das igrejas do estado.Veja a lista de obras desaparecidas na BahiaNo Brasil, atualmente 148 imagens de santos, a maioria dos séculos 17 e 18, estão desaparecidas. Mas têm ladrões de todo tipo, e muitos levam pia de água benta, sineta e até banco de igreja, há um total de 809 peças dadas como furtadas de igrejas no catálogo do Iphan. Quanto mais rara e antiga for a estátua, mais será visada CPI das Obras de Arte A deputada federal Alice Portugal (PCdoB – BA) vem tentando, desde 2006, instalar na Câmara, uma Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar o roubo, a receptação, o contrabando, o comércio ilegal e o tráfico ilícito de obras de arte, bens culturais e de arte sacra no Brasil. No projeto de resolução nº 287, ela explica o esquema utilizado pelos especialistas no roubo de arte. “As peças são distribuídas a antiquários desonestos que agem como receptadores. No seleto círculo comercial desses objetos, os colecionadores são avisados assim que “as novas peças” chegam ao mercado. O próximo passo é vendê-las para coleções particulares. A partir daí, a sua localização é praticamente impossível, pois quem a compra, em geral, sabe que está levando uma peça roubada e faz de tudo para ocultar a posse do objeto”, resume. Em seu projeto, a deputada destaca que, mesmo nas situações em que os objetos roubados são recuperados, as investigações se encerram com a prisão dos executores dos roubos. Ou seja, os outros responsáveis pelos crimes: receptadores, donos de antiquários e galerias inescrupulosos e os colecionadores que usufruem do crime para ampliar seus acervos continuam escapando sem punição. Se você tiver alguma informação sobre o paradeiro de obras desaparecidas, informe: IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico Rua Visconde de Itaparica, 08, Barroquinha. Tel. (71) 3321-0133 www.iphan.gov.br
Entre as imagens mais procuradas estão as de Nossa Senhora, Santo Antônio, São Benedito, São José e Menino Jesus |
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