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Estratégias de agricultores do Semiárido serão mapeadas

A ideia do projeto é entender como essas práticas sustentáveis têm impacto nos sistemas de produção

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03/11/2012 às 21:03 • Atualizada em 02/09/2022 às 5:12 - há XX semanas
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Estratégias inovadoras, adotadas por pequenos agricultores para enfrentar os impactos da estiagem e das inundações no Semiárido brasileiro, serão mapeadas e catalogadas a partir do ano que vem. A ideia do projeto é entender como essas práticas sustentáveis têm impacto nos sistemas de produção e na qualidade de vida das populações locais para garantir que outras famílias possam se apropriar das técnicas usadas. A iniciativa é uma parceria entre o Instituto Nacional do Semiárido (Insa), ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e a Articulação do Semiárido (ASA), rede formada por mil organizações da sociedade civil que atuam nos estados do Nordeste e em Minas Gerais. De acordo com Antônio Barbosa, coordenador de programa da ASA e um dos responsáveis pelo projeto, serão observadas as práticas de 900 famílias em nove estados (Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Paraíba, Alagoas e Minas Gerais) durante a primeira fase do projeto, marcada para começar em março de 2013. “Vamos conhecer as práticas de agricultores que têm terras com até 15 hectares, perfil que engloba cerca de 90% das famílias que vivem no Semiárido. Em um período de seca como a que temos visto, muitos deles têm sofrido as consequências, mas há outros que desenvolvem estratégias que os ajudam a passar quase sem perceber a seca. Queremos mapear essas formas de manejo, saber como são montadas as estrutura de segurança, e analisar os dados com números”, explicou. Barbosa acrescentou que os primeiros resultados devem ser conhecidos ao fim do ano que vem, com a conclusão da primeira fase. Em 2014, durante a segunda etapa, serão selecionados os exemplos com maior impacto e caráter inovador e que podem ser multiplicados com mais facilidade pelas famílias do Semiárido. Com o apoio de centros de pesquisa e universidades, serão realizados estudos de caso para avaliar, de forma científica, os impactos das estratégias na qualidade do solo e das sementes. Por fim, com base nos resultados apurados, serão formuladas sugestões de políticas públicas e de ações para outros institutos e organizações socais que atuam na região. O coordenador de pesquisa do Insa, Aldrin Martin, informou que o projeto será financiado em parte pelo ministério, e por parceiros que ainda estão sendo definidos. Ainda não há estimativa exata do valor que será necessário para a execução. Há três anos, o pequeno agricultor Abelmanto de Oliveira, construiu quatro barragens subterrâneas para armazenar a água da chuva em sua propriedade de 10 hectares, em Riachão do Jacuípe, município a pouco mais de 180 quilômetros de Salvador. Com a tecnologia, a água captada é infiltrada no solo, eleva o lençol freático e viabiliza a prática da agricultura mesmo em períodos de seca prolongada. “A última vez que tivemos chuva intensa por aqui foi há dois anos, em outubro de 2010. Mesmo assim, quem chega a esta área fica encantado, porque o efeito que a gente percebe, a olho nu, é que foi criado um verdadeiro microclima. A umidade relativa do ar aumenta e a vegetação se manifesta”, disse. Mesmo com a seca que atinge a região, ele consegue produzir feijão, milho, mandioca e hortaliças. Além disso, aproveita as margens das barragens para plantar capim para alimentação animal. O agricultor gastou R$ 120 para construir as quatro barragens com capacidade de armazenar 80 mil litros de água na superfície. “É uma técnica simples e barata que qualquer agricultor pode fazer”, destacou. Oliveira, que também tem em sua propriedade uma cisterna que acumula água da chuva para uso doméstico e uma cisterna-calçadão para produzir alimentos e matar a sede de animais, calcula que a água armazenada seja suficiente para o consumo da família pelos próximos meses. “Com as tecnologias, consigo armazenar até 1,8 milhão de litros de água em minha propriedade. A maioria das pessoas da minha região já depende de carro-pipa por causa da estiagem, mas eu ainda tenho água para beber por oito meses e para usos domésticos, como lavar roupa e tomar banho, por cinco meses”, disse.

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