Um estudo detalhado sobre os ganhos e os gastos das classes C, D e E trouxe um dado novo sobre a classe C, considerada a nova classe média do país: a renda dessa parcela da população não é tão estável quanto se pensa. Na verdade, tanto o valor e as fontes de rendimento tendem a mudar, às vezes drasticamente, mês a mês. “Podemos dizer que a classe C é classe média quando dá”, diz Luciana Aguiar, sócia diretora da Plano CDE, consultoria especializada em baixa renda, responsável pelo estudo.Mestre em matemática explica como completar álbum da Copa gastando R$ 130Cerca de 52% dos brasileiros admitem comprar por impulso, diz SPCAlta rotatividade da Geração Y prejudica empresas e trabalhadoresA pesquisa foi feita com 120 famílias, de 64 comunidades de centros urbanos em quatro capitais - Salvador, Recife, São Paulo e Rio Janeiro. O estudo foi encomendado e pago pelo Consultative Group to Assist the Poor (CGAP), um organismo internacional baseado no Banco Mundial. Por causa do número reduzido de entrevistados, não tem valor estatístico, mas seu diferencial é a profundidade.Os pesquisadores tiveram acesso irrestrito à contabilidade das famílias por seis meses, o que faz com que os resultados tracem uma radiografia dos padrões de comportamento dessa parcela da população. “A pesquisa é baseada no que se chama de Diários Financeiros, que acompanham as fontes de receita e os gastos”, diz Luciana. “É um tipo raro de acompanhamento, que permite uma investigação do orçamento familiar e de como as pessoas lidam com o dinheiro e as dívidas”. O orçamento de todas as famílias pesquisadas variou ao longo dos seis meses. Uma delas atravessou quase todas as classes: pobre, vulnerável, passou três vezes pela classe C e, por fim, entrou na B. Segundo Luciana, isso ocorre porque apenas uma parte da renda é certa - e nem sempre por causa de um emprego com carteira assinada. Aposentadoria, pensão, Bolsa Família, Bolsa Carioca e outros benefícios sociais, muitas vezes, são a única parcela fixa da renda. O restante é coberto por bicos e atividades paralelas, como venda de cosméticos ou fazer salgados para fora. “Essa camada da população é mais vulnerável do que parece e precisa de apoio para se consolidar”, diz. No longo prazo, a nova classe média precisa acumular ativos - educação, qualificação profissional, acesso ao sistema financeiro, um espaço para empreender, já que a maioria não tem trabalho formal.
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