Uma vigília em homenagem ao filho de Mãe Bernadete, conhecido como Binho do Quilombo, foi realizada na quinta-feira (31), na Igreja de São Francisco de Assis, localizada no Centro Histórico de Salvador. Binho foi morto a tiros há seis anos, no quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, mesmo local em que a mãe dele, Maria Bernadete Pacífico, também foi assassinada.
O ato no Pelourinho aconteceu no mesmo dia em que a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que os suspeitos de matarem Mãe Bernadete foram identificados. Apesar disso, até a noite desta quinta, ninguém foi preso.
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Os familiares de Mãe Bernadete e Binho estiveram presentes na homenagem na cerimônia. Jurandir Wellington Pacífico, destacou os legados do irmão e da mãe. Ele ainda aproveitou para pedir que a SSP-BA prenda os assassinos que invadiram a casa da mãe dele.
“Irei continuar honrando minha mãe e meu irmão nesta luta. Peço ao secretário Marcelo Werner que apresente os assassinos, que segundo ele já foram identificados, amanhã à sociedade, e encaminhe o mandado de prisão. A nossa família, as comunidades quilombolas, a sociedade, a Bahia e o Brasil, querem respostas", afirmou.
A vigília teve o objetivo chamar a atenção das autoridades para a necessidade de proteção dos povos negros, quilombolas e indígenas da Bahia. O momento também foi dedicado aos 11 quilombolas mortos no estado nos últimos 10 anos, segundo dados da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).
"Nós vamos manter essa vigília até a prisão dos mandantes e os assassinos das vítimas. Vamos protestar sempre que houver a violação de direitos e uma vida ceifada do nosso povo preto”, disse Bruno Gomes, advogado da Educafro, uma das entidades que coordena o ato.
A previsão é que de a vigília aconteça durante onze quintas-feiras, no mesmo local e horário, concluindo o dia 2 de novembro, quando é celebrado o Dia de Finados. Ainda segundo os organizadores do evento, a Vigília por Binho do Quilombo conta com o apoio de diversos movimentos e coletivos negros, sociais e estudantis da Bahia.
Assassinato de Binho do Quilombo
Binho morreu após ser baleado com vários disparos dentro do quilombo no dia 19 de setembro de 2017, aos 36 anos. No momento do crime, ele estava dentro do carro, na região do quilombo Pitanga dos Palmares. De acordo com a polícia, Binho foi surpreendido por criminosos armados, que se aproximaram, atiraram e fugiram. Mesmo seis anos após o crime, ninguém foi preso.
Após o filho ser assassinado, Mãe Bernadete entrou no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH) do Governo Federal, executado na Bahia pela SJDH. Apesar disso, familiares relataram que Mãe Bernadete sofria ameaças há pelo menos dois meses. Ela falou sobre isso durante um encontro com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, em julho deste ano. Não foi confirmado se a morte de mãe e filho têm relação.
Redação iBahia
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