Durante a carreira, Caetano Veloso fez parcerias que marcaram gerações, além de composições que brilharam nas vozes de outros artistas. Em 2018, ele lançou mais um “feat”, como diriam os mais modernos, de sucesso: com os três filhos, Moreno, Zeca e Tom.
Em Ofertório, Caetano se apresenta ao lado dos filhos, com um repertório com clássicos da carreira, passando pela história da família, além de composições dos herdeiros. “É um show familiar, nascido da minha vontade de ser feliz", explicou ele em uma das primeiras apresentações da turnê, no Rio de Janeiro.
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Moreno Veloso é o mais velho, fruto do primeiro casamento com Andréa Gadelha. Zeca e Tom são filhos do casamento atual, com Paula Lavigne. Em 2015, o cantor escreveu de que forma cada um dos herdeiros o influenciou musicalmente.
“Moreno me mostrou Buika, Zeca me mostra James Blake, Tom me faz reouvir os Mutantes da fase progressiva, o Yes, o Clube da Esquina e o Amoroso de João. O mundo só faz sentido para mim por causa dos meus filhos", derreteu-se.
Em entrevista à Nelson Mota, em 2021, publicada no YouTube, Caetano revelou que o desejo de ser pai só surgiu aos 28 anos, quando estava exilado em Londres. "Eu tinha pena dos meus amigos que tinham filho. Quando Moreno, meu primeiro filho, nasceu, foi a coisa mais importante que aconteceu na minha vida adulta", disse ele.
Moreno Veloso
Ele nasceu em Salvador, em 1972, quando Caetano voltou do exílio londrino. Moreno cresceu cercado de música e aos nove anos começou a aprender a tocar violão. No entanto, chegou a estudar física na faculdade. Ao mesmo tempo, ele montava o primeiro disco de estúdio de gravação com um amigo. Em 2000, lançou seu primeiro álbum, intitulado Máquina de Escrever Música.
Com o pai, em Ofertório, ele canta músicas como Um Canto de Afoxé para o Bloco do Ilê e How Beautiful Could a Being Be, escrita por ele e oferecida à Caetano.
Antes de Ofertório, Moreno já havia participado ao lado do pai do projeto Refavela 40, com Gilberto Gil e Céu. "Meu projeto com meu pai e com meus irmãos mostra uma ligação caseira, familiar com a música, estritamente sanguínea", explicou ele em entrevista ao Correio do Povo, em 2017. "Demorou para a gente juntar todos nós, mas conseguimos e o que parece é que estamos em casa tocando e não num palco, tamanha é a liberdade e o ficar à vontade de cada um de nós."
Zeca Veloso
O filho do meio de Caetano, Zeca Veloso, começou a toca violão aos 8 anos. Passou pelo baixo, pelo piano e ainda dedicou-se a música eletrônica durante a adolescência. Ao O Globo, ele contou que começou a compor aos 21 anos. "Fiz uma música bem ruim. Mostrei pro Tom, que gostou um pouco. Meu pai não. Todo Homem foi a segunda. Essa meu pai gostou". A música foi tema de abertura da série “Onde Nascem os Fortes”, do Globoplay,
Todo Homem faz parte do repertório de Ofertório, e é cantada por ele, Moreno e Caetano. Ao homenagear o filho nas redes sociais pelos 26 anos, completados em março de 2022, o herdeiro de Dona Canô exaltou o talento do filho, a quem ele se refere como "filhinho".
"Hoje é aniversário do meu filhinho querido, @zecalveloso. Ele está focado na feitura do álbum. Toda música dele é especial. A maior festa de aniversário pra mim foi gravar com Moreno, Tom e ele uma canção que ele fez pra a gente cantar junto. Que todas as bênçãos caiam sobre ele, que tudo concorra para fazê-lo feliz, sempre muito mais feliz", escreveu.
Tom Veloso
Tom herdou o nome de Tom Jobim por ter nascido no mesmo dia, só que no ano de 1997. O caçula de Caetano é o melhor tocador de violão da família, segundo o próprio pai. “Letrista e melodista à altura da mais fina tradição brasileira”, escreveu o artista no aniversário de 25 anos do filho mais novo.
É apaixonado por futebol e durante a infância não se encantou pela música. A paixão pela profissão do pai chegou e em 2011 fundou a Dônica, banca criada junto com José Ibarra (vocalista e pianista), Miguel Guimarães (baixista), André Almeida (baterista) e Lucas Nunes (guitarrista), quando ainda era adolescente. Em 2015, lançaram o primeiro disco - que foi produzido por Milton Nascimento.
Tom é pai de Benjamim, neto mais novo de Caetano. Em homenagem ao neto, que nasceu em 2020, ele compôs a música Autoacalanto. Na letra, ele diz: "O autoacalanto de Benjamim / que por enquanto é o caçula de mim / é um deslumbramento / ele emula o canto de um querubim".
Filhos religiosos, pai ateu
Em diversas entrevistas, Caetano já comentou a relação dos filhos com a religião. Dois deles, Zeca e Tom, são evangélicos e fazem parte da Igreja Universal.
Em 2017, quando lançou a música Todo Homem em parceria com o pai e o irmão Tom, Zeca Veloso refletiu em entrevista ao jornal O Globo sobre a relação com a igreja Universal.
"Tive o primeiro contato com a fé cristã aos 10 anos. Desde então creio. Isso foi muito importante para minha vida. (O preconceito religioso) chega em mim, mas a fé me faz tão bem, em harmonia com minha família, que qualquer intolerância não tem importância", disse.
Em 2011, à revista Serafina, o patriarca afirmou que "qualquer coisa que faça bem aos meus filhos faz bem para mim". "Minha geração teve que romper com a religiosidade imposta, a deles teve que recuperar a religiosidade perdida", refletiu.
Se Zeca e Tom são cristãos, Moreno se identifica com o candomblé, atrai-se pelo hinduísmo e é católico franciscano, segundo o próprio Caetano. "Eu não sou religioso. Mas não tenho medo da religiosidade dos meus filhos. Temos sempre conversas muito claras. De minha parte, não vejo o crescimento das igrejas evangélicas no Brasil como algo negativo. Nunca vi assim", disse ele ao Estadão em 2017.
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Cláudia Callado
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