Nesta segunda-feira, dia 25 de julho, o Brasil está comemorando o Dia Nacional do Escritor e para saber como anda o mercado literário no Estado, o Portal iBahia entrevistou, hoje, à tarde, o escritor Roberto Leal, autor de "Cárcere de Poemas", que também vem atuando como editor da revista Òmnira, vice coordenador da UBE - União Brasileira de Escritores / BA e presidente da Fundação Ómnira. Na entrevista, Leal fala sobre as dificuldades encontradas pelos autores baianos, dá dicas aos jovens escritores, sugere lei estadual que pressione as grandes livrarias a comercializarem obras de escritores locais, e destaca o possível fechamento da LDM, uma das poucas livrarias que prestigiam os novos talentos. O entrevistado revela ainda que está aguardando a chegada da Livraria do Escritor Baiano, um projeto da dramaturga Aninha Franco. Confira!iBahia - Na sua opinião, como anda o mercado editorial baiano? O mercado editorial segue o caminho que lhe é oferecido pelo sistema, evoluindo através dos editais públicos, dos muitos prêmios literários e da escassez de recursos para tantas promessas de letras, principalmente, na Bahia onde cresce muito a produção literária sem publicação. iBahia - Com a chegada em Salvador das grandes livrarias como a Cultura e a Saraiva, de que maneira o escritor baiano pode ser mais prestigiado?Algumas livrarias ou todas no nosso Estado, deveriam ter um espaço direcionado para obras de escritores baianos, mesmo que em consignação e com uma margem de lucro que não ofendesse muito a demanda do escritor baiano, isso deveria ser lei estadual...iBahia - Qual o maior obstáculo para o jovem escritor baiano?Conseguir publicar... Hoje, os escritores emergentes na Bahia, só têm três opções para exercer a publicação dos seus originais: a primeira é a participação nos editais do Estado (FPC/Secretaria de Cultura), segunda a participação em prêmios que oferecem a publicação como estímulo, e a terceira em uma publicação independente, fazendo investimento particular, tirando dinheiro do próprio bolso para custear a sua publicação. Do contrário jamais tirará seus originais da gaveta. iBahia - Com o advento dos editais de Cultura do Governo do Estado houve uma maior dinamização no acesso ao financiamento de bens culturais, ou estou errada? Como você enxerga a política dos editais?A politica dos editais em si é muito burocrática o que dificulta a participação de uma camada maior de novos talentos, mas não deixa de ser uma porta aberta que precisa somente ser mais apurada, buscando dar facilidade de participação, chance maior de publicação.
Roberto Leal organizou a coletânea "Poemas e Contos Para Todos os Cantos" de vários autores
iBahia - Quais os melhores programas para o jovem escritor baiano inscrever seus originais? E quem segue uma linha independente, qual o melhor caminho para publicar e distribuir sua obra? Começando de trás para frente...Distribuição não existe para o escritor novo, o que existe na realidade é uma vendagem boca a boca e uma procura por não deixar os livros empacotados. O autor para distribuir sua obra, primeiro ele precisa trabalhar uma divulgação desse seu trabalho, desse seu nome... Não vai adiantar o escritor lançar um livro, sem que isso seja divulgado, sem que esse escritor não tenha trabalhado o seu nome, do contrário estará condenado a vender livro para os amigos parentes, colegas da faculdade e vizinhos... Programas oferecidos pela Secretaria de Cultura, através da Fundação Pedro Calmon, do próprio Fundo de Cultura, Prêmios como o Braskem, como o da Academia de Letras da Bahia, o Petrobras e outros mais, dão uma oportunidade mínima e escassa a produção literária da Bahia. Para quem tem recursos ou um patrocinador, o melhor é construir a sua publicação de forma independente, para isso procurando incorporar a ela um Selo Editorial, para que seja bem recebido quando for apresentar esse trabalho em qualquer livraria ou banca de vendagem. Ou, do contrário, poderá participar das coletâneas e antologias cooperativadas, que em Salvador são trabalhadas por diversas entidades e, só para lembrar, cito duas em evidência: o CEPA e o Selo Editorial Òmnira.iBahia- Poderia citar as editoras e livrarias baianas que abrem portas para novos talentos? Essa é a maior dificuldade, quando se fala em abrir portas, se fala em investir dinheiro e ninguém quer investir em escritor emergente, em algo sem retorno certo para o investidor na visão dele. Como em livrarias só vendem livro, algumas - disse algumas -, dedica um espaço para o autor da terra vender os seus livros, uma delas é a LDM (que está com o prazo para fechar as portas em 60 dias), a Cultura e a Saraiva e esperamos pela Livraria do Escritor Baiano que é projeto da dramaturga Aninha Franco e que será instalada no Teatro XVIII.