O corpo do professor da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, cenógrafo, carnavalesco, produtor e apresentador de televisão Fernando Pamplona, que morreu vítima de um câncer raro, foi enterrado hoje (29) no Cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio.
Segundo o jornalista e escritor Fábio Fabato, que trabalhou na autobiografia de Pamplona - O Encarnado e Branco - com Zeni Pamplona, mulher do carnavalesco, ele era um acadêmico que soube entender o povo. “No século 20, foi sem dúvida alguma um dos maiores mediadores culturais. Nenhum outro soube equilibrar o morro e o asfalto. Foi uma pessoa que se posicionou e disse: 'Vamos colocar os negros no centro da história. Vamos tirar o foco apenas de Duque de Caxias e colocar Zumbi dos Palmares, Chico Rei e Xica da Silva.' Ele deu vida aos personagens e a fatos que os livros de história escondem”, contou em entrevista à Agência Brasil durante o velório.
Fabato disse que foi muito fácil trabalhar com o carnavalesco porque ele lembrava de muitos fatos e tinha muitos documentos guardados. “Ele já tinha escrito tudo e nós precisamos apenas dar o formato do livro”, acrescentou.
Ontem (28), Fernando Pamplona completou 87 anos e segundo Fábio, toda a família estava reunida na casa dele em Copacabana, zona sul do Rio. “A família estava toda com ele, ainda esperançosa de que pudesse haver uma reversão do quadro, mas a doença estava bem avançada”, disse.
Fábio lembrou que Pamplona foi cenógrafo no Theatro Municipal, na TV Manchete e na TV Educativa (TVE), da Rede Brasil. “Ele foi cenógrafo do povo. Acho que essa é a grande definição dele”, completou.
Em abril de 2002, com a morte de Oswaldo Sargentelli, Pamplona passou a apresentar o programa de entrevistas A Verdade, na TVE. No programa, o apresentador não aparecia. As perguntas eram feitas em off e os produtores queriam alguém que tivesse uma voz potente, como era a de Sargentelli. Essa não foi a primeira vez que os dois estiveram ligados. Pamplona já havia apresentado o programa Advogado do Diabo em substituição a Sargentelli, na TV Rio.
Maria da Conceição Corujo, dona de um restaurante na Avenida Gomes Freire, próximo ao prédio da TV Brasil, onde funcionava a antiga TVE, disse que o conheceu quando Pamplona começou a trabalhar na TV e acabou se tornando amiga da família. “Ele era um pai para mim. Convivemos 29 anos. Ficou uma amizade, não só um relacionamento de restaurante. Ele era um mestre, sabia tudo, de gastronomia à arte. Era prazeroso ficar conversando e escutando o que ele falava. Ele era tudo de bom ”, disse à Agência Brasil depois do enterro do carnavalesco.
Conceição foi ontem à casa de Fernando Pamplona para dar um abraço de aniversário. Segundo ela, apesar de sofrer com a doença, estava lúcido. “Ele mandou um beijo para a minha mãe e perguntou pelo meu filho. Ele estava lúcido e hoje de manhã se foi", contou a amiga.
Veja também:
Leia também:
AUTOR
AUTOR
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!
Acesse a comunidade