O presidente Jair Bolsonaro disse que o óleo que atinge praias do Nordeste pode ter vazado de um navio que naufragou no passado. — Existe a possibilidade de que tenha sido um navio afundado no passado porque tem muito petroleiro com bandeira pirata na área — afirmou Bolsonaro, em entrevista ao chegar ao estádio do Pacaembu para assistir ao jogo entre Palmeiras e Botafogo, pelo Campeonato Brasileiro.
De acordo com o presidente, navios usam bandeiras piratas para transportar petróleo oriundo da Venezuela e escapar do embargos impostos ao país sul-americano. — Se isso estiver acontecendo, é triste porque mais óleo pode aparecer nas praias — acrescentou o presidente.
Segundo Bolsonaro, 140 navios petroleiros passaram pela região desde setembro. Na quinta-feira, Bolsonaro havia afirmado ter "quase certeza" que o vazamento foi criminoso. Disse também "ter no radar um país" que pode ser responsável pelo óleo.
Uma hipótese semelhante sobre a origem do óleo foi levantada nesta semana por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), que acreditam que um navio afundado décadas atrás pode estar sofrendo novo vazamento. Essa possibilidade está está sendo investigada pelo químico oceanógrafo Rivelino Cavalcante, que coletou amostras a serem enviadas para o Instituto de Oceanografia de Woods Hole (WHOI), nos EUA, que vai analisar a composição do material.
Um evento relativamente recente que acendeu a curiosidade dos cientistas foi o encontro de grandes pedaços de borracha em praias do Nordeste desde o fim do ano passado. O material foi identificado como sendo “fardos” de látex, forma típica que a indústria da borracha usa para transportá-los.
Carlos Teixeira, oceanógrafo da UFC, buscou registros de naufrágios no Atlântico e encontrou a localização de um navio alemão afundado em 1944, a 1.000 km do Recife, que estava transportando essa carga. Um dos fardos achados na Bahia indicava “Indochina Francesa” (atuais Camboja, Laos e Vietnã) como a origem do produto.
— Como a Indochina Francesa deixou de existir em 1953, creio que respondemos à pergunta sobre de onde veio essa borracha — diz Teixeira: — Esse navio alemão navegava "disfarçado" com o nome de SS Rio Grande, uma coisa comum durante a Segunda Guerra. A localização dele, bastante profunda, já é conhecida com precisão.
Mais cedo neste sábado, Bolsonaro rebateu no Twitter as críticas de que o governo demorou a reagir ao vazamento de óleo que já chegou a mais de 150 praias do Nordeste. Segundo o presidente, desde 2 de setembro o governo estaria atrás dos responsáveis pelo derramamento de petróleo na região.
No mesmo post, Bolsonaro ironizou a atuação das Organizações das Nações Unidas ( ONU ) e de ONGs ligadas ao meio ambiente. "Estranhamos o silêncio da ONU e ONGs, sempre tão vigilantes com o meio ambiente", escreveu o presidente.
Mais de 150 praias atingidas
Segundo o último balanço divulgado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), nesta sexta-feira, 156 localidades já foram atingidas pelas machas de óleo.
Também nesta sexta, o óleo chegou a Salvador, na Bahia, e atingiu mais oito cidades do estado. Além da capital baiana, os municípios de Lauro de Freitas, Camaçari, Mata de São João, Entre Rios, Esplanada, Conde e Jandaíra também foram afetados.
O cenário paradisíaco da Praia do Forte, localizada no município de Mata do São João (BA) e conhecida pelos seus recifes e água cristalina, deu lugar a grossas camadas de óleo cru. Voluntários dizem ter recolhido duas toneladas do material da região, conhecida por seus recifes e tartarugas.
As manchas atingiram ainda uma área de conservação da natureza: a Reserva Extrativista (Resex) Cururupu, no Maranhão, a 157 km de São Luís. Na quinta, a Marinha decidiu que vai notificar 30 embarcações de 10 países para prestarem esclarecimentos no inquérito que apura a origem do material.
Veja também:
Leia também:
Redação iBahia
Redação iBahia
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!