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Morrer de trabalhar é uma opção?

Funcionários de um centro de atendimento da Amazon, no Colorado, Estados Unidos, se revoltaram após a empresa supostamente forçá-los a “literalmente caminhar sobre um cadáver” depois que um colega de trabalho sofreu um ataque cardíaco fatal

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Celso Martins

13/01/2023 às 12:22 - há XX semanas
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					Morrer de trabalhar é uma opção?

Funcionários de um centro de atendimento da Amazon, no Colorado, Estados Unidos, se revoltaram após a empresa supostamente forçá-los a “literalmente caminhar sobre um cadáver” depois que um colega de trabalho sofreu um ataque cardíaco fatal.

As informações são do New York Post, um dos principais jornais dos Estados Unidos, e têm despertado ainda mais críticas ao sistema adotado pela gigante do e-commerce, que tem ganhado cada vez mais espaço no Brasil.

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Enquanto por aqui estão sendo lançados dezenas de cursos gratuitos que ensinam a vender no super marketplace, levando cada vez mais vendedores para dentro da plataforma, os funcionários da companhia vem criticando veementemente as condições de trabalho oferecidas pela empresa milionária, que, segundo eles, oferece seus serviços e produtos ao público em troca de uma mão de obra cada vez mais insatisfeita.

Expansão

“Recentemente” chegada ao Brasil (mais precisamente, em 2019), a Amazon tem demonstrado interesse em aproveitar a gigantesca população brasileira para expandir suas operações.

As ambições por hora manifestadas pela companhia, não dizem muito a respeito de questões sociais ou trabalhistas.

Em entrevista à Época Negócios, o diretor de Tecnologia da Amazon na América Latina, declarou que a empresa tem buscado soluções para dois eixos principais: resolver problemas logísticos para reduzir o tempo de entrega, e facilitar os trâmites tributários.

Por aqui, a companhia está fortemente dependente dos serviços de logística nacionais.

Os Correios são  a principal forma para envios de encomendas, que podem demorar mais de 10 dias para serem entregues. 

Nos Estados Unidos, a Amazon tem conseguido realizar entregas no mesmo dia, e buscando reduzir ainda mais esse prazo.

O que tem sido colocado em questão não é a capacidade da empresa em ser lucrativa e crescente, mas sim a possibilidade de fazer isso sem que seus funcionários paguem o preço pelo seu progresso.

O Caso de Colorado

Segundo um porta-voz da Amazon, a fatalidade aconteceu às 5 da manhã de 27 de dezembro.

Rick Jacobs, de 61 anos, estava prestes a voltar para casa depois de trabalhar durante a noite no armazém DEN4 em Colorado Springs, quando desabou no chão.

Testemunhas que trabalham no mesmo armazém e não quiseram ter seus nomes divulgados, declararam ao jornal The Guardian, da Inglaterra, que os gerentes da fábrica supostamente isolaram o corpo de Rick usando caixas de papelão, enquanto os funcionários que chegavam para o turno da manhã eram forçados a continuar trabalhando a poucos metros de distância.

A Amazon, cujo fundador é o bilionário Jeff Bezos, fez os funcionários “literalmente passarem por cima de um cadáver para ganhar mais dinheiro”, escreveu um funcionário anônimo da instalação no Reddit, um agregador de notícias muito utilizado pelos americanos.

A longa postagem do funcionário expôs uma cena horrível enquanto os trabalhadores apareciam para o turno.

“Quando cheguei às 6h30 desta manhã, vi o caminhão de bombeiros, a ambulância e o departamento de polícia ainda nas instalações. Sem saber por que eles estavam lá, todos nós batemos o ponto e começamos a trabalhar.”

“Foi quando descobrimos por um funcionário do turno da noite (não da gerência) que alguém havia morrido e essa pessoa ainda estava na instalação”, continuou. “Havia alguns funcionários que estavam trabalhando a menos de 3 metros de distância do falecido (que estava coberto).”

“Não consigo nem começar a dizer o quanto estou chateado e zangado com o desrespeito pela vida humana da Amazon e de nosso gerente geral Nick McKeen.”

A postagem dizia: “Ninguém deveria ter sido instruído a trabalhar ao lado de um cadáver, principalmente depois de testemunhá-lo. … Nenhum aviso antes de entrar no prédio. Nenhum conselheiro no local”.

O funcionário acrescentou: “Alguns dias depois, simplesmente divulgaram um panfleto nos informando sobre como receber aconselhamento de saúde mental”.

Outro funcionário anônimo postou uma mensagem no Facebook criticando a empresa por supostamente isolar o corpo com caixas de papelão enquanto os funcionários trabalhavam nas proximidades.

Um porta-voz da Amazon refutou veementemente as alegações de que os trabalhadores estavam em qualquer lugar perto do corpo ou que ele foi isolado.

A empresa declarou ao The Guardian que os gerentes cercaram o corpo por privacidade e segurança.

“É muito decepcionante ver que uma postagem incorreta, em uma mídia social, está ofuscando esse trágico evento”, disse o porta-voz.

O representante da Amazon também disse: “Qualquer um que quisesse tirar uma folga naquele dia poderia fazê-lo. Serviços de apoio foram oferecidos a qualquer funcionário que precisasse.”

O NY Post entrou em contato com Nick McKeen em busca de comentários, obtendo a seguinte resposta:

“Estamos profundamente tristes com a perda de nosso colega que faleceu em 27 de dezembro. Nossas condolências estão com sua família e amigos durante este período difícil e estamos oferecendo serviços e apoio a eles e seus colegas enquanto estão de luto.”

No ano passado, quatro funcionários do armazém da Amazon morreram no trabalho.

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