Testamos na Bahia o jipão produzido no Ceará. Confira o desempenho

Acho que eu maltratei o jipão. Não pelos motivos óbvios: nada de trilhas, cavalo de pau sobre a areia à beira-mar ou subir barrancos em 4x4. Os maus-tratos foram justamente o contrário. Pense num cachorro grande. Um labrador, por exemplo, já adulto e confinado num apartamento. É o Troller na Salvador dos dias de hoje. Põe a primeira, para, põe de novo, engata a segunda, para outra vez...

De acordo com a Troller, ele pode atravessar água com até 80 cm de altura

É pouco para ele. Nas costelas de vaca do asfalto da Graça, ele até deu seus pulinhos. Mas o máximo de morro que pegou comigo foi a Ladeira da Barra. Para quem quer um brinquedo caro (quase R$ 100 mil), tirar onda e curtir off-road no fim de semana, vale o investimento. Ele é razoavelmente confortável para o motorista. O banco corre e reclina.O carona tem que caber nas medidas da ‘poltrona’ à direita. Atrás, crianças e adolescentes pequenos. Bagageiro? Nem pensar. Põe logo as compras no banco traseiro. É um carro alto: o que excluios mais velhos entrevados pelo sedentarismo urbano e se transforma num perigo para mulheres de saia. Neste quesito, a depender do ponto de vista, vira logo uma bênção. O motor é forte e responde bem. Da rampa de quase 90 graus aqui da Rede Bahia ao sobe-e-desce do relevo de Salvador, tira tudo de letra. Na Paralela, de madrugada, desenvolve que é uma beleza. Bem estável. Mas o jipão é ruim de jogo na cidade. Estacionar numa rua apertada, com veículos dos dois lados, é um problema. Curva muito fechada, também. Na garagem, é uma série de musculação certa.Quem curtiu demais foi Julia, minha pequena de 5 anos. Desembarcou na porta da escola como uma princesa. Para ela, uma carruagem por dentro, pela altura e pelo formato da cabine. O verde acetinado lhe parecia lúdico. Na hora de descer, mais risos de felicidade antes do pulo: quase um bungee jump para seus 1,10 m. Ar-condicionado ok. O ruído do motor diesel soa música para ouvidos aventureiros, mesmo na travada Salvador. É econômico. O ponteiro custa a se mexer nesse stop-and-go soteropolitano. Não rodeio suficiente para calcular. A impressão geral foi positiva. Uns 7,5 ou 8 para Salvador. Mas, da próxima vez, vou pedir ao editor de Autos, Antônio Meira Jr., que me mande com o Troller para Mangue Seco. *Sergio Costa é diretor de Redação do CORREIO