Altiva e animada, Alice Almeida, 22 anos, foi a primeira a entrar na passarela, ontem, no ensaio para a grande final do concurso de beleza. O manequim dela, porém, não é 36 ou 38. Para tentar o título de A Mais Bela Gordinha da Bahia, seu manequim e o das 12 concorrentes tinha de estar entre 45 e 60. “Estar aqui é uma questão de afirmação, de se valorizar e fazer as pessoas te valorizarem. É uma oportunidade de quebrar muitos tabus”, diz a moça, quer vencer também o preconceito. “Sempre acontece. As pessoas olham torto, fazem piadas, comparações infelizes”, conta.
Mas, segundo a operadora de telemarketing, empoderamento é o principal motivo de participação no concurso, que ocorre hoje, a partir das 19h, no Hotel Sol Bahia, em Patamares. O desafio é ver quem representará a Bahia na etapa nacional, no próximo dia 20.Segundo a idealizadora do evento, o objetivo é empoderar as mulheres gordas. “Desde pequena, as pessoas falavam pra mim que ser gorda era coisa ruim. Apesar de não ter traumas, essa foi minha motivação. Tenho vários testemunhos que o concurso ajuda muito. Elas começam a ter mais atitude, se valorizar e se cuidar mais”, revela Cláudia Ferreira, à frente das quatro edições nacionais do evento. Na Bahia, só ocorreu no ano passado, e teve como vencedora a modelo plus size Rebecca Pontual, 33. “Eu era magra e participava de vários concursos, trabalhava em eventos. Depois de alguns anos me percebi gorda, mas pensei ‘por que, não?’ Eu era linda magra, agora sou linda gorda. Enfrentei o preconceito e me joguei”, conta Rebecca, que passa a faixa hoje.A tentativa de dar voz às pessoas gordas e a luta contra a gordofobia é o que move a administradora Adriana Santos, 31, coordenadora estadual do concurso. Ela faz parte do movimento Vai Ter Gorda, que em janeiro convocou gordinhas para desfilarem de biquíni na praia da Barra. “A sociedade sempre coloca a mulher magra como referência. Quando uma mulher gorda se depara com essa situação, gera muitos problemas. O movimento surge para abraçar a realidade dessa mulher. Não só na moda, mas nas políticas públicas, na saúde”, explica Adriana, que é modelo desde os 18 anos e foi eleita a primeira Miss Plus Size Bahia.Quem aprova as iniciativas é a artista plástica Eliana Kertész, conhecida por ter uma obra que valoriza as mulheres gordas, principalmente pelo monumento As Meninas do Brasil, as famosas Gordinhas de Ondina. “Esse movimento é muito interessante, porque estamos nos livrando das imposições. A lei é ser magra, (mas) quem falou, quem disse isso? A lei é ser feliz”, afirmou a madrinha da etapa baiana.Outra ação para empoderar meninas gordas foi pensada pela estudante de Jornalismo Naiana Ribeiro, 22. Ela lança no próximo dia 10 a Plus, revista mensal voltada para adolescentes plus size. “A PLUS quer representar e comunicar para empoderar. Mais do que uma revista é um movimento de inclusão e empoderamento feminino”, explica. Para conferir, acesse facebook.com/arevistaplus.
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Redação iBahia
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