Uma missa na Igreja Rosário dos Pretos, no Pelourinho, seguida de um cortejo em direção à praça da Cruz Caída marcou o Dia Nacional das Baianas do Acarajé na manhã desta segunda-feira (25). A festa, porém, chamou atenção por um detalhe do traje das baianas, que usavam uma fita preta no peito, simbolizando estarem de luto. Em entrevista ao
iBahia, a presidente da Associação das Baianas do Acarajé, Rita Santos, explicou que o motivo do manifesto são as polêmicas envolvendo as trabalhadoras. "Queremos mostrar ao nosso governador, ao nosso prefeito, que estamos de luto. Hoje é um dia importante. Essa festa já acontece há 33 anos e agora não só em Salvador, já que está sendo comemorado também em São Paulo e no Rio de Janeiro. Era para estarmos comemorando uma vitória também sobre a Fifa, mas não é isso o que está acontecendo, por isso estamos assim", revelou, citando as regras que dificultam a venda da iguaria no entorno dos estádios, todas impostas pela entidade que rege o futebol mundial para a Copa do Mundo de 2014.
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Segundo Rita, a fita representava também o abandono em que, ainda de acordo com a baiana, a classe se encontra. Para ela, a retirada dos tabuleiros das praias foi uma medida tomada da noite para o dia e não irá contemplar a maioria das trabalhadoras, já que serão construídos apenas 134 quiosques e restaurantes, o que não irá suprir as necessidades das mais de 500 baianas acostumadas a trabalhar nas areias da cidade. "As baianas estão se sentindo sozinhas, abandonadas. Isso é para mostrar ao mundo que nós estamos de luto, graças a essa situação com as areias da praia", avisou.
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A presidente da associação ainda revelou que uma série de atividades já estão sendo programadas pela classe para tentar combater a medida. "Encaminhei uma carta e vou à Brasília amanhã (terça-feira, 26) para ver em que pé estão andando as coisas. O próximo passo é esperar, mas esperamos que até o dia 1º (de dezembro) tenhamos uma resposta positiva. Os quiosques não vão comportar todas as baianas, infelizmente sabemos que não terá espaço para todas", lamentou.
No dia 2 de outubro uma reunião na Justiça Federal decidiu que
nem o tacho nem o tabuleiro poderão ficar na areia das praias e, segundo o juiz da 13ª Vara da Justiça Federal, Carlos D'Ávila, em entrevista ao Correio*, não há o que ser negociado: a prefeitura será obrigada a cumprir a decisão que proíbe a produção e venda de alimentos na faixa litorânea, fiscalizando e punindo quem tentar descumprir a lei, incluindo barraqueiros e baianas. Os festejos do dia Nacional das Baianas irão até um pouco depois das 17h30, quando começa a última apresentação musical do evento que acontece na praça da Cruz Caída.
Confira a programação completa.
*Sob a orientação de Rafaele Rego.