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'Era uma vida triste para mim', diz doméstica resgatada de trabalho análogo à escravidão na Bahia

História de Madalena ganhou repercussão nacional após ser exibida no Bahia Meio Dia, da TV Bahia, em abril de 2022

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Redação iBahia

26/12/2022 às 20:29 - há XX semanas
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					'Era uma vida triste para mim', diz doméstica resgatada de trabalho análogo à escravidão na Bahia
Foto: Reprodução / TV Bahia

Madalena Santiago, de 62 anos, doméstica resgatada de trabalho análogo à escravidão por auditores-fiscais do trabalho na Bahia, relembrou os anos em que trabalhava para uma família em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).

"Era uma vida triste para mim", definiu Madalena à TV Bahia. A doméstica viveu mais de 50 anos dos seus 60 sem receber salários, além de ser maltratada e roubada pelos patrões.

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A história de Madalena ganhou repercussão nacional após ser exibida no Bahia Meio Dia, da TV Bahia, em abril de 2022.

Após o resgate, Madalena foi acolhida e também recebeu ajuda de pessoas que fizeram uma "vaquinha" para arrecadar dinheiro. "Agora tenho minha casinha, onde estou morando, comprei minhas coisinhas, o pessoal me ajudou, fizeram uma vaquinha para mim. Queria conhecer esse pessoal para agradecer", disse.

"Agora estou feliz, construindo minha vida, na minha casa. Estou fazendo minhas coisas sozinha", comemorou.

Relembre

A empregada doméstica Madalena Santiago da Silva vivia na cidade de Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador, até março do ano passado, quando foi resgatada da casa onde trabalhava em uma ação do Ministério Público do Trabalho (MPT).

Ao longo do tempo que vivia com os antigos patrões, ela conta que não recebia salário, era maltratada, sofria racismo e ainda foi vítima de um golpe da filha dos donos do imóvel, que fez empréstimos no nome dela e ficou com R$ 20 mil da aposentadoria da doméstica.

Em uma das agressões, Madalena conta que a mulher chegou a ameaçar jogar água no rosto dela e a tratou como “negra desgraçada”.


				
					'Era uma vida triste para mim', diz doméstica resgatada de trabalho análogo à escravidão na Bahia

“Eu estava sentada na sala, ela passou assim com uma bacia com água e disse que ia jogar na minha cara. Aí eu disse: ‘Você pode jogar, mas não vai ficar por isso’. Aí ela disse: ‘Sua negra desgraçada, vai embora agora’, contou. “Era um sábado, 21h, chovendo e eu não sabia para onde ir”, completou.

Atualmente, Madalena da Silva vive com familiares e recebe seguro desemprego e um salário mínimo de ação cautelar movida pelo MPT contra os antigos patrões. Mas, apesar da reparação financeira, a idosa convive com os traumas.

Durante a entrevista dada à TV Bahia para um especial do Dia da Empregada Doméstica, lembrado no dia 27 de abril, Madalena chorou ao segurar a mão da repórter Adriana Oliveira, que é branca, e disse que tinha receio de tocá-la por causa do que a cor da jornalista a remetia. “Fico com receio de pegar na sua mão branca”, contou.

A repórter questionou a frase forte dita pela doméstica e estendeu as mãos para ela, questionando: “Mas por quê? Tem medo de quê?”.

Madalena, então, falou: “Porque ver a sua mão branca. Eu pego e boto a minha em cima da sua e acho feio isso”.

O trecho da reportagem foi compartilhado pela repórter e outros jornalistas e por páginas nas redes sociais. Emocionados e chocados com a situação, internautas comentaram a história.

“Quantos traumas esta mulher sofreu e sofre. Que tristeza”, escreveu um internauta. “E tem quem diga que racismo não existe, que já passou…”, comentou outra. “Que dor ver isso”, completou uma outra mulher.

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