icone de busca
iBahia Portal de notícias
BAHIA

Entrevista Isidório: ‘Vamos propor o modelo de educação militar'

Policial militar, pastor evangélico, deputado estadual pelo PDT e “doido por Salvador”

foto autor

Redação iBahia

16/09/2016 às 14:27 • Atualizada em 01/09/2022 às 11:15 - há XX semanas
Google News iBahia no Google News
Policial militar, pastor evangélico, deputado estadual pelo PDT e “doido por Salvador”, como se apresenta agora o Pastor Isidório na campanha para a Prefeitura de Salvador. No caminho entre a portaria da Rede Bahia e a redação do CORREIO, onde falou com a reportagem no último dia 8, após um dia inteiro de campanha, Isidório se mostra disposto. Puxa conversa. Para o candidato, a disputa já é vitoriosa. “Dentro do que eu pensei, sem dinheiro, sem nada, vendo o povo dizer ‘de doido, não tem nada’, eu estou bem satisfeito”, ri.

				
					Entrevista Isidório: ‘Vamos propor o modelo de educação militar'
Para o candidato, a disputa já é vitoriosa (Foto: Marina Silva/CORREIO)
Isidório reconhece que utiliza a imagem folclórica, do político que está sempre com a Bíblia e um botijão de gás, de isopor, nas mãos para se promover. Diz que faz o mesmo com as declarações polêmicas em relação aos gays e que já fizeram ser taxado de intolerante. “Não estaria eleito deputado de outro jeito”, reconhece. Diz que não sabe o que seria dos dependentes químicos da Bahia se não fosse a Fundação Doutor Jesus, criada por ele para atender dependentes químicos. Agora, quando precisa conquistar um eleitorado maior e mais eclético, promete governar para todos, com foco na melhoria dos serviços públicos na área de educação, saúde e segurança. O senhor tem história política no município de Candeias, onde vive até hoje. Por que, então, ser prefeito de Salvador? Candeias chega em minha vida por causa da polícia. Pra fazer bico, na prefeitura de lá e na Refinaria Landulpho Alves. Agora, o governador [Rui Costa] não é besta, sabe de minha história e que eu tenho votos, quando viu que eu tive 60 mil votos em Salvador, sem santinho, sem diabinho, sem parede riscada, sem televisão, rádio, comitê, cabo eleitoral, soldado eleitoral, nada, só dançando ‘agora é a vez do doido’, ganhei a eleição... Eu estou agora aguardando a providência de Deus e da Justiça. Ele é o justo juiz. O senhor precisa de um milagre divino para vencer a eleição? No início, eu estava achando que sim, mas com o que eu estou vendo na rua aí... As pessoas saem do culto, da missa, do espiritismo e procuram o carro, descobrem que foi levado. Quando vão procurar, a notícia é que está na Transalvador, no pátio da prefeitura. Quantos estão tendo que vender os carros por não ter como pagar a escorcha de multas? Ordem no trânsito é ruim? É muito importante, é claro. O código nacional de trânsito foi feito para educar. Tem que buscar o meio-termo. Se o senhor for eleito, qual será o seu primeiro ato? Vou convocar homens e mulheres capazes de todos os cantos para montar o novo auditório da transparência, para promover a corrupção zero. Todo e qualquer contrato, convênio, licitação vai passar por este comitê, com integrantes do Ministério Público, Polícia Federal, tribunais de contas, imprensa e outras autoridades. Em relação aos serviços de responsabilidade da prefeitura, o que o senhor vai priorizar? Educação, que é a base de tudo. Precisamos das creches ampliadas de verdade. Precisamos de ensino integral, combater a violência nas escolas... Hoje tem professora tomando tapa, apanhando... Vamos levar o modelo de educação militar para tudo quanto é canto. Nos colégios onde as famílias e os educadores que estão lá concordarem, vamos levar esse modelo. Em que sentido pretende levar o modelo militar? Não é militarizar, é fazer uma forma de que traficantes não fiquem lá promiscuindo as nossas crianças, dando o primeiro queimadinho, aliciando. É botar segurança. Colocar guarda municipal capacitada, com a ajuda da polícia militar. Queremos ampliar a oferta de educação. Quanto do orçamento o senhor pretende direcionar para isso e de onde vão sair os recursos? A primeira coisa que precisa ser entendido é que eu não sou expert em administração de prefeitura, de nada, porque ainda não administrei. Agora, eu sei perguntar para me aproximar das coisas. Não vou chegar lá dizendo faça isso, faça aquilo. Agora, se acabar com a corrupção... Foi esta desgraça que destruiu a nossa nação. E Salvador não está fora disso. Outra coisa, estou propondo que os vereadores recebam emendas impositivas, para a construção de creches e postos de saúde. Isso é importante demais em uma capital como Salvador, que é a que menos investe em saúde...

