Na porta de entrada do Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha - Rio de Janeiro, faltam médicos para dar conta de tantos pacientes. Nos fundos, uma infestação de ratos no depósito de mantimentos foi flagrada por funcionários.
Na tarde desta sexta-feira, pacientes esperavam cerca de uma hora e meia por atendimento. Em alguns casos, o resultado era o encaminhamento para outras unidades, por falta de especialistas. Foi o caso da vendedora Tauane Maia e do militar Thiago Tiabães, ambos de 20 anos, que buscavam socorro para o filho Bernardo, de 2 anos.
— Ele está uma hemorragia no olho. Após uma hora e meia de espera, a pediatra nos mandou procurar oftalmologista no Souza Aguiar, no Centro — contou Tauane, que mora em Cordovil.
No início do mês, o governo demitiu 73 médicos do Getúlio Vargas, entre clínicos, pediatras e neurocirurgiões. Foram fechados os setores de oftalmologia, urologia, proctologia e otorrinolaringologia.
— A pediatra disse que os oftalmologistas foram demitidos. Para chegarmos ao Souza Aguiar, no Centro, precisamos pegar dois ônibus — lamentou Tauane.
Ar-condicionado quebrado e banheiros imundos
A vendedora Tainá da Silva Lourenço Coelho, de 28 anos, deixava o Getúlio Vargas nesta sexta-feira, após acompanhar a internação da tia, Michele Oliveira, de 38, por um mês.
— Minha tia morreu hoje de manhã na UTI. Ela deu entrada com obstrução intestinal e passou por sete cirurgias em um mês de internação. Ninguém informa a causa da morte. Só tem acadêmico e médico plantonista, que diz não saber informar nada. O hospital está em péssimas condições e acredito que minha tia morreu por infecção hospitalar — afirma Tainá.
Segundo ela, os aparelhos de ar-condicionado das enfermarias estão quebrados e, na sala em que a tia esteve internada, as janelas não abriam.
— Cada paciente levava o seu ventilador para aliviar o ar abafado. O hospital não tem lençóis nem camisolas para os pacientes internados. E os banheiros são imundos, cheios de mofo, focos de infecção — relata a vendedora.
Em nota, a Secretaria estadual de Saúde informou que a organização social Pró-Saúde, que administra o hospital, limpou o depósito externo às dependências da cozinha onde estavam os ratos e realizou ação preventiva em outros pontos do setor. Afirmou ainda que "não há problemas com a equipe de higiene e limpeza" da unidade e que "o número de profissionais de limpeza é adequado e atende às necessidades do hospital".
Sobre a falta de oftalmologistas, a secretaria alega que o Getúlio Vargas “funciona dentro do perfil de urgência e grande emergência e, por isso, não possui serviço de oftalmologia em emergência”.
A Secretaria estadual de Saúde respondeu ainda que não há problema de rouparia na unidade e que o Getúlio Vargas tem algumas enfermarias com ar-condicionado, “porém não há obrigatoriedade da instalação deste tipo de equipamento em enfermarias”.
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Redação iBahia
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