A mãe de uma menina de 4 anos está defendendo que sua filha possa ir para a escola com o cabelo solto após uma professora ter sugerido uma mudança de visual porque os colegas de turma "não estavam se adaptando" à aparência dela. A direção da Escola Municipal de Educação Infantil Estrada Turística do Jaraguá, em São Paulo, definiu algumas medidas a serem seguidas, como ações pedagógicas com os alunos de respeito à diversidade.
Segundo a cuidadora Janaína dee Oliveira Martins, de 32 anos, sua filha, Gabriela, reclamava muito que ninguém brincava com ela. Quando foi à escola conversar com a professora, ela ouviu uma recomendação inesperada.
— A professora perguntou se eu podia dar um jeito no cabelo da minha filha, prender ou fazer tranças, porque as crianças não estavam se adaptando, estavam achando estranho o tipo de cabelo dela. Eu falei que não — relatou Janaína.
Sempre que a mãe perguntava como tinha sido o dia na escola, a menina dizia que não tinha ninguém para brincar com ela. Por isso, muitas vezes acabava sozinha no recreio. A professora percebeu que os colegas de turma a isolavam e ainda contou para Janaína que as crianças estavam chamando Gabriela de feia.
A mãe da menina não admitiu que sua filha sofresse esse tipo de preconceito e ainda tivesse que mudar sua aparência para agradar outras pessoas.
— Falei para a professora: "Qual é o seu papel? Não é o de ensinar? Então por que você não ensina às crianças que preconceito é feio? E que elas têm que brincar com ela (Gabriela) do jeito que o cabelo dela é. E não eu ter que trançar para outros gostarem dela, agradando meia dúzia da escola" — ressaltou Janaína. — Falei que ia procurar a direção da escola e ela falou que isso não ia adiantar, que isso não acontece só na sala de aula. Ela comentou que o cabelo dela é "ruim" e ela alisa. Só que minha filha tem 4 anos, não tem lógica eu alisar o cabelo da minha filha, eu não vou alisar para agradar ninguém. Ela vai vir do jeito que ela é. Eu não vou mexer no couro cabeludo dela porque é sensível e pode machucar. Ela vai vir de cabelo solto, sim.
A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo informou, em nota, que "a Diretoria Regional de Educação (DRE) Pirituba lamenta o episódio ocorrido em 22/08" e que abriu um procedimento disciplinar contra a professora envolvida.
"Em reunião feita na segunda-feira (3/9), pela Comissão de Mediação de Conflitos, a DRE acolheu a família e prestou todos os esclarecimentos. Além disso, está realizando ações pedagógicas com os alunos da sala em que a criança estuda, onde estão sendo abordados temas como o respeito à diversidade. Os pais já informaram à direção escolar que não querem que a criança seja trocada de sala ou período para que não haja prejuízo pedagógico", afirma o comunicado.
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Redação iBahia
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