Um estudante atingiu o objetivo de cursar medicina em uma universidade pública após 28 tentativas. Rafael Araújo, morador de Feira de Santana, a 100km de Salvador, foi aprovado na Universidade Estadual da Bahia (Uneb), em agosto deste ano.
De acordo com a TV Subaé, o estudante de 24 anos se preparou sozinho, pois não tinha condições financeiras para pagar um cursinho.
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“Eu trouxe esse sonho para esse quartinho. Falei: enquanto não conseguir, não paro”, contou.
O sonho de se tornar médico nasceu aos 12 anos, quando Rafael foi internado no Hospital Estadual da Criança com uma infecção grave em um dos dedos das mão direita que, por pouco, não foi amputado.
O estudante ficou dias internado sob cuidados de um ortopedista pediátrico Paulo Leite. Depois que conheceu o médico, Rafael tomou a decisão e contou a família que queria seguir a mesma profissão.
O tio do jovem contou que Rafael só queria esse curso e insistiu na decisão até conseguir.
"Ele ficou internado durante uns 20 dias e o sonho dele começou lá. Eu disse para ele fazer concurso para outras profissões, que medicina era difícil, mas ele só queria esse curso e disse que ia conseguir", contou o tio Juciano Amorim.
Filho de uma dona de casa e um vigilante, o jovem morador do bairro do Tomba sabia que a família não conseguiria arcar com uma faculdade particular e precisaria ser aprovado em uma instituição pública.
Para realizar o sonho, Rafael passou anos pedalando 7km do bairro do Tomba, onde vive, até a Biblioteca Municipal de Feira de Santana para estudar. Em 2020, quando a pandemia de Covid-19 teve início, o local foi fechado e Rafael perdeu o foco dos estudos durante quase dois anos.
A biblioteca voltou a funcionar apenas no final de 2021, mas o estudante não retornou ao local. A diretora Maura Cedraz sentiu falta do estudante, entrou em contato e pediu para que ele fosse até a biblioteca.
"Ele chegava todo suado após fazer o percurso de bicicleta, sempre vi que era uma pessoa determinada. Após a ligação, nós conversamos e pedi para ele retornar. no outro dia ele veio e não parou mais", contou.
O ortopedista Paulo Leite não imaginava que era uma inspiração para o jovem. Rafael ligou para o médico depois que ele passou no vestibular e ficou emocionado com o relato. Os dois se reencontraram 12 anos depois.
"Eu fiquei muito feliz, muito honrado por estar servindo de inspiração", disse o médico.
"Quando eu voltei do hospital eu pensei: 'quando crescer, quero ser igual ao Dr. Paulo'. É muito bom ter a oportunidade de vê-lo pessoalmente e agradecer por ter sido essa inspiração", disse Rafael durante o reencontro.
Redação iBahia
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