O mercado financeiro reagiu positivamente aos resultados do segundo turno das eleições presidenciais, e este bom-humor contribuiu para que no início do pregão desta segunda-feira o dólar alcançasse os R$ 3,58 e que a Bolsa tivesse valorização superior a 2%. Diante do cenário que começa a se formar a partir de agora, os especialistas em finanças indicam que o momento é propício para que os investidores assumam alguns riscos, entretanto, ressaltam, sempre tendo cautela em suas escolhas.
No acumulado de outubro, o dólar comercial registrou desvalorização de 9,5% ante o real, enquanto o Ibovespa, principal índice do mercado de ações do Brasil, teve alta de 8%. Em meio a estes números, os especialistas sugerem que é hora do investidor começar a prestar mais atenção e apostas na renda variável.
— Desde o início do segundo turno, a economia brasileira tem começado a ficar mais otimista. Não significa que a situação financeira do país já melhorou, mas está dando indícios mais sólidos de uma retomada — indica o planejador financeiro Thiago Nigro. — Atualmente, enxergo que o melhor ativo seja o investimento em renda variável, a compra de ações.
Os fundos de BRDs, na avaliação de Nigro, também são uma boa alternativa de investimento para o momento. Estes fundos são recibos de ações de empresas estrangeiras negociados no Brasil. Esses BDRs representam uma ação negociada em uma Bolsa fora do Brasil.
— Com a subida da Bolsa brasileira e a queda do dólar na comparação com o real, é interessante o investidor diversificar sua carteira. Uma modalidade interessante neste momento são os fundos de BDRs — diz o planejador financeiro, ressaltando que antes de pensar em rentabilidade, o investidor precisa constituir seu fundo de emergência, tendo em uma aplicação de alta liquidez o equivalente a seis meses de suas despesas.
Período ainda exige cautela
Embora o mercado financeiro tenha dado sinais de otimismo nas últimas semanas, o período ainda não consolida uma tendência positiva no país. Na avaliação de Eduardo Moreira, gestor e sócio da Pacifico Gestão de Recursos, o futuro governo terá três desafios nas próximas semanas, os quais podem gerar reações tanto positivas quanto negativas nos investidores.
— O futuro presidente terá de emitir sinais positivos em três pontos: quem fará parte de sua equipe, principalmente o nome para o ministério da Fazenda e dos que vão compor a equipe econômica; os riscos de execuções de suas propostas, uma vez que boa parte dos nomes ventilados para compor a equipe não tem experiência com a máquina pública; e a real condição de governabilidade, traduzida na capacidade de costurar alianças com deputados e senadores.
Em relação às ações listadas na Bolsa, Moreira ressalta que o que chama sua atenção são os indícios de retomada do crescimento da economia e do consumo das famílias, no que diz respeito à demanda interna.
— É possível que os papéis de empresas ligadas ao setor de varejo e algumas do setor bancário tenham bons ganhos em um espaço de tempo relativamente curto. As estatais, em linhas gerais, já têm se beneficiado com a alta das commodities no mercado externo — disse o sócio da Pacífico.
De toda forma, indica Sandra Blanco, consultora de investimentos da Órama, o atual nível da taxa de juros e sua manutenção acabam forçando o investidor a diversificar mais sua carteira.
— As boas oportunidades em renda fixa estão se esgotando. Desta forma, o investidor terá que começar a diversificar a carteira de forma mais eficiente. Caso contrário, ele vai ganhar menos de 6% ao ano, e isso é muito ruim.
Ela explica, porém, que é preciso ter cautela para fazer investimentos mais atrativos. É preciso começar aos poucos para entender o funcionamento da aplicação e minimizar os riscos.
— Se não tiver nada aplicado na Bolsa, colocar 5% do total de investimento nesta modalidade é a melhor opção. E, aos poucos, ir aumentando a fatia em ações. Não é prudente tomar grandes riscos em um pequeno espaço de tempo, uma vez que Bolsa é muito volátil e requer visão de investimento a longo prazo — acrescentou Sandra.
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Redação iBahia
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