				
					Entrevista Isidório: ‘Vamos propor o modelo de educação militar'

(Foto: Marina Silva/CORREIO)

Quanto a cidade investe em saúde? Eu não tenho esses números em mão. E como o senhor diz que é a que menos investe? Isso é estatística, o Ministério da Saúde informa isso para a gente. Isso tá na imprensa toda, é a cidade que menos investe. É verdadeiro. Se quiser, eu lhe mando depois. O senhor mencionou anteriormente a questão das drogas. Como pretende conduzir essa questão na Prefeitura?As drogas precisam ser vistas como disse o líder mundial da Igreja Internacional da Graça, R.R. Soares. Ele disse em alto e bom som que não adianta matar o traficante ou o drogado. As autoridades precisam entender que hoje a polícia pede autorização para entrar na boca. Então, o presidente, o governador e eu, sendo prefeito, teremos que entender que não é pistola, fuzil ou metralhadora que vão resolver. Quando se mata um traficante, já tem dez querendo a boca dele. Se matar dez, aparecem mais cem. É preciso ter diálogo. Como prefeito, o que o senhor vai fazer além de dialogar? Salvador tem terras? Onde é que se pode colocar um tomate para plantar, ou uma hortelã? O que é possível criar para que eles consigam ganhar o mesmo dinheiro que recebem lá? Vamos chamar nosso pessoal responsável por emprego e renda para avaliar isso. Se pegarmos uma parte do dinheiro gasto com a coleta do lixo, que parece que é dinheiro que não acaba mais, dá para financiar isso. Se você chama o traficante que quer conversar, eu não tenho nenhuma vaidade de não sentar. Depois que o R.R. Soares disse em praça pública o que disse... Outra coisa a se fazer é ampliar o que dá certo. Eu gosto muito do projeto das prefeituras-bairro. Há muito tempo que eu sonho em fazer isso quando for prefeito. Eu vou autorizá-las, melhorar. Vamos jogar o sistema do SAC, em parceria com o governo do estado nelas. O que o senhor pretende trazer da experiência na Fundação Doutor Jesus para a gestão municipal? A ternura, o carinho e o endurecimento. Autoridade paterna, de um pai. A Bíblia diz que quem ama corrige. O porrete vem? Não, porque, primeiro, aquilo é apenas teatro. Outra coisa é que não dá para comparar prefeitura, poder público, com uma entidade privada. A Fundação está em terra comprada por mim, com dinheiro da minha família, construída por mim. Porrete lá tem um bocado, tem mais de cinco. Tem facão, machado... Uns meninos traquinos chegaram lá na região, dizendo que criaram o PCC, a Caveira, a Katiara e às vezes fica um inferno, porque ficam ameaçando e eu não tenho polícia por perto. Eu moro com minha mãe, com minha esposa e meus filhos. Não tem muro, não tem cerca. É só eu fazendo teatro, dizendo que vou matar, morder e engarguelar. Agora, procure um corpo, ou alguém que eu machuquei. Não tem porque aquilo tudo é só teatro. Eu não vou transformar Salvador em centro de recuperação. O que Salvador precisa é de escolas, de gestores que conversem com todas as camadas. Precisa de mais ônibus na cidade, com ar condicionado, de respeito aos rodoviários. É preciso manter os ônibus com dignidade. Vou acabar com as latas de sardinha para que as pessoas se desloquem com dignidade. Se as pessoas puderem se deslocar com dignidade nos ônibus e no metrô, vão deixar os carros em casa. O senhor já definiu se vai mudar para Salvador, caso seja eleito? Eu não vou mentir. Para sair da Fundação, só como presidente da República, porque aí eu levo meu povo todo pra Brasília. Como é que eu vou pegar o trabalho que Deus botou em