O conselheiro de cultura do estado da Bahia, Araken Vaz Galvão, se posicionou, em texto enviado ao iBahia nesta segunda-feira (7), sobre a acusação de homofobia realizada pelo professor Leandro Colling. Leandro transcreveu no blog Cultura e Sexualidade trechos de e-mails e de livro de Araken, em que considera os posicionamentos do conselheiro como homofóbicos. Em trecho do texto de resposta, Araken declarou que não irá alimentar polêmicas e escreveu: "Ele [Leandro Colling] – espero – que continue crendo no que crer ou no que diz crer, eu continuarei com minhas crenças por não ver motivos para mudá-las. Ademais, não estou interessado em discutir o caráter do homossexualismo e dos homossexuais, não os discrimino, como sempre fiz. Continuo, porém, pensando que – pelo menos em alguns casos – o homossexualismo pode ser muito bem fruto de algum distúrbio. Se não for, tudo bem. Sendo ou não, não vejo motivos para polemizar, em particular com destemperados ou não, tampouco, em ficar alimentando estéreis bate-bocas com energúmenos imoderados. Mas, apesar das agressões, continuo contra a quaisquer tipos de discriminação." Confira abaixo o texto na íntegra: "Ecos da Intolerância Em um livro, dos 28 que escrevi, intitulado “Quase ensaios I”, havia um dos trabalhos, “Meu Contato com a Bíblia” (09 páginas, Word, fonte 12, 23,396 caracteres), em que me considerando ateu, falava um pouco sobre a beleza literária daquele livro, em particular daquilo em que o via relacionado com o chamado realismo mágico. Tratava o tema com cuidado (e respeito), não só por princípio, como também por saber que aquela obra é considerada sagrada por muitas pessoas, alguma com uma visão bastante fanática, e eu, de fanático quero distância. A introdução deste “quase ensaio”, possui a seguinte redação: “Se há algo que respeito é a religião alheia. Melhor, o direito de cada cidadão de crer ou não crer, sem indagar sobre o caráter da questão. Já escrevi, inclusive, um artigo sobre a necessidade do sagrado, desejo manifesto por homens de todas as épocas. Senão de todos, mas a maioria sente essa necessidade. Aliás, depois de velho, e depois também de ter gasto minha juventude, tentando mudar o mundo, mudei. Não desejo mais mudar nada. Que cada um escolha o mundo em que deseja viver sem interferir na escolha alheia, e sem desejar arrastar ninguém consigo para esse mundo. Por isso, mesmo achando que os palestinos têm direito a um Estado Nacional, uma pátria e que, ademais, eles até mesmo por terem lutado (e continuar lutando) com denodo e sangue por esse direito, já deveriam tê-lo alcançado, nada falo. E o meu silêncio não se deve apenas ao poder imenso do lobby judaico, nem ao braço implacável da Gestapo deles, o famigerado Mossad, simplesmente me cansei de bradar para ouvidos moucos. O mesmo sucede em relação ao lobby gay – um dos mais fortes do mundo atual – que acaba por provar, por a mais b, que o cidadão é homófobo por qualquer razão que não coincida com a posição deles. Querem lhe impor que a condição homossexual é uma opção individual – condição básica de toda democracia – e não uma imperfeição genética, relacionada com alguns genes mal formados. De nada adianta a pessoa argumentar que, sendo um problema genético, ninguém deve ser discriminado por tê-lo, da mesma forma que não se devem discriminar os portadores da síndrome de Down ou os daltônicos, por exemplo. Mas eles não aceitam a fatalidade genética, fincam pé na opção erótica”. Antes de continuar, devo realçar alguns pontos: a) Nenhum judeu ortodoxo aceita a existência de um lobby judeu. No entanto, a imprensa está repleta de alusão a ele. b) Pouco depois do meu texto, o Papa Francisco, em visita ao Brasil (Carta Capital 7 de agosto de 2013, pág. 18), algo falou sobre o homossexualismo, ao dizer: “É preciso distinguir entre o fato de que uma pessoa é gay e o fato