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Polícia suspeita que garota sofreu abuso e investiga crime passional

Os gestos e palavras dos amigos e familiares da garota, não são suficientes para traduzir o sofrimento causado por sua morte brutal em Vila de Abrantes

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01/07/2011 às 8:27 • Atualizada em 29/08/2022 às 12:38 - há XX semanas
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Dor era visível durante o enterro do corpo de Adriane
A capela do Cemitério Municipal de Vila de Abrantes, localidade de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, ficou pequena para tanto sofrimento na tarde de ontem, quando foi velado o corpo da estudante Adriane Mello de Jesus, 16 anos. “É muita dor. Não tenho nem palavras para dizer o que sinto”, lamentou o pai da adolescente, o policial militar e segurança do Salvador Shopping, Júlio César de Jesus, 39. A garota, encontrada morta na tarde de quarta-feira com três marcas de tiro, foi raptada na terça após sair da casa de uma amiga com o namorado, um jovem de 17 anos, e ir namorar numa área deserta na entrada de Abrantes. InvestigaçãoAo saber que a filha tinha sido raptada, o PM, lotado na 5ª CIPM, em Vera Cruz, chegou a ir até Abrantes procurar pela filha. “Nós fizemos buscas na área, mas não conseguimos achar nada”, contou. O corpo de Adriane foi encontrado quarta em um matagal atrás do clube da Caixa Econômica Federal, na Estrada do Coco. Segundo a polícia, o cadáver apresentava três perfurações de bala, sendo duas na cabeça e uma no peito, e indícios de abuso sexual. “Ela estava de saia e sem calcinha, então suspeitamos do abuso, mas somente a perícia pode definir isso”, disse o titular da 26ª Delegacia de Polícia, Marcos Tebaldi. Mesmo sabendo que Adriane era filha de um policial militar, Tebaldi não acredita em crime de vingança. “O pai dela não mora aqui e não trabalha em Abrantes, nem em Salvador. Trabalhamos com a hipótese de crime passional”, diz. “Pode ter sido alguém que tinha uma paixão escondida por ela, ou alguém que tentou algo e ela não quis”, complementou o delegado. Segundo depoimento do namorado da garota, um único homem desceu de um Pálio preto dizendo que era policial. Após revistar o rapaz, ele obrigou a adolescente a entrar no carro e, ao sair, jogou o celular dela pela janela. Pelo fato de o criminoso estar sozinho, a polícia descarta a hipótese de sequestro. “Em todo meu tempo na polícia, desconheço qualquer caso de sequestro feito por uma única pessoa”, disse o delegado, acrescentando que a família informou ter recebido uma mensagem por celular pedindo resgate, mas que, na sua avaliação, foi um trote. “Já identificamos a pessoa que enviou o SMS e iremos interrogá-la”, completou. RetratoNa manhã de ontem, o namorado da vítima esteve no Instituto Médico- Legal Nina Rodrigues para dar informações que ajudaram a fazer o retrato falado do suspeito. Tebaldi contou ainda que cerca de 20 pessoas que tinham relação com a vítima já foram ouvidas, inclusive amigas de Adriane que garantiram que ela tinha uma relação saudável com o namorado. “Do total, seis pessoas foram interrogadas formalmente e o namorado de Adriane já prestou dois depoimentos. Ele ajudou muito com o retrato falado”, concluiu o delegado. Informações podem ser passadas ao Disque Denúncia pelo (71) 3235-0000, ou para a 26ª Delegacia, pelo (71) 3623-4963. Despedida é marcada por saudade e medoPor causa do estado do corpo, o enterro de Adriane, apelidada de Annie, teve que ser realizado com o caixão fechado. A mãe da adolescente passou mal e não conseguiu comparecer à despedida da filha que sonhava em ser psicóloga. Durante o velório, colegas da adolescente, que cursava o 2º ano do ensino médio no Colégio Estadual de Vila de Abrantes e tirava “notas excelentes”, prestaram as últimas homenagens.
Cemitério Municipal de Abrantes ficou lotado de familiares e amigos que prestaram a última homenagem a Annie, apelido de Adriane
“Não dá para expressar a dor. Nada vai preencher a falta dela. Entrar naquele colégio sem ela não vai ser a mesma coisa”, disse o estudante Kaio Santos, 17 anos. Antes do corpo ser sepultado, Kaio leu um texto que escreveu para a amiga. “Annie, você sempre estará viva em nossos corações, mentes e lembranças. Espero que sua família encontre o conforto que precisa e você a paz eterna”, dizia o texto. O crime, que chocou a população de Abrantes, deixou ainda o medo para os jovens do local. “A gente se sente insegura. O que aconteceu com ela pode acontecer com a gente também. É um clima de insegurança total”, disse a estudante Carla Henrique, 16. “Ninguém esperava que isso fosse acontecer porque ela era muito reservada. Não tinha inimigos. A maneira que ela foi tirada de nós deixa uma dor muito grande”, complementou a também estudante Tairine Bahia, 16. Amigos se manifestaram em frente à delegaciaVestidos em sua maioria de branco, vizinhos, amigos, familiares, professores e funcionários da escola em que Adriane estudava fizeram uma manifestação pacífica na manhã de ontem, em frente à 26ª DP. Foi a forma que eles encontraram de protestar contra o assassinato brutal da garota.
Adriane recebeu homenagem durante manifestação pacífica
De mãos dadas, eles formaram um grande círculo, gritaram por justiça e fizeram uma oração em homenagem a Adriane. Após a prece, pediram que a polícia solucione o caso com agilidade. A pedagoga Laís Melo, 33 anos, vizinha da família, falou sobre o sofrimento da mãe e da indignação dos amigos e familiares. “Conheço essa menina desde os 8 anos de idade, uma garota tranquila, nunca se envolveu com nada errado. A mãe dela está de fazer pena. O que fizeram com ela foi uma brutalidade”, disse Laís. “Ela estava no lugar errado, na hora errada. Foi um covardia. Ela foi presa de um animal que já estava com intenção de cometer essa maldade”, desabafou o amigo Marcos Vinícius.

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