minha mão e... Eu tenho que acordar e dormir lá. No restante do dia, os técnicos, psicólogos, assistentes sociais, ajudadores, teólogos dão conta. Tem uma equipe de mais de 150 pessoas. Eu vou ter que fazer um meio-termo. Vou ter que trabalhar em Salvador, chegando às 7h da manhã. Trabalhando da hora em que eu vou chegar e ficando até 8h da noite. O senhor se envolveu em algumas polêmicas por conta de questões relacionadas à homossexualidade. O que pretende fazer por esse eleitorado? Voto não tem negócio de sexo. Eu tenho dito sempre que os gays que me conhecem sabem que eu não sou homofóbico. Eu sou contra qualquer tipo de violência, até por ter sido muito sofrido e violentado na vida. Mas vamos separar as coisas. Eu sei do que eu estou falando porque eu vim de lá, mas Jesus Cristo mudou minha vida, mudou o meu viver. A doutrina que eu prego como pastor evangélico é [do relacionamento entre o] homem e a mulher. Essa é a minha fé, mas não vou discriminar quem faz diferente. Agora, o ‘sindicato gay’ é outra coisa. Eles são inclusive políticos e ficam expondo os bons gays. Eu conheço gente em tudo o quanto é canto. Conheço homossexuais de bem, que gostam de seu negócio, mas não misturam as coisas. Os gays e lésbicas que eu conheço, alguns trabalham comigo, sentem vergonha do povo do sindicato, que não representa os excelentes cidadãos e cidadãs gays e trabalhadores. Eu sei lidar e conversar com pessoas. Mas o senhor concorda que tem uma imagem de intolerante? Peguei uma chapa de intolerante, mas não tem jeito. Há pouco eu tava dando uma entrevista ali, em que as pessoas só me perguntavam a respeito disso. Aqui a gente falou de tudo. Fui eu mesmo quem ficou puxando o assunto dos gays. O senhor vai ser o prefeito dos evangélicos? De forma nenhuma, vou ser prefeito de todos. Mas não tem como dissociar as coisas, eu sou pastor evangélico, como já fui do candomblé, fui católico, já dei caboclo, santo, tudo eu já fiz. Salvador tem de tudo. Salvador é uma cidade com forte influência de culturas africanas. Como vai se relacionar com essa realidade? Tem que separar as coisas. A Bíblia não é um livro só dos evangélicos. Todo mundo lê a Bíblia. Eu vou ser prefeito de todo mundo. Tem que separar o pastor do político. Eu só acho que não se precisa ensinar sexo a crianças. Mas sendo prefeito, vou cuidar da administração. Eu ando na rua e o povo do candomblé, com aquelas roupas bonitas, faz o coração para mim. Quem paga a gente é o dinheiro público. Salvador é negra. Agora, eu sou contra, por exemplo, a ideia de pintar a sinalização de trânsito com as cores do arco-íris. Imagine se os evangélicos colocarem Jesus em tudo o quanto é área pública, que Babel não vai ficar. Mas eu vou te confessar uma coisa, se não fossem as polêmicas eu não estaria eleito. Essas polêmicas lhe ajudam? Eu tenho projetos sociais há muitos anos e só saí na imprensa quando eu disse que já fui gay. Eu sempre vendi pão barato nas periferias, nos morros, pegava meninos pra cuidar dentro do quartel escondido do capitão, ajudava os bêbados e nunca me deram bola. Um dia eu cheguei do lado de um jornalista e comentei: “Eu fui gay”. Na hora, foi câmera em mim. Se não fosse isso, eu não estaria aqui. O que interessa é que Jesus mudou a minha vida. É por isso que essa Bíblia vive em minha mão.

Leia também:

Foto do autor
AUTOR

Redação iBahia

AUTOR

Redação iBahia

Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!

Acesse a comunidade
Acesse nossa comunidade do whatsapp, clique abaixo!

Tags:

Mais em Bahia