A justiça de Araras (SP) recebeu a denúncia contra o padre Pedro Leandro Ricardo, sob acusação de atentado violento ao pudor contra quatro ex-coroinhas da diocese de Limeira, no interior de São Paulo.
O religioso está afastado da igreja desde janeiro, quando passou a ser formalmente investigado pela polícia nas cidades de Limeira, Americana e Araras.
O juiz Rafael Pavan de Moraes Filgueira determinou a retenção do passaporte do religioso para evitar risco de fuga para o exterior. No despacho nesta quarta-feira (11), o magistrado também proibiu o padre de manter contato com as vítimas, familiares e testemunhas. Caso descumpra algumas das medidas cautelares, o padre pode ser preso preventivamente.
Na denúncia, o Ministério Público considerou que o padre usou de sua "ascendência sobre as vítimas, em diversas oportunidades, mediante violência e grave ameaça, para praticar atos libidinosos contra a dignidade sexual" de três adolescentes e uma criança de 11 anos no período de 2002 a 2006.
"É dos autos que o denunciado, padre da igreja católica, exercia autoridade moral e inegável influência sobre os membros de sua comunidade religiosa. Nessa qualidade, atraía criança e adolescentes para a função de “coroinha”, bem assim para as tarefas cotidianas da igreja, com o propósito último de satisfazer sua lascívia", sustenta o promotor no documento, que está sob sigilo e a que O GLOBO teve acesso.
Em nota, a defesa do padre afirmou confiar em sua inocência e na Justiça. O advogado de Leandro, Paulo Sarmento, disse que a denúncia será "integralmente rechaçada" durante a produção de provas no processo.
"Quanto às medidas cautelares determinadas, todas serão cumpridas , salientando-se que o Padre Leandro nunca manteve nenhum contato com a supostas vítimas e ou seus familiares ou com as testemunhas arroladas pela acusação. Confiamos na Justiça e na inocência de nosso cliente", disse o advogado.
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Renúncia de bispo e padres afastados
Já faz mais de um ano que a diocese de Limeira enfrenta denúncias de corrupção e assédio sexual de menores. O caso levou à renúncia do bispo Vilson Dias de Oliveira, que também responde a inquéritos e foi acusado de extorsão de outros padres, além de fechar os olhos para abusos do padre Leandro.
Na semana passada, a diocese afastou o padre Diego Rodrigo dos Santos. A suspensão ocorreu em paralelo às investigações que já resultaram no afastamento de outros dois religiosos.
Em março, O GLOBO revelou denúncias de seis padres que afirmaram que o bispo Dom Vilson Dias de Oliveira condicionava a pagamentos em dinheiro a permanência ou a transferência de subordinados em determinadas igrejas, sobretudo as de regiões mais ricas. De acordo com os padres, o sacerdote não escondia que seus “pedidos” eram para uso pessoal, como móveis, despesas de obras e melhorias nos 10 imóveis que possui e até festas.
Em fevereiro, outra reportagem antecipou que o Vaticano usaria as denúncias de abusos de menores e corrupção que abalam a diocese de Limeira, como exemplo da nova política de tolerância zero da Igreja contra esse tipo de crime.
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Redação iBahia
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