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"Fiquei em uma sala por quase 10 horas sem comunicação", disse Keila Simpson sobre período na imigração do México

Presidenta da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) foi impedida de entrar no país por não ter nome retificado

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Redação iBahia

02/05/2022 às 11:00 • Atualizada em 28/08/2022 às 10:13 - há XX semanas
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Foto: Reprodução / Redes Sociais

Uma viagem para representar o Brasil, através da Associação Brasileira Organizações Não Governamentais (Abong) e da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), no Fórum Social Mundial se tornou um transtorno para Keila Simpson, de 53 anos, representante das entidades. No último domingo (1) ela embarcou de Salvador para o México e ao chegar ao país foi barrada na imigração por não ter o nome retificado. O evento seria realizado entre os dias 2 e 6 de maio.

A baiana, em entrevista ao iBahia, contou que enfrentou muitos problemas e constrangimento diante dos oficiais do país da América Central. "Apresentei os documentos como passaporte, visto e o documento da imigração. O agente me pediu o bilhete de retorno e do hotel e mesmo assim não os convenci", relatou ela.

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Aqui no Brasil, Keila disse que a companhia aérea a recebeu bem e perguntou como ela gostaria de ser chamada, diferente do tratamento do país estrangeiro. Ela contou ainda que durante a conversa com policiais do país eles a chamavam pelo nome 'Carlos', registro no documento, e não tiveram nenhum tipo de atenção ao nome social dela. "Parece que eles que definem, quem entra e quem saí", comentou.

Detida da imigração

Keila desembarcou no México às 07h da manhã. Após ter sido impedida de entrar, ela foi encaminhada para uma sala onde ficou por 10 horas. No período, ela recebeu apenas uma alimentação e o direito à uma ligação telefônico de 1 minuto.

"Fiquei em uma sala por quase 10 horas sem comunicação. Umas 11h, eles me deram um pão com frango empanado e um tipo de feijão que eu nem comi. O que me deixou mais angustiada foi o fato de ficar sem comunicação", explicou a representante da ANTRA e da ABONG.

A baiana só voltou ao Brasil em um voo da Latam às 17h. Ao chegar em São Paulo, ela percebeu que teve a bagagem extraviada e por isso não voltou a Salvador. No momento, Keila está na capital paulistana sendo acolhida por amigos.

Denúncia

Ainda em entrevista, Keila disse que vai denunciar o caso. Ela ainda não acionou a Polícia Federal e contou que a embaixada brasileira ainda não a procurou. Em paralelo, um representante dos Direitos Humanos falou com a ativista sobre a possibilidade de denúncia aqui do Brasil.

"Olha, foi uma experiência ruim, mas estamos em um momento de reconstruir. Acho que foi a situação de fazer uma limonada do limão que eu recebi", disse Keila.

Sobre Keila

Keila Simpson é ativista do movimento LGBT desde 1990, travesti, e além de presidir a ANTRA, é também coordenadora do Espaço de Sociabilidade e Convivência do Centro de Promoção e Defesa dos Direitos LGBT da Bahia.

Em 2014, ela foi condecorada com o Prêmio Direitos Humanos, recebido das mãos da então presidente Dilma Rousseff. A ativista também lutou anos pela conquista do direito ao nome civil dos transexuais.

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