O país assistiu neste primeiro semestre mais uma mudança no comportamento do investidor brasileiro: a retirada de dinheiro da poupança superou os depósitos em R$ 3 bilhões, um recorde para o período, que não era batido desde 2006. Mas a mudança não vem dissociada do lucro. Os brasileiros têm migrado seu investimento para os fundos que variam de acordo com a taxa de juros do país, que vem se mantendo alta. Para Miguel José de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), este cenário ainda vai persistir por um período. Com o governo brasileiro tentando conter a inflação, a tendência é de aumento da taxa de juros, que interfere diretamente na rentabilidade dos fundos de investimento. Esse aumento dos juros é uma tentativa de frear o consumo e, consequentemente, os preços e a inflação.“Dessa maneira, a poupança sai perdendo. Enquanto rendeu 3,6% no primeiro semestre, os fundos de renda fixa renderam 5,36% e os fundos DI estão em 5,48%”, diz.
Simulação Mesmo com um valor pequeno, Oliveira fez uma simulação para o CORREIO em que demonstra como a poupança está sendo menos atrativa. Se uma pessoa depositasse R$ 1 mil no início do ano, no final de junho teria R$ 1.036 na poupança. O mesmo valor depositado em um fundo de renda fixa ou em um fundo DI renderia, respectivamente, R$ 1.053 e R$ 1.054 no mesmo período. Para Oliveira, vale a pena remanejar o dinheiro da poupança quando já se tem mais de R$ 5 mil guardados. Antes de alcançar este valor, o pequeno investidor perderia mais do que lucraria ao ter que pagar a taxa de administração e o Imposto de Renda sobre os rendimentos, que incidem em ambos os fundos já citados. Continuação Já na análise de Gustavo Casseb Pessotti, coordenador do curso de Economia da Universidade Salvador (Unifacs), vale a pena retirar o dinheiro da poupança a partir dos R$ 10 mil. “O investidor também tem que saber por quanto tempo poderá deixar o dinheiro no fundo”, acrescenta Casseb. No caso dos fundos DI, por exemplo, não é recomendável que se tire o dinheiro com menos de 30 dias. Neste caso, o poupador pagará IOF, uma taxa decrescente que pode variar de 60% a 0% de desconto. Mas após os 30 dias, o saque é livre. Casseb também recomenda que as pessoas que optarem pelos fundos de renda fixa, escolham os pós-fixados. A diferença é que, como se espera altas taxas de juros, no mínimo, até setembro, os rendimentos serão definidos no dia do resgate. “Os fundos com juros prefixados tendem a se manter no mesmo patamar de rentabilidade”, explica. Com a inflação dos últimos 12 meses já em 6,7%, a expectativa dos economistas é que a taxa de juros continue aumentando para , ao menos, alcançar a meta de 6,5%. “E essa elevação é muito vantajosa para o investidor”, assinala Casseb.
Outra recomendação dos especialistas é que o interessado deve sempre pesquisar as taxas de administração de diferentes instituições bancárias, antes de aplicar suas economias. Oliveira afirma que não se deve fechar negócio com um banco que tenha taxa superior a 1,5% ao ano. Vale lembrar que também haverá incidência de 15% do IR sobre os rendimentos.
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