Gustavinho amava Kelly, que amava Tony, que amava Kelly e também amava Thais. Thais amava Tony e odiava Kelly. Gustavinho queria Kelly, mas namorava Vanessa. Kelly, que amava a doçura da vida louca, foi assassinada. A suspeita é que foi morta a mando de Gustavinho, Tony e Mão, que amava Kelly, mas nunca a teve nos braços. O CORREIO tomou a liberdade de profanar o poema Quadrilha, de Carlos Drummond de Andrade, para contar o enredo da vida e morte de Kelly Salles Silva, 23 anos, a Kelly Cyclone ou Kelly Doçura, executada em 18 de julho deste ano em Lauro de Freitas, Região Metropolitana. A tese defendida pela família de Kelly é que três homens apaixonados por ela tramaram sua morte: Carlos Gustavo Cohen de Alencar Braga, o Gustavinho, filho de policial civil; Tony Rogério, o Tony; e Wellington Nunes, o Mão, traficante de Lauro de Freitas. “Eles não podiam mais ficar com ela e resolveram matar”, diz uma parente, que revelou ainda que outras duas mulheres - Vanessa e Thais, ameaçavam Kelly por ciúmes. A morte de Kelly, segundo parentes, está sendo comemorada pelos três possíveis mandantes com festas na rua 4 no final de linha de Lauro de Freitas. “Soubemos que eles fazem comemorações nos bares da rua com brindes à morte da ‘doçura’ junto com Miminho, Calango e Jhon que, pela informação que tivemos de gente da área, também participaram da execução”, contou uma parente de Kelly. A sensualidade de Kelly foi sua sentença. “Kelly era desejada. Tony amava Kelly e ela gostava dele, mas ele se envolveu com uma mulher chamada Thais. Ela e Kelly brigaram e ela disse que mataria Kelly”, disse uma parente. Outra pessoa que tinha ódio de Kelly era Vanessa, então namorada de Gustavinho. “Vanessa era ex-cunhada de Kelly, mas depois que ela começou a namorar Gustavinho não se conformava com o fato de Kelly ser desejada por ele. Ela nunca ficou nem com Mão nem com Gustavinho, mas eles queriam ela. No começo, achamos que Tony estava limpo, ele chegou a ligar para a mãe de Kelly chorando e depois sumiu”, relatou.
CausasFontes ligadas à Secretaria da Segurança Pública (SSP) informam que a polícia está convencida de que uma desavença amorosa foi o motivo da morte de Kelly. Dias antes de ser morta, ela discutiu com Gustavinho, que responde por tráfico na 1ª Vara Criminal de Lauro de Freitas. Kelly, que foi enterrada com participação de muitos fãs, disse a Gustavinho que Tony era seu amor. Como se não bastasse o fora, Kelly fez questão de exibir para o ex, a tatuagem que tinha na coxa direita feita para homenagear Tonny, realçada um dia antes da discussão. A família de Kelly confirmou ontem que Tony era o “namorado federal” dela, e que Gustavinho ameaçava a garota constantemente. “Gustavinho dizia que se ela não ficasse com ele não ficaria com mais ninguém. Kelly não era namoradeira. Era fiel”, contou uma parente de Kelly. indiciados Anteontem, o Portal Terra publicou uma matéria informando que o chefe do Setor de Investigações (SI) da 23ª DP, Ubirajara Braga, disse que os três ex-namorados devem ser indiciados por homicídio. “Há indicativos de uma parceria entre ex-namorados dela, que inclusive cultivavam rixas entre eles, devido ao ciúme em torno de Kelly”, teria dito o policial na entrevista. O CORREIO esteve na delegacia à procura de Ubirajara, mas desde ontem, ele iniciou o período de férias. Por telefone, o policial negou que tivesse dado as declarações. Fontes ligadas à investigação disseram ao CORREIO que os indicativos das investigações levam à tese que Gustavinho teria sido o mandante do crime. Em depoimento na 23ª Delegacia, em Lauro de Freitas, que está responsável pelo caso, no dia 19 de julho, Gustavinho, que estava com Kelly no momento do crime, disse que ela foi morta por homens que estavam num Focus prata que teria interceptado o veículo dele (um Gol também prata), em Lauro. “Como é que ele viu isso e não mataram ele. Nenhum bandido vai deixar testemunha”, diz um familiar. Segundo disse ontem uma outra fonte da SSP, Gustavinho mentiu no depoimento. Testemunhas já ouvidas disseram que três rapazes, dois deles irmãos, foram contratados por ele para matar Kelly. “Outro fator que atesta essa tese, é o simples fato dos assassinos terem deixado ele e o amigo como testemunha do crime. É comum no tráfico, executar testemunhas”, contou o policial.
Traficante Mão foi rejeitadoMoradores de Lauro de Freitas apontam o traficante Mão como um dos envolvidos na execução de Kelly. Ela teria sido morta porque foi ex de Tony, rival de Mão, que por sua vez comentava que queria namorar com Kelly. Segundo familiares da vítima, ao perceber que Kelly não seria sua acabou se integrando aos então rivais para destruir a amada. Mão é traficante das localidades de Casinhas e Boca do Vulcão. Há boatos que Mão teve um rápido relacionamento amoroso com Kelly.
Kelly tatuou nome de Tony no corpoKelly chegou a brigar com a família para poder tatuar no seu corpo o nome de Tony. Tony Rogério, traficante que está preso na 23ª Delegacia, em Lauro de Freitas, é apontado pela família de Kelly como o homem que a jovem considerava seu namorado. Ele teria prometido tatuar o nome de Kelly, mas foi preso antes. Familiares dela contam que ele se envolveu com Thais, que passou a ameaçar Kelly. Ele chegou a ligar para a mãe de Kelly chorando após o assassinato.
Gustavinho é procurado e não quer falarFilho de policial civil, Carlos Gustavo Cohen de Alencar Braga, o Gustavinho, segundo a família de Kelly, perseguia a jovem. O CORREIO foi ontema té a casa de Gustavo, em Lauro de Freitas. Questionado sobre o fato de ser apontado como o mandante do crime e sobre seu envolvimento com Kelly, Gustavinho respondeu: “A investigação é que vai dizer. Tudo será detalhado. Não posso falar nada porque a investigação não terminou”, disse o acusado.