A falsa médica Mariana Batista de Miranda — presa nesta segunda-feira acusada da morte de uma mulher após um procedimento estético — já tinha uma passagem pela polícia por uma suspeita de ter esfaqueado o ex-marido, um policial militar. De acordo com informações da polícia, em 13 de maio de 2017, durante uma discussão, ela teria ferido o PM.
O policial deu entrada no Hospital Geral de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, por volta das 21h30 daquele dia. Com um grave ferimento por arma branca, foi levado pra a UTI e acabou tendo o rim removido. O registro de ocorrência do ocorrido foi feito pela irmã da vítima, na 53ª DP (Mesquita). Mas, por decisão do PM, a investigação não foi adiante. Ele retirou a queixa.
Questionada pelos investigadores nesta segunda-feira sobre o esfaqueamento, Mariana disse que o ex-marido teria ficado nervoso ao descobrir um caso extraconjugal. Ele teria sacado uma arma e atirado para o alto. Em represália, Mariana o atacou com uma faca.
Suspeita começou com procedimentos há três anos
Após sua prisão, a falsa médica contou que aprendeu a fazer o procedimento com um travesti que aplicou metacril nas nádegas dela. Em depoimento, Mariana disse que começou a fazer o procedimento há três anos, quando nasceu sua filha, com o objetivo de ter uma fonte de renda para sustentar o bebê.
Ela admite ter feito seis aplicações do produto, mas os investigadores acreditam que o número real seja maior, por causa do longo tempo de atuação. Além disso, em mensagens trocadas com a vítima, Mariana chegou a dizer que estava com a agenda lotada em algumas datas.
Morte após procedimento
Mariana foi presa em casa, no município de Mesquita, na Baixada Fluminense, após uma investigação da 55ª DP (Queimados) e do Ministério Público do Rio que durou três meses. De acordo com o que foi apurado, Mariana — que é estudante de enfermagem, com o curso ainda em andamento — fazia bioplasticas utilizando substância de procedência ignorada.
A falsa médica aplicou nas nádegas de Fátima, segundo as investigações, a substância metacril. Ela foi indiciada por homício doloso (quando há intenção de matar), exercício ilegal da medicina e teve a prisão preventiva decretada pela Vara Criminal de Queimados.
Fátima passou pelo procedimento feito por Mariana em 16 de março deste ano e teve complicações, sendo internada no Hospital Federal do Andaraí, naquele bairro da Zona Norte do Rio. No dia 8 de abril, ela morreu em decorrência de choque séptico refratário, sepse cutânea e fascite necrotizante. Segundo a 55ª DP, os problemas foram uma consequência da injeção de metracril que ela havia recebido.
Segundo a investigação, Mariana aplicou um litro do produto nas nádegas de Fátima. O delegado explica que a aplicação do produto era feita com injeções de 10ml, o que significa que foram necessárias cem aplicações, ao todo.
De acordo com o Ministério Público, Mariana também prescreveu medicações à vítima depois de saber das complicações provocadas pela cirurgia. Para o MP, a acusada "assumiu o risco de matar ao realizar a aplicação da substância, mesmo sem possuir formação biomédica e, portanto, conhecimento técnico para a função".
Ainda segundo a denúncia do MP, Mariana "exerceu a profissão de médica ilegalmente, sem registro profissional ou formação, aplicando silicone industrial em diversas pessoas, com o objetivo de obter lucro financeiro".
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Redação iBahia
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