O Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) realiza amanhã (30) a fase inicial da primeira Olimpíada Mirim de Matemática (Obmep Mirim), com aplicação de provas para estudantes do 2º ao 5º ano do ensino fundamental da rede pública. “Agora estamos do segundo ano do ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio”, comemorou nesta segunda-feira (29), em entrevista à Agência Brasil, o diretor da Obmep e diretor adjunto do Impa, Claudio Landim.
É a primeira competição científica nacional da área voltada para alunos tão jovens. Em 2018, o Impa começou o processo de inclusão dos anos iniciais com a Obmep - Nível A, voltada para estudantes dos 4º e 5º anos do ensino fundamental. Agora, com a Olimpíada Mirim, o projeto foi ampliado para atender às crianças do 2º e do 3º ano e constitui expansão da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), criada em 2005 pelo instituto.
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Para Landim, a inclusão dos estudantes dos primeiros anos do ensino fundamental na Olimpíada de Matemática foi uma vitória para o Impa. “Era um sonho antigo, porque nós sabemos que é nos anos iniciais que há um grande gargalo do ensino da matemática no país”. Segundo ele, o problema é que os alunos chegam no sexto ano com algumas lacunas e deficiências e isso vai repercutir na vida dos estudantes porque, em matemática, “se você não aprendeu um conceito, vai ser muito difícil aprender outros mais profundos que dependem desse primeiro”.
Claudio Landim disse também que nos primeiros anos de aprendizagem, os professores são formados, em sua maioria, em pedagogia. As instituições universitárias oferecem, muitas vezes, apenas um único curso de matemática para os futuros pedagogos. “Então, eles chegam na universidade sem saber muita matemática, não aprendem matemática e, portanto, chegam na sala de aula com uma formação deficiente. E são eles que vão ensinar os primeiros passos de matemática para as nossas crianças. Isso é preocupante”.
Projeto
A Obmep Mirim propõe uma prova que Landim considera ser, na verdade, uma recreação para as crianças, mas que junto com isso, produz material didático para tentar estimular os professores a desenvolverem atividades em sala de aula. “Não é apenas uma prova que está sendo proposta, mas todo um projeto, para tentar melhorar a qualidade do ensino da matemática no país”.
Mais de 2,7 milhões de estudantes do 2º ao 5º ano do ensino fundamental da rede pública vão participar da primeira fase da Olimpíada Mirim, representando quase 19 mil escolas, de mais de 3 mil municípios.
Claudio Landim espera que, nas próximas edições, a adesão seja bem maior. Devido à restrição de orçamento, o Impa não pôde enviar às escolas a versão impressa das provas dessa primeira fase da Olimpíada Mirim, o que impossibilitou que muitas instituições pudessem participar.
A primeira etapa consiste em uma prova classificatória com 15 questões de múltipla escolha. “Espero que, nos próximos anos, nós tenhamos novos parceiros, porque essa prova só foi possível graças ao apoio da B3 Social, e possamos mandar as provas impressas, como fazemos do sexto ano do fundamental ao terceiro ano do ensino médio. Isso, com certeza, vai aumentar a adesão”.
Após a realização das provas da primeira fase da Obmep Mirim, as escolas classificarão 10% de seus alunos para a segunda fase, marcada para o dia 11 de outubro, também composta de uma prova com 15 questões objetivas. O conteúdo das provas corresponde ao grau de escolaridade dos alunos, que são divididos nos níveis Mirim 1 (2º e 3º ano do Ensino Fundamental) e Mirim 2 (4º e 5º ano do Ensino Fundamental).
Expansão
Claudio Landim informou que, este ano, a Obmep Mirim será dedicada somente para alunos de escolas da rede pública de ensino. Mas, assim como a Obmep em 2017 passou a receber alunos de escolas particulares, disse que o projeto, em breve, é oferecer a prova para alunos de escolas privadas.
Ao contrário das provas do sexto ano do ensino fundamental, as provas da Obmep Mirim são corrigidas pelos professores das próprias escolas. Por isso, vai ficar a cargo da escola divulgar os resultados e estabelecer as faixas de premiação para receber as medalhas de ouro, prata e bronze.
“É uma ação totalmente descentralizada. O Impa vai sugerir apenas algumas faixas de corte, mas as escolas vão ter autonomia para decidir”. O Impa solicitou apenas que as escolas lhe enviem os resultados.
A 1ª Olimpíada Mirim é uma realização do Impa, com apoio da B3 Social, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), além da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM). A competição é promovida pelos ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e da Educação (MEC).
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Agência Brasil
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