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Candomblecistas denunciam intolerância religiosa e agressões

Caso aconteceu na cidade de Eunápolis; grupo com cera de 20 evangélicos fez uma pregação em frente ao terreiro Logun Edé

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Redação iBahia

14/02/2022 às 21:28 • Atualizada em 27/08/2022 às 11:08 - há XX semanas
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No último domingo (13), o terreiro de Candomblé Logun Edé, que existe há mais de 40 anos em Eunápolis, sul da Bahia, sofreu intolerância religiosa. Candomblecistas denunciaram o caso. As informações são da TV Santa Cruz e g1 Bahia.

De acordo com os membros do terreiro, um grupo com cera de 20 evangélicos fez uma pregação em frente ao templo. Na ação, foi utilizado um carro de som. Houve uma confusão e três pessoas que frequentam o terreiro foram agredidas fisicamente.

Os candomblecistas prestaram queixa por intolerância religiosa e agressão na delegacia de Eunápolis, que investiga o caso. Nesta segunda-feira (14), eles passaram por exame de corpo de delito.

Em vídeos que circulas nas redes sociais, é possível ver o grupo em frente ao terreiro enquanto faziam pregações. Segundo a mãe de santo Luziene Almeida, o grupo evangélico, que integra a Igreja Assembleia de Deus, estacionou o veículo na esquina do terreiro e iniciou uma pregação cristão em frente ao local.

Foto: Reprodução/TV Santa Cruz

Luziene afirma que eles realizam ações semelhantes nas ruas de Eunápolis, mas nunca tinham feito em frente ao terreiro. Durante a pregação, alguns evangélicos foram em direção ao assentamento de Exu, um local de culto ao orixá que fica em frente à casa, e logo em seguida, houve uma briga entre os dois grupos.

"Minha neta foi pedir para eles se retirarem e eles a agrediram, deram uma 'gravata' no pescoço", afirma Luziene.

Ao g1 Bahia, a neta de Luziente, Maria Carolina Souza, relembrou o momento da agressão.

"Fui lá pedir para que eles parassem, até por causa da idade da minha avó, já estava uma situação chata. No momento que eu fui [em direção ao grupo] o pastor colocou a bíblia em cima do carro e partiu para cima de mim, me dando uma gravata e outro rapaz veio puxar meu cabelo. Então minha avó e minha tia entraram [na confusão] pra me defender", conta.

Ainda conforme a denúncia dos membros do terreiro, durante a briga, outros integrantes do Logun Edé foram agredidos, mas nenhum teve ferimentos graves.

"Eu vi cinco a seis homens em cima de uma mulher só, puxando o cabelo e deu uma 'gravata'. Não sei nem qual foi deles que me agrediu. O mais agravante foi a intolerância religiosa", conta Wellington Pereira, genro de mãe Luziene.

Após a confusão, o grupo evangélico deixou o local. Mas, segundo Luzanira Silva, filha da mãe de santo, eles só saíram da região depois que a família acionou a Polícia Militar.

"Candomblé e preto são muito perseguidos, quero ver até onde vai isso", desabafa Luziene.

Foto: Reprodução/TV Santa Cruz

Mesmo após a denúncia e a confusão, a mãe de santo disse que uma carta foi deixada na porta do terreiro na manhã desta segunda-feira (14). Segundo ela, o papel foi escrito a mão e continha passagens bíblicas.

Os integrantes do terreiro não sabem se a carta foi deixada pelo mesmo grupo responsável pelo ato no domingo. Luziene Almeida revela que episódios de intolerância religiosa são frequentes na cidade.

"Já jogaram sal ao redor da casa, já pediram para crianças passarem pelo terreiro me repreendendo, me chamando de satanás", relembra.

A equipe de reportagem da TV Santa Cruz, filiada da TV Bahia no sul do estado, foi à igreja Assembleia de Deus em busca de explicações sobre o caso, mas não foi recebida por nenhum integrante da igreja.

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