O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, afirmou que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, que desapareceram na Amazônia, deveriam ter comunicado aos órgãos de segurança sobre a viagem ao Vale do Javari. Segundo Xavier, eles erraram ao não pedir autorização à Funai para acessar o local.
"Esta não foi uma missão comunicada à Funai. A Funai não emitiu nenhuma permissão para ingresso. É importante que as pessoas entendam que quando se vai entrar numa área dessas, existe todo um procedimento", disse Xavier, que é delegado da Polícia Federal e apoiado pela bancada do agronegócio no Congresso Nacional. Segundo ele, é "muito complicado quando duas pessoas apenas decidem entrar na terra indígena sem nenhuma comunicação aos órgãos de segurança e à Funai", disse ele na quarta-feira (8) ao programa jornalístico oficial Voz do Brasil, transmitido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
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De acordo com Xavier, há cerca de 15 servidores da Funai envolvidos nas buscas. Na rádio Jovem Pan, também na quarta-feira, o presidente do órgão já havia criticado o repórter e o indigenista.
"O problema é que, infelizmente, as pessoas sabem do risco e insistem em ir lá sabendo desses riscos. À Funai, agora, o que cabe fazer é atuar efetivamente para tentar localizar essas pessoas e colocar bem claro às pessoas que pretendem ir nas áreas de indígenas isolados, que façam o procedimento correto que é pedir a autorização para a Funai e não se coloquem em risco", disse ele.
Em nota, a enditade Indigenistas Associados (INA), que reúne servidores da Funai, afirmou que as declarações de Marcelo Xavier são "equivocadas". Segundo a INA, os dois não entraram na área do Vale do Javari demarcado como terra indígena e, portanto, não seria necessário pedir autorização.
"Não é verdade que Bruno e Dom tenham sido descuidados com solicitação de autorização de ingresso em terra indígena. Simplesmente, porque não ingressaram em terra indígena. A expedição realizada transcorreu nas imediações, mas não no interior da Terra Indígena Vale do Javari", disse a entidade, em nota.
Bruno e Phillips
Ao longo da última década, Bruno Aaraújo Pereira foi coordenador regional da Funai de Atalaia do Norte, que compreende justamente a área onde ele foi visto pela última vez. O servidor deixou o cargo em 2016, durante um intenso conflito registrado entre povos isolados da região.
Em 2018, Bruno se tornou o coordenador-geral de Índios Isolados e de Recém Contatados da Fundação Nacional do Índio (Funai), quando chefiou a maior expedição para contato com índios isolados dos últimos 20 anos. Contudo, foi exonerado do cargo em outubro de 2019, após pressão de setores ruralistas ligados ao governo do presidente Jair Bolsonaro.
Conforme a Univaja, nos últimos anos, ele atuava na sede do órgão, em Brasília.
Bruno faz expedições com Phillips na região onde os dois sumiram desde 2018, de acordo com o Guardian.
O jornalista mora em Salvador e faz reportagens sobre o Brasil há mais de 15 anos para veículos como Washington Post, New York Times e Financial Times, além do Guardian. Ele também está trabalhando em um livro sobre meio ambiente com apoio da Fundação Alicia Patterson.
Em uma rede social, Jonathan Watts, editor do Guardian, disse que o jornal está preocupado e procurando informações sobre o colaborador.
“O Guardian está muito preocupado e procurando urgentemente informações sobre o paradeiro de Phillips. Estamos em contato com a embaixada britânica no Brasil e autoridades locais e nacionais para tentar apurar os fatos o mais rápido possível”, escreveu Watts.
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Redação iBahia
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