de que se organiza um lobby a favor. Lobby nunca é bom”. O Papa fala em lobby embora deva saber que nenhum membro de lobby admita pertencer a algum lobby. O que não é de causar admiração, afinal, os covardes e defensores de causas dúbias, amiúde, costumam se esconder no anonimato. c) Devo realçar por último, o fragmento que se segue: “O mesmo sucede em relação ao lobby gay – um dos mais fortes do mundo atual – que acaba por provar, por a mais b, que o cidadão é homófobo por qualquer razão que não coincida com a posição deles”. Isto está sucedendo em relação com o “Meu Contato com a Bíblia”. Mais especificamente com o fragmento citado acima. Como antecedente, o meu livro “Quase ensaios I” tinha participado de um edital da Secult/Fundação Pedro Calmon e, tendo sido selecionado para ser publicado “com verba do Estado” de incentivo a cultura, cujo lema (ou pelo menos um deles) é defender a diversidade cultural, entre as quais está, ou deveria estar, a diversidade ou pluralidade de opiniões. O meu livro, junto com outros cinco, foi submetido a uma comissão de três ilustres membros, tendo sido escolhido, ao que me consta, por unanimidade. Dias depois, também ao que me consta (assim dito por que tudo foi feito a boca pequena ou a calada da noite), houve uma denúncia anônima, a qual dizia que o meu livro continha a doença da homofobia. Mais além de que não cabe ao Estado censurar o pensamento alheio e sim a assegurar a diversidade de opiniões – da mesma forma que diz assegurar a diversidade de prática sexual –, o Estado, através de Secult/FPC, convocou novamente a comissão julgadora e esta, surpreendentemente, mudou de opinião, passando a considerar – pelo texto citado acima –, meu livro homofóbico e, portanto, devendo ser censurado. Como não aceito, não só por princípio, mas também e até mesmo por preceitos constitucionais, que caiba ao Estado o direito de censurar obras, solicitei que o Conselho Estadual de Cultura, CEC, se pronunciasse sobre o assunto. Entendendo por assunto o direito do Estado em exercer censura e não assegurar real e plenamente a tão propalada diversidade em todos os campos de opinião e de proceder, como não se cansa de afirmar o secretário Albino Rubim. Afinal, a defesa da diversidade abrange também (e principalmente, penso) o direito e até a necessidade de se pensar diferente. O que é censurável (e também contra a lei) é se pregar ódios contra a forma diferente de se pensar e de se proceder. Ao que eu saiba, não existe no Brasil nem em nenhum Estado de direito democrático alguma lei que tenha o poder de exercer este papel. Isso só ocorria nos Estados totalitários, como o Brasil o foi um dia (e contra tal situação lutei, estive preso e exilado) e em sistemas como o fascismo e o nazismo. Assim procedi, não para que o CEC se pronunciasse se minha obra era ou não homofóbica, pois, não reconheço ao Conselho nem a nenhum outro órgão legal, o direito de exercer tal prerrogativa. O que a lei condena é a disseminação de ódio contra quaisquer pessoas – inclusive contra aqueles que não pensam segundo um padrão estabelecido por quaisquer indivíduos, gay ou não. Não posso (nem devo) disseminar ódio por motivo de raça, religião, prática sexual, etc., mas não posso ser acusado de homofóbico por não pensar segundo o padrão estabelecido por quem se julga dono da verdade. A este meu (agora vejo) ingênuo apelo, fui surpreendido com algumas declarações de que “sim, meu texto era homofóbico” por alguns conselheiros, dos demais membros, a bem da verdade, confesso, senti apenas um silêncio constrangedor. Das manifestações dos conselheiros, duas deveras me deixou estarrecido. A do professor Nelson Gonçalves, dito Maka, que, depois de fazer sua declaração favorável a censura (do meu livro), acrescentou, possivelmente à guisa de provar meu caráter reacionário (ou homofóbico) que quanto de sua