Denival Gomes Barreto, de 61 anos, encontrou no ciclismo uma paixão. Pedalava dezenas de quilômetros todos os dias e chegou a conquistar troféus em competições amadoras como o desafio Serra do Rio do Rastro. Mas tudo mudou na noite do último dia 3 de janeiro, quando ele sofreu um acidente e ficou tetraplégico.
O ciclista voltava de Botafogo rumo à Taquara, onde mora, quando se deparou com um obstáculo imprevisto na ciclovia da Avenida Salvador Allende. Na altura do Parque dos Atletas, na Barra, operários montavam a estrutura de um show de Gusttavo Lima. Segundo Barreto, parte da estrutura foi largada na ciclovia sem sinalização. Como era de noite, ele não enxergou a obstrução e colidiu. Apesar dos equipamentos de segurança, teve ferimentos na cabeça e fraturou quatro vértebras.
— Era por volta das 20h, estava escuro e tinha pouca gente na ciclovia. Cruzei com um casal que estava correndo, depois vi dois homens trabalhando em uma escada. Desviei deles e bati em algo. Quando vi, estava no chão — lembra ele.
Uma ambulância que estava a serviço da empresa Balada Eventos, responsável pela gestão da carreira musical de Gusttavo Lima, levou o ciclista até o Hospital municipal Lourenço Jorge, onde ele foi submetido a cirurgia e recebeu oito pinos de platina na coluna. Depois disso, no entanto, Denival diz não ter recebido mais nenhum tipo de assistência.
Em fevereiro, após receber alta hospitalar, com a necessidade de acompanhamento constante, Denival contou com a solidariedade de parentes, que se cotizaram para pagar R$ 3.500 por sua permanência em uma casa de repouso. No último dia 23, ele precisou voltar a ser internado por causa de uma infecção urinária. Agora, ele está no Hospital Miguel Couto e quer lutar na Justiça por uma reparação.
— Estou enfrentando uma luta dolorosa. O médico disse que se eu fizer fisioterapia posso ter a esperança de evoluir. Mas não tenho condição financeira nenhuma e a empresa não ajuda em nada — diz.
Tentativa de acordo
Denival era consultor de seguros, mas estava desempregado quando sofreu o acidente. A falta de plano de saúde e as dificuldades de arcar financeiramente com os custos de assistência médica, fraldas geriátricas e outros gastos preocupam parentes.
— Ele era muito cuidadoso, sempre utilizou todos os equipamentos de segurança. Tanto que o médico falou que se ele não tivesse com capacete teria morrido. Nossa preocupação agora é que ele tenha alta do hospital e não tenha como ir para um lugar onde possa ter a assistência adequada — diz a pedagoga e prima do ciclista Adriana Santoni, de 47 anos.
O advogado Giorgio Santoni, de 47 anos, que é marido de Adriana, tentou resolver a questão com a empresa de forma extrajudicial.
— A ideia era resolver isso de forma amigável, porque a família não tem condições financeiras para pagar o apoio psicológico e de fisioterapia que ele necessita. Com muita dificuldade, consegui fazer contato com a empresa. Pediram para eu enviar alguns documentos, incluindo laudos médicos, e nunca mais responderam — diz o advogado.
Filha de Denival, a estudante universitária Larissa Barreto lamenta a falta de diálogo.
— Percebemos que houve certa negligência e desinteresse em ajudar — afirma.
O EXTRA tentou fazer contato com a Balada Eventos e com a assessoria de imprensa do cantor Gusttavo Lima por e-mail e por telefone, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
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Redação iBahia
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