"Não me diga mentirinhas, dói demais". A frase, tirada de uma das canções da novela Chiquititas combina com a data desta sexta, 1 de abril, dia mundial da mentira, mas atire a primeira pedra quem nunca contou uma mentirinha sequer.
O ato de mentir está intrínseco ao ser humano e é estudado por filósofos desde que o mundo é mundo, mas não há comprovação científica que evidencie a falácia de que "homem mente mais do que mulher".
"A mentira é entendida por muitos de duas formas, a estudada pela psicanálise com base nos filósofos, como Freud, que entende a mentira como um distúrbio da comunicação. E a religiosa, que acredita que a mentira é algo do diabo e que quem mente não vai para o céu. Mas é um fato, todos nós, em algum momento da vida, já contamos alguma mentira", afirma o doutor Pablo Vinícius, médico psiquiatra e pesquisador ao iBahia.
De acordo com o psiquiatra e palestrante, para um fato ser considerado mentira ele ser contato de forma consciente. O ser humano que repassa uma mentira planeja contá-la.
"Uma mentira ela é consciente. Para ser mentira, precisa ser dolo, quando alguém quer cometer ou assume o risco de cometê-la. Quando não é desta forma, é considerada um erro, um equívoco", que segundo o doutor não deve ser julgado da mesma forma, já que costumam acontecer quando temos apenas metade da informação.
Por este lado, é possível entender que a mentira não necessariamente é uma coisa ruim. O que é claro, não dá passe livre para mentir por aí.
"Em algumas situações, a mentira pode ter um efeito benéfico, como por exemplo quando você tem uma situação com um familiar e minimiza a história para não causar danos desnecessários".
Mas e quando a "mentirinha" se torna uma verdadeira dor de cabeça? A mitomania, também conhecida como "doença da mentira" e "mentira patológica", acontece quando o ser humano produz mentiras de forma intencional e constante, que pode estar relacionado a transtornos de personalidades.
"O mentiroso patológico começa com coisas pequenas e quando vê já resultou em problemas para a família, o trabalho, a vida pessoal. Um mitomaniaco não sente culpa pela mentira que conta", afirma o psiquiatra.
A doença pode dar seus primeiros indícios na infância, e com isso, o profissional alerta pela importância de trazer aquele indivíduo para a realidade sempre que possível.
"A mitomania costuma surgir entre a infância e a adolescência. A criança, ela tem seu mundo fantasioso, mas é muito importante trazer essa criança para a realidade. Não podemos quebrar os encantos, mas precisamos explicar, por exemplo, que ela não pode voar como uma fada, já que não temos asas e se tentarmos isso podemos morrer", pontua.
A ajuda profissional em casos de mitomania é necessária, mas pouco buscada e difícil de ser realizada, já que uma pessoa que mente compulsivamente não acredita que tenha um problema.
"A abordagem precisa ser cuidadosa. Não dá para chegar em uma pessoa e falar 'você mente demais, vá para um psiquiatra', porque eles não vão".
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Redação iBahia
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