chegada ao CEC, eu teria lhe perguntado o que era hip-hop – o que realmente perguntei –, mas que ele deduziu, que eu o considerava indigno de pertencer aquele egrégio Conselho. Até hoje me pergunto onde ele teria encontrado, em minha ignorância sobre o hip-hop, a declaração, implícita ou explícita, de que ele não deveria pertencer ao Conselho... A segunda surpresa, veio de parte do presidente Márcio Caíres, dito Grió. Para meu assombro, Márcio desprezou o equilíbrio indispensável a um presidente de um colegiado e foi logo tomando partido a favor da censura (do meu livro) e a se arvorar no direito de determinar que o meu texto era mesmo homofóbico. Ao Presidente respondi, para realçar a necessidade de se ser coerente no que toca defesa de diversidade (também de opiniões), citando uma frase atribuída a Voltaire: “Eu não concordo com uma palavra do que você diz, mas defenderei até a morte o direito de dizê-las”. Mas, estou adiantando-me aos fatos. Até hoje me pergunto onde Marcio, em sua autoridade de presidente do CEC, em vez de externar sua opinião pessoal, teria encontrado fundamento para decidir se um texto, de forma implícita ou explícita, seria ou não homofóbico... Todo este reboliço deu-se devido a que um indivíduo, também membro do CEC, ter partido para cima de mim com a fobia de uma matilha de pit bull hidrofóbica, ofendendo-me e agredindo-me de forma insana. No momento, confesso, procurei manter o diálogo, porém, a minha indignação levou-me (supremo equívoco) a responder-lhe na mesma linguagem dele. Vendo, porém, mais tarde e com mais calma que, o seu único interesse era tão-somente agredir e manter o debate no nível daquilo que o vulgo chama de discussão de lavadeira (sem que, com isso – com esta frase popular –, desejar discriminar as lavadeiras), decidi não mais responder a suas agressões. Sua linguagem (e suas atitudes intolerantes) é a mesma de um fascista. Anteontem, dia 2/10/13, ao sair do Hospital Português, onde realizei uma série de exames, ao descer a Princesa Isabel, fui surpreendido por uma ligação do assessor de imprensa do Conselho, Eder Luís Santana, que me falava de uma matéria publicada no portal iBahia, assinada por esse indivíduo, dizendo-me que o pessoal do portal pedia uma resposta ou entrevista. Somente no outro dia, ao chegar a minha casa em Valença, pude ver aquilo que o portal publicara. Era uma recopilação de todas as agressões que este indivíduo já me tinha feito por meio dos e-mails do CEC. Não tinha grandes novidades. Prometi ao Eder Luís algo com que ele pudesse encaminhar ao portal iBahia, faço-o, pois, agora, esclarecendo que não vou alimentar polêmicas com um indivíduo destemperado como aquele. Ele – espero – que continue crendo no que crer ou no que diz crer, eu continuarei com minhas crenças por não ver motivos para mudá-las. Ademais, não estou interessado em discutir o caráter do homossexualismo e dos homossexuais, não os discrimino, como sempre fiz. Continuo, porém, pensando que – pelo menos em alguns casos – o homossexualismo pode ser muito bem fruto de algum distúrbio. Se não for, tudo bem. Sendo ou não, não vejo motivos para polemizar, em particular com destemperados ou não, tampouco, em ficar alimentando estéreis bate-bocas com energúmenos imoderados. Mas, apesar das agressões, continuo contra a quaisquer tipos de discriminação. Tenho um passado de lutas, prisões e exílio contra a ditadura, ou seja, tenho uma biografia a zelar, não vou descer ao nível de uma pessoa, cuja forma como torce as palavras alheias, dando o sentido que interessa às suas insanas opiniões e procedimentos, são, para mim, carentes de honestidade. Para mim este assunto está encerrado. Por que diabos irei dar ouvidos aos Ecos da Intolerância? Valença, BA, 4 de outubro de 2013 Araken Passos Vaz Galvão Sampaio"
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