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Foi divulgada nesta sexta-feira (21), a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que revela que a população brasileira chegou a 195,2 milhões de habitantes em 2011. Segundo a pesquisa, 12,1% desse número é representado por pessoas com 60 anos ou mais de idade, confirmando a tendência de envelhecimento da população brasileira.
No ano passado, o relatório "Envelhecendo em um Brasil mais Velho" do Banco Mundial, projetou que em 2050 haverão 64 milhões de idosos no país. Esse número corresponde ao triplo do que foi registrado em 2010 e, diante da atual situação do país, no quesito saúde, a tendência é piorar. De acordo com a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), no decorrer dos próximos quarenta anos, a mensalidade de um plano de saúde para quem passou dos 60 anos vai ficar bem mais salgada e quase não caberá no orçamento de um aposentado.
E se o plano de saúde não vem correspondendo com as expectativas, imagina então como será a peregrinação de um idoso por um atendimento médico ao cair no berço do Serviço Único de Saúde (SUS). Isso porque dados do Ministério da Saúde revelam que nos últimos anos houve uma queda considerável na disponibilidade de leitos de internação e complementares, ou seja, UTIs, na saúde pública da região Nordeste. A maioria, por conta das quebras de contratos e parcerias entre a iniciativa público-privada que disponibilizava leitos e serviços em hospitais particulares.
Em comparação com 2007, no mês de junho, o ano de 2012 registrou no mesmo período uma variação de -20,9% no número total de leitos de internação e vagas em UTIs resultantes de parcerias filantrópicas, privadas e de sindicatos atendendo pelo SUS. Em números absolutos, oficialmente há no país 41.685 mil leitos nessa categoria, enquanto em 2007 haviam 52.694 mil vagas. Diante do período analisado, a rede pública pelo atendimento SUS, conseguiu registrar a variação positiva de apenas 10,4%.
Modelo de mutualismoAtualmente o calculo do preço da mensalidade dos planos de saúde é baseado na frequência de internação dos grupos de faixa etária. Assim, o modelo usado pelas operadoras no país utiliza parte da contribuição de clientes jovens (menores de 59) para subsidiar os custos assistenciais de quem já passou dos 60 anos e utilizam com maior frequência o atendimento médico por estarem, consequentemente, mais suscetíveis à doenças crônicas.
Com mais idosos e menos jovens para auxiliar nos custos da última faixa etária (59 anos ou mais) e sem expectativas de grandes investimentos na saúde pública que assista à toda população, a alternativa é: planejamento. De acordo com José Cechin, diretor-executivo da FenaSaúde, é preciso começar, a partir de agora, a pensar no futuro e se preparar em um país de idosos.
"A primeira meta é sancionar o Vida Gerador de Benefício Livre para a Saúde (VGBL Saúde), projeto de lei desenhado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que funciona como uma poupança que futuramente poderá ser usado em casos de doenças graves, cirurgias, tratamentos e, inclusive, bancar a mensalidade de planos de saúde", afirma Cechin.
Veja como funciona a poupança
- Atualmente o VGBL Saúde segue em análise no Ministério da Fazenda - para que seja definido o tipo de benefício fiscal, livre de impostos.
- É baseado no modelo americano, mas não exige franquia, já que a legislação brasileira não permite cobrança de franquia para a saúde
- Pode garantir a sustentabilidade do setor de saúde suplementar
- Será dedutível do IR e isenta do imposto na saída, condições garantidas apenas se os recursos forem destinados para gastos com saúde
- As contribuições rendem ao longo do tempo formando uma reserva financeira. No momento em que o participante escolhe sair do plano, ele pode optar por receber o valor acumulado ou transformá-lo em renda mensal