Principal alvo da operação Os Intocáveis, o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega foi expulso da Polícia Militar por suspeita de envolvimento com a contravenção. Ele teria se tornado homem de confiança de um bicheiro que provocou guerras pelo controle de territórios no Rio. Essas ligações perigosas com o crime organizado lhe renderam um conselho de justificação na Polícia Militar, que resultou em sua exoneração em 2014. Em 2005, Adriano recebeu a Medalha Tiradentes na Alerj, por indicação do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). A mãe e a mulher do ex-policial trabalhavam até o fim do ano passado no gabiente de Flávio.
Adriano era acusado de ser segurança de José Luiz de Barros Lopes, o Zé Personal, integrante da máfia dos caça-níqueis que acabou sendo assassinado em um centro espírita na Praça Seca, em 16 de setembro de 2011. O ex-policial apresentou vários recursos na Justiça para tentar ser reintegrado à PM, mas não obteve êxito.
Antes de sua explusão, Adriano já havia passado por outros conselhos de justificação na PM. Chegou a ser preso, em 2011, como um dos alvos da operação Tempestade no Deserto, que desarticulou uma quadrilha acusada de vários crimes, inclusive homicídios, relacionados a uma disputa pelo patrimônio do contraventor Waldomiro Paes Garcia, o Maninho.
Hoje, dentro da PM, são poucos os que falam sobre Adriano, que está com 42 anos. E os que falam evitam pronunciar o seu nome. Segundo investigações, depois que saiu da corporação, ele passou a chefiar não apenas o grupo de extermínio Escritório do Crime, mas também esquemas ilegais de construção nas comunidades de Rio das Pedras e da Muzema. Virou, nas palavras da promotora Simone Sibilio, do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, “um homem extremamente perigoso”.
— É um dos chefes da quadrilha. É muito violento e temido até por seus comparsas. Exerce seu poder impondo o terror e precisa ser retirado rapidamente de circulação — afirma a promotora.
Adriano entrou na PM em 1995. Depois de três anos de preparação, inscreveu-se no curso de operações especiais e passou entre os primeiros colocados para o Bope. Adriano até hoje é reconhecido como um dos mais qualificados policiais que já passaram pelo Bope. E também se revelou um dos mais cruéis. Um colega de turma conta que, como instrutor, ele fazia da vida dos aspirantes um inferno. Criava situações de humilhação ao extremo e tinha o hábito de não deixar os alunos dormirem.
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Redação iBahia
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