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Internauta denuncia falta de leitos em hospitais privados

Após tentar internar irmãos doentes, mulher é alertada sobre aumento de demanda após fechamento do Hospital Espanhol

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24/09/2014 às 13:56 • Atualizada em 01/09/2022 às 20:02 - há XX semanas
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Hospital Santa Izabel
A situação precária do atendimento público de saúde no Estado não é novidade. Falta de remédios, longas filas, demora para atendimento e uma quantidade insuficiente de leitos para internação já são praxe. Contudo, a situação parece estar se estendendo cada vez mais ao atendimento privado. Na última segunda-feira (22), a internauta I.G., que preferiu não se identificar, relatou ao iBahia o aperto que passou no último sábado (20), quando tentou internar seus irmãos com problemas de saúde. Em entrevista, ela contou que após esperar um tempo considerável no Hospital Santa Izabel, situado no bairro de Nazaré, seus irmãos foram atendidos, mas a equipe informou que os dois precisariam ser internados para tratamento e observação. Um estava com Pneumonia (infecção que se instala nos pulmões) e o outro com um quadro parecido de sintomas, mas sem a confirmação da doença. No entanto, engana-se quem pensou que haviam leitos o suficiente no hospital. A moça foi avisada que, por conta do fechamento do Hospital Espanhol, a demanda havia crescido muito nos hospitais e dificilmente ela encontraria onde interná-los.
Hospital Espanhol está fechado por tempo indeterminado
Decreto garante funcionamento do Hospital Espanhol como unidade de saúde Reunião tenta solução para crise financeira do Hospital Espanhol'Fechar o Hospital Espanhol foi um tiro no pé", diz presidente do Sindicato dos Médicos da Bahia Mesmo inconformada, I. relatou que os funcionários do Santa Izabel a trataram bem e fizeram o possível para acomodar seus irmãos. Um foi colocado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e o outro em uma maca no setor de emergência, até que pudessem ser transferidos para um local onde fosse possível realizar o procedimento. Foi então que ela resolveu procurar uma assistente social para auxiliá-la e ligou para outros hospitais em busca de vaga. Fez tentativas sem sucesso nos hospitais Português, São Rafael e hospital da Bahia, onde foi informada de forma similar. "A própria assistente ligou e me disse que todos informaram que estavam sem vagas, que os pacientes estavam se distribuindo em Salvador devido a situação do Hospital Espanhol e o sistema de saúde está um caos", disse, antes de relatar que está dormindo no hospital desde então. "Sou a única irmã deles, meu pai não pode ficar no hospital e eu tenho que dormir lá. Todos os hospitais disseram que estavam lotados. Não procuramos hospitais públicos porque eles têm plano de saúde e queríamos hospitais melhores. Ligamos para vários", contou. Hospitais se explicamEm contato com o iBahia nesta terça-feira (23), os hospitais Português e Santa Izabel esclareceram a situação enfrentada no setor de emergência. O primeiro alegou que é "notório que existe uma carência de leitos hospitalares por habitante no país" e em Salvador não seria diferente, graças "aos poucos hospitais existentes com o perfil de atendimento de emergência".
Hospital Português confirmou que fechamento do Espanhol aumentou demanda
"Também é de domínio público que o déficit de leitos por habitante é de milhares, uma vez que a população da cidade supera três milhões de habitantes e a reestruturação das instituições de saúde não acompanha esse crescimento". O Hospital Português também confirmou a versão dada à internauta. "Nos últimos dias, os diversos Serviços do Hospital Português, inclusive o de Emergência Geral, têm enfrentado uma elevação na sua demanda de atendimentos, em virtude do encerramento de atividade em outras unidades similares nas instituições de saúde da cidade. Portanto, o Serviço atua em condições extremas de sobrecarga. O tempo de espera no atendimento é prolongado, por isso é necessário priorizar as situações de risco de vida; motivo pelo qual temos solicitado à comunidade se dirigir aos seus médicos assistentes e a outros serviços, eventualmente, com menor demanda". "De cada quatro pacientes que buscam os Serviços de Pronto Atendimento apenas um apresenta quadro de urgência médica real. Por isso, para agilizar o acolhimento e otimizar a prestação desses serviços é importante desenvolver a conscientização coletiva de que a situação de emergência corresponde àquela em que o paciente está com a vida em risco, podendo vir evoluir para óbito ou incapacidade física, em até 2 horas. enquanto que a situação de urgência corresponde àquela em que há um sofrimento agudo do paciente (sem a característica de até 2 horas críticas)". "A grande demanda do serviço por pessoas que não requerem emergência ou urgência no atendimento, dificulta o trabalho do emergencista e contribui para o aumento de contingente de usuários nas salas de espera. Assim, é fundamental estabelecer vínculos com um médico, resgatando a figura do médico de família. Já existem, inclusive, políticas governamentais nesse sentido, para que antes de decidir procurar a emergência o paciente consulte o médico que o acompanha". A assessoria do Hospital ainda completou, informando que a instituição está tentando atender às determinações impostas pelo Conselho Federal de Medicina, mas não negou que há alguma dificuldade no processo. "No esforço insólito de atender às determinações do Conselho Federal de Medicina - CFM, o HP vem identificando os casos de real necessidade emergencial para pronto atendimento e priorizando os internamentos hospitalares dele decorrentes. Com efeito, há prejuízos na dinâmica de internação hospitalar eletiva".
Hospital da Bahia
Por sua vez, o Hospital Santa Izabel, através de sua assessoria de comunicação, afirmou que é preciso analisar o quadro clínico dos pacientes antes de fazer qualquer associação ao fechamento do Espanhol. A assessoria informou também que o hospital não tem recebido pacientes vindos da unidade nos últimos dias em casos para hemodiálise e que a instituição está aberta para esclarecimentos. Já nesta quinta-feira (25), o superintendente executivo do Hospital da Bahia, Dr. Marcelo Zollinger, deu o posicionamento da instituição. Assim como o Hospital Português, ele confirmou a informação de que o fechamento do Espanhol tem acarretado em maior fluxo de pacientes na unidade. "É verdadeira a afirmação de que o fluxo de demanda de pacientes aumentou após o fechamento do Hospital Espanhol. O acréscimo da demanda não é um fator de complicação apenas nas emergências, mas sobretudo nas internações hospitalares. Esta dificuldade no internamento da paciente em questão é devido ao fato das unidades de internação de todos grandes hospitais de Salvador estarem trabalhando no limite. A emergência do Hospital da Bahia, sensível a esta situação de forte incremento de demanda, procedeu um acréscimo do quadro médico, implementou algumas mudanças estratégicas em relação a uma melhoria significativa nos seus fluxos operacionais, com diminuição do tempo de espera de resultados de exames de laboratório e imagem, além da criação de um melhor e mais fluido processo de triagem, observando critérios de gravidade largamente empregados em vários hospitais do mundo inteiro. Tudo que temos a disposição para continuar prestando uma assistência qualificada e segura com um menor tempo de espera tem sido empregado no Hospital da Bahia", declarou em nota enviada ao iBahia pela assessoria da unidade de Saúde. A assessoria de comunicação do Hospital São Rafael também foi procurada, sem sucesso até então. *Com supervisão da editora Rafaele Rego.

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