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Posse de Grabrielli evidencia projetos e rachas na sucessão do governo em 2014

Como secretário de Planejamento da Bahia, José Sérgio Gabrielli começa uma operação para pavimentar caminho próprio na sucessão estadual

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10/03/2012 às 8:41 • Atualizada em 29/08/2022 às 3:27 - há XX semanas
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O homem chega à Fundação Luis Eduardo Magalhães, onde é aguardado por pesos pesados da política local e nacional. Atravessa o auditório lotado, esquivando-se de comentários sobre 2014. Mas o tamanho do evento na sua posse como secretário de Planejamento da Bahia não deixa dúvidas: depois de perder a presidência da Petrobras, José Sérgio Gabrielli começa uma operação para pavimentar caminho próprio na sucessão estadual, vitaminado por quase meio bilhão de reais que terá para emprestar este ano via Desenbahia (ver mais detalhes na página ao lado). De olho nos passos de Gabrielli, estavam dezenas de vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, senadores, secretários do governo do estado, articuladores políticos do PT e da base aliada, líderes comunitários, empresários e gente da proa do governo Dilma Rousseff. Entre os quais, a sucessora de Gasbrielli na Petrobras, Maria Graça Foster, o presidente da Caixa, Jorge Hereda, além da eminência parda petista, o ex-deputado José Dirceu.
Gabrielli é cumprimentado pelo governador Wagner. Marcelo Nilo, presidente da Assembleia, observa
As declarações se sucedem, sempre evitando dar a Gabrielli qualquer apoio formal ou de falar sobre a turma que briga internamente por espaço político com o novo secretário. Dirceu disse que veio apenas pela “amizade e companheirismo” que une ele e Gabrielli. E sobre 2014? “Tem muito tempo para escolher candidatos, e quem vai fazer isso são os petistas, o governador Jaques Wagner e os aliados. O PT tem muitos nomes, Gabrielli é só um deles”, arremata o ex-deputado. DisputaTodos os petistas a quem José Dirceu se refere, com nomes explícitos ou de forma velada, também estavam lá: os prefeitos de Camaçari, Luiz Caetano, e de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, e o senador Walter Pinheiro, um dos que mais se movimentavam no front petista para encabeçar a disputa. Indagado se vê Gabrielli com aval suficiente para ser postulante ao mesmo cargo que ele almeja, Pinheiro desconversa. “Meu desejo (de suceder Wagner) é você quem está antecipando. Cada um faz de seus desejos e aspirações o que quiser. Zé Sérgio e outras estrelas do PT e de partidos aliados têm direito de apresentar seus sonhos, mas acho que (falar de) 2014 está muito cedo”, disse, não sem antes elogiar um nome do partido que mais provocou burburinhos desde o nascedouro das especulações sobre o lugar de Gabrielli no governo: o ex-secretário e deputado federal Zezéu Ribeiro. Aliás, não só Pinheiro fez menção ao antecessor do novo titular da Secretaria de Planejamento. Abafamento“Zezéu deu uma contribuição importante, começou as questões de mobilidade, a ponte Salvador-Itaparica, e é óbvio com a modificação que houve na Petrobras, a gente não poderia abrir mão de quadro que ganhou experiência ao longo de sua vida”, assinalou Wagner. Os afagos revelam tentativas de aparar arestas surgidas desde que o deputado, quadro histórico do partido, deixou pública sua insatisfação com a saída da secretaria, apenas um ano após assumir a pasta. Rodeado por jornalistas, antes da entrada de Gabrielli, Zezéu reiterava que não remoía mágoas, mas manteve a mesma opinião anterior. Ou seja, a de que preferia ficar para tocar os projetos que começou. Depois das declarações, Zezéu sentou no auditório, junto com as outras autoridades que iriam ocupar cadeiras de protagonistas da posse. Gabrielli é, então, chamado pelo cerimonial do governo. Aplausos correm soltos no auditório. Zezéu é convocado logo em seguida, o que provoca outra maré de palmas e gritos. Do lado de fora, o burburinho relembra as fraturas que a operação para acomodar o novo secretário deixou na tendência petista Construindo um Novo Brasil (CNB). Da corrente, fazem parte antecessor e sucessor da Seplan. Ao privilegiar o ex-presidente da Petrobras, contam próceres petistas, Wagner esvaziou Zezéu e outro cabeça da CNB, o deputado federal Josias Gomes. AvalistaAntes do discurso de Wagner, uma carta lida pelo locutor do cerimonial do governo baiano sinaliza de onde saiu o aval para que Gabrielli fosse acomodado - e bem - no Executivo, de modo que pudesse cimentar sua estrada rumo a 2014. O autor do texto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não foi à cerimônia por conta do tratamento contra uma pneumonia, derrama-se em elogios ao correligionário. “Você é um companheiro que eu conheço e admiro desde as primeiras batalhas para a construção do PT. Assume uma tarefa de primeira linha na equipe de governo de sua terra natal para ajudar a dar continuidade a um projeto político vitorioso”, escreveu Lula, que ainda ressaltou o papel do amigo no crescimento da Petrobras. O recado de que o ex-presidente é o cabo eleitoral do novo secretário foi dado publicamente. Mais aplausos tomam conta do ambiente.É a vez de Wagner falar. O governador procurar esfriar ânimos aquecidos em torno das batalhas internas por sua sucessão. Tenta mostrar que a troca não se deu por julgamentos, e sim “por conjunturas e contingências”. Destaca que a nomeação pode criar pretensões, “mas que, pelo projeto, vão se decantando”. Ao atender a imprensa, Gabrielli também cumpre o papel de evitar os mexericos. “Está muito longe (a eleição de 2014), nós temos que fazer o governo em 2012, há ainda as eleições (deste ano para prefeito). Isso é uma coisa que não tem por que ser antecipada. Existem muitos elementos para acontecer antes”, afirma. Gabrielli nega a existência de perturbações por sua chegada e as ciumeiras com as pretensões de liderar a sucessão, sobretudo após a leitura da carta de Lula. EquilíbrioEm silêncio durante quase toda a posse, estava outro homem, aquele a quem Wagner deu a tarefa de agir para equilibrar um eventual ganho de terreno por Gabrielli: o secretário da Casa Civil, Rui Costa, cuja posse em janeiro, na mesma Fundação Luis Eduardo Magalhães, rivalizou em tamanho com a do colega petista. Fora do auditório, as especulações continuam. Para políticos e articuladores partidários aboletados nas entradas do auditório, até o início de 2014, as duas operações, a de Rui e a de Gabrielli, terão de conviver. Em paz total ou sob fogo amigo.

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