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Bahia pesquisa vacina e diagnóstico para leishmaniose visceral

Pesquisas realizadas na Fiocruz são armas contra a zoonose

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09/06/2013 às 18:44 • Atualizada em 28/08/2022 às 16:07 - há XX semanas
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Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/Centro Gonçalo Moniz) na Bahia estão trabalhando para o desenvolvimento de uma vacina contra a leishmaniose visceral, também conhecida como Calazar.
Além da vacina, as pesquisas na sede baiana também estão voltadas e em fase final para a criação de um novo método diagnóstico, que permite maior eficácia para identificação da doença em cães que não apresentam os sintomas da leishmaniose.
Para se ter uma ideia da importância dos trabalhos locais e do impacto para o futuro, basta ressaltar que dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostraram que o Brasil registrou mais de 270 mil casos da doença crônica, que pode se apresentar nas formas tegumentar (que se caracteriza com úlceras na pele) e a visceral (que o doente apresenta inchaço abdominal), de 2002 a 2011.
Estatísticas do Ministério da Saúde apontam que o Nordeste está entre as regiões campeãs de índices elevados de leishmaniose. No caso específico da leishmaniose visceral, em 2011, o Nordeste foi a região que apresentou o maior número de casos: (1.832 ), sendo 539 deles somente no estado do Ceará, seguido pela região Norte (834) e pela região Sudeste (592). O levantamento mostra ainda que a leishmaniose visceral foi responsável por 2.704 mortes em todo o país, e os estados brasileiros com o maior índice de óbitos foram: Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, São Paulo, Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Com sintomas semelhantes a outros problemas de saúde, como diarreia, febre e fraqueza, se não for tratada rapidamente, a leishmaniose visceral pode levar ao óbito em 90% dos casos.
Na Região Metropolitana, Salvador e as localidades do Litoral Norte que margeiam a Linha Verde são consideradas áreas endêmicas, ou seja, com infecções constantes e ampliadas, sobre tudo pelo desmatamento de áreas de mata e pela capacidade adaptativa do inseto transmissor da doença, que agora também passa a adquirir hábitos urbanos, especialmente nas áreas com acúmulo de lixo, restos de alimentos, criação de galinhas e porcos.
Linhas de combate
Iniciada em 1998, a pesquisa baiana para desenvolvimento de uma vacina verdadeiramente eficiente vai caminhando a passos largos, mesmo com as complexidades que a produção de agentes imunizadores contra protozoários, como é o caso da leishmaniose, apresenta. “Vacinas contra vírus ou bactérias são mais fáceis de serem conseguidas, no entanto, uma imunização contra protozoários enfrenta algumas dificuldades características”, explica o coordenador da pesquisa, Geraldo Oliveira.
Depois de descobrir uma sequência de DNA capaz de induzir uma resposta imunológica no interior da célula (imunidade celular), o próximo passo dos pesquisadores é testar o componente em camundongos e cães.
De acordo com Oliveira, ainda não é possível precisar quando o produto estará no mercado, mas o desenvolvimento científico e tecnológico das pesquisas acena com boas perspectivas. “Também procuramos identificar o conjunto de proteínas que apresentam eficácia maior na imunização”, completa.
Responsável pelo desenvolvimento do teste diagnóstico, a pesquisadora Patrícia Veras ressalta que os testes realizados no estado possibilitarão usar o Ensaio Imunoenzimático (Teste Elisa) com ampliações que possibilitarão identificar a doença mesmo em cães que estejam assintomáticos. Ela explica que não existem evidências de que o cão possa transmitir a doença para o homem, é sabido que o cão infectado se torna um reservatório do parasita. Daí a necessidade do controle no cão.
NÃO É UM MOSQUITOVetor transmissor da leishmaniose é identificado como inseto
Embora o flebótomo(agente transmissor da leishmaniose) tenha asas e pareça com um mosquito, a biologia não o considera como tal. Verdadeiro responsável pela doença, ele infecta tanto o homem como o cão e raposas.
INDEPENDÊNCIA BRASILEIRATecnologia baiana no diagnóstico barateará custos
A expectativa dos pesquisadores baianos é que, dentro de mais dois anos, o teste diagnóstico desenvolvido na Bahia possa estar no mercado.Uma vez que o teste seja comercializado, a tecnologia barateará a identificação da doença e dará uma independência maior ao país. “O exame diagnóstico desenvolvido na Bahia, além de ter como base uma tecnologia local, permite que o diagnóstico possa verificar a contaminação nos animais que estão assintomáticos”, completa a médica e pesquisadora Patrícia Veras, enfatizando a facilidade do teste.
CÃES SÃO CONSIDERADOS RESERVATÓRIOSApesar das polêmicas, cães infectados são mortos
Não existem comprovações científicas que a leishmaniose possa ser transmitida do cão para o homem. No animal, a doença é mortal, tem o curso lento e de difícil diagnóstico, pois um cão pode estar infectado e não mostrar nenhum sintoma exterior, como as lesões graves na pele, acompanhadas de descamações, feridas, falta de apetite, perda de peso, lesões nos olhos, parecidas com queimaduras, atrofia muscular e o crescimento exagerado das unhas. Nos casos avançados, detecta-se problemas nos rins, no fígado e no baço. Não há terapia. Matéria original: Correio 24 Horas Bahia pesquisa vacina e diagnóstico para leishmaniose visceral

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