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"Tomarei medidas judiciais", garante Orlando Silva |
O ministro do Esporte, Orlando Silva, se mostrou revoltado com a reportagem publicada na manhã deste sábado pela revista "Veja", o acusando de participação em um esquema de desvio de dinheiro público. Segundo ele, que está na cidade de Guadalajara-MEX acompanhando o primeiro dia dos Jogos Pan-Americanos, a matéria traz um "conjunto de invenções e calúnias" e que isso será tratado na Justiça. "De pronto, quero repudiar as mentiras que foram publicadas. Causou surpresa o conjunto de invenções e calúnias. Tomarei medidas judiciais e moverei ação penal contra duas pessoas. Solicitei ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que fosse aberto inquérito criminal para que fossem apurados os fatos citados. O único momento em que encontrei um dos caluniadores (João Dias Ferreira) foi numa audiência em 2004, se não me engano, a pedido do então ministro Agnelo Queiroz. A segunda pessoa (Célio Soares) não faço ideia de quem seja. São acusações gravíssimas, tomarei medidas judiciais e solicitarei que a Polícia Federal apure as denúncias. Em alguns momentos, tive notícias por assessores que essa pessoa fazia insinuações e até ameaças. Não temo nada do que foi publicado na revista", rebateu o ministro. Orlando Silva, que ainda tem uma agenda a cumprir em Guadalajara, chega ao Brasil neste domingo (16). Ele afirmou acreditar que a denúncia tenha fundo político e levantou a possibilidade de que se trate de uma retaliação ao aumento do rigor na adesão de empresas ao programa Segundo Tempo, que libera dinheiro para crianças carentes. "Esse ano, os parceiros passaram a ser escolhidos por seleção pública, porque houve mais mais pedidos do que possibilidade de atender à demanda. Também passamos a não realizar convênios com entidades privadas, pois as públicas garantem um melhor sistema de controle. Existe um processo no Tribunal de Contas da União para que a empresa relacionada a um dos acusadores devolva o investimento de cerca de R$ 3 milhões. Antes disso, houve a possibilidade de que houvesse uma prestação de contas mais clara, o que não aconteceu", afirmou Silva. O ministro disse estar sereno, mas indignado com as acusações. Além disso, afirmou ter conversado na manhã deste sábado com a presidente Dilma Rousseff, que, segundo ele, recomendou que não alterasse sua agenda de compromissos. Orlando Silva disse estar disposto a rebater em Brasília qualquer insinuação. "Me coloco à disposição de ir ao Congresso já nesta semana e coloco meus sigilos fiscal e bancário à disposição dos órgãos de controle. Estou indignado, porque um bandido me acusa e eu preciso me explicar. Agora, o sentimento é de defesa da honra. Existem pessoas na política que não se incomodam com acusações, mas felizmente eu ainda tenho sensibilidade", falou. Segundo a revista, o policial militar João Dias Ferreira, preso em 2010 pela polícia de Brasília, disse que o ministro e coordenador principal da preparação brasileira para a Copa do Mundo de 2014 teria atuado como gerente de um esquema de desvio de recursos do programa Segundo Tempo, do ministério, e até recebido em mãos dinheiro do mesmo. O programa libera recursos para compra de materiais esportivos e alimentação de crianças carentes em projetos relacionados a esportes e é baseado em parcerias com prefeituras, governos estaduais e ONGs.
Oposição - O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Duarte Nogueira (SP), defende que o ministro Orlando Silva seja afastado do cargo enquanto as denúncias forem apuradas. Em nota, Nogueira comunicou que vai entrar com representação na Procuradoria-Geral da República pedindo que tanto o ministro como o governador do DF, Agnelo Queiroz, sejam investigados. "O Ministério do Esporte está à frente das obras e preparativos para a Copa e as Olimpíadas e isso envolve a administração de bilhões de reais. O ministro não pode estar sob suspeição, acusado de montar esquemas de corrupção. As denúncias precisam ser apuradas", diz o comunicado. Ainda de acordo com Nogueira, o PSDB já havia pedido no início do ano que os convênios do programa Segundo Tempo fossem investigados. "As denúncias envolvendo o ministro e o programa Segundo Tempo são recorrentes. É preciso uma investigação profunda. Há fortes indícios de que, para participarem do programa, as ONGs eram escolhidas a dedo, ligadas ao PCdoB, e pagariam propina pelo convênio. Isso é muito sério, um esquema criminoso. É dinheiro público indo pelo ralo". Já o ministro disse não acreditar que as denúncias afetem a preparação do Brasil para a Copa do Mundo de 2014. "Imagino que nada disso atrapalhe, pois se tratam de calúnias. Além disso, o ônus da prova é de quem acusa, e não há prova ou hipótese de que haja prova".