Em pronunciamento em rede nacional, o presidente Jair Bolsonaro suavizou o tom do discurso que vem adotando contra as denúncias internacionais ao avanço do desmatamento na Amazônia . O presidente também defendeu a política ambiental do governo.
Bolsonaro não mencionou as ONGs em seu pronunciamento — nos últimos dias, ele afirmou que "ongueiros" poderiam estar por trás das queimadas da floresta. Em julho, ao comentar estatísticas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que mostravam o avanço do desmatamento, o presidente sugeriu que o então diretor do órgão, Ricardo Galvão, estava "a serviço de uma ONG".
O presidente também evitou entrar em confronto com líderes internacionais. Na última semana, quando o governo alemão anunciou a suspensão de doações para projetos ambientais na Amazônia, Bolsonaro falou que a chanceler Angela Merkel deveria usar o dinheiro para "reflorestar o seu país".
Dias depois, quando a Noruega também cortou repasses a projetos no Brasil, Bolsonaro questionou: "Noruega? Não é a que mata baleia?". Nesta tarde, disse no Twitter que o presidente francês, Emmanuel Macron, ataca a política ambiental brasileira por "mera vaidade".
Além de evitar ataques a líderes europeus, Bolsonaro disse que "outros países se solidarizaram com o Brasil. Ofereceram meios para combater as queimadas, bem como se prontificaram a levar a posição brasileira junto ao G7". Nesta quinta-feira, o presidente disse que discutir a Amazônia em um encontro internacional sem a participação de países onde o bioma está localizado "evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI".
Bolsonaro também sinalizou planos para a economia amazônica, prometendo "dinamismo econômico proporcional às riquezas existentes" para os 20 milhões de brasileiros que moram na região.
O Código Florestal foi mencionado no pronunciamento como uma legislação que "deveria servir de modelo para o mundo". No entanto, o presidente editou em junho uma medida provisória que, na prática, acabaria com o prazo para que proprietários de terra fizessem o Cadastro Ambiental Rural, uma medida vista por ambientalistas como uma "anistia" a desmatadores.
O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente, chegou a apresentar no Senado um projeto de lei que acabaria com as reservas legais em propriedades rurais. O texto revogaria a obrigação de preservar 80% do ecossistema nos imóveis da Amazônia. Flávio desistiu do projeto nesta semana.
O presidente também afirmou que as queimadas não estão "fora da média dos últimos 15 anos", mas uma nota técnica divulgada na semana passada pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia informou que, até o dia 14 de agosto, foram registrados 32.728 focos de incêndio na Amazônia Legal, número cerca de 60% maior à média dos três anteriores para o mesmo período.
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Bolsonaro afirmou que, enquanto o Brasil tem uma matriz energética limpa, "diversos países desenvolvidos, por outro lado, ainda não conseguiram avançar com seus compromissos no âmbito do Acordo de Paris". Ainda no início de seu mandato, o presidente sinalizou sua intenção de deixar o documento internacional, assinado por mais de 190 países. Pressionado, desistiu da ideia.
Além disso, em suas metas, o Brasil se comprometeu a zerar o desmatamento até 2030, uma medida que parece cada vez mais distante. Em julho, segundo o Inpe, a devastação da Amazônia foi 278% maior do que a registrada no mesmo período no ano passado.
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Redação iBahia
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