Uma informação que os produtores de “Cemitério maldito” querem que você saiba é que o filme, em cartaz a partir de hoje, é uma adaptação direta do romance de Stephen Kin g, publicado em 1983, e não um remake do longa de 1989. Outra coisa — que eles revelam apenas após uma certa insistência — é a opinião sobre o cultuado terror dirigido por Mary Lambert, com roteiro do próprio King — e, claro, a canção “Pet Sematary” , que viraria um dos maiores sucessos dos Ramones.
Se a missão de fazer uma adaptação à altura do romance foi bem-sucedida, é outra história. Em geral, as críticas americanas se dividiram entre quem achou a releitura perturbadora e quem a considerou uma ruminação genérica da anterior . Nas redes sociais, o autor da obra deixou claro pertencer ao primeiro grupo (“É assustadora”, escreveu King). De toda forma, o “Cemitério maldito” de 2019 traz um desfecho surpreendente até para os fãs mais obcecados. E, acredite, ainda mais sombrio.
— Stephen King é conhecido pelo terror, mas ele é, na verdade, muito sentimental. É um homem com coração grande, o que dá pra ver até em obras como “O iluminado”. Não é o caso de “Cemitério maldito” — diz o codiretor Dennis Widmyer, ao lado do colega Kevin Kölsch, durante uma pausa nas filmagens do longa em Saint-Lazare, subúrbio de Montreal, Canadá. — A trama aborda a queda de uma família na espiral do desespero e do luto. Não há final feliz. É isso o que torna a obra tão marcante. Entendemos logo que poderíamos fazer mudanças, mas jamais nos distanciarmos do espírito do livro.
Para quem não se lembra, “Cemitério maldito” acompanha a família Creed , que se muda para uma área rural de Maine, EUA (onde se passam as histórias de King em geral), em busca de uma vida tranquila. Quando o gatinho Church morre, o pai, Louis (Jason Clarke), o enterra no tal Pet Sematary, próximo à nova casa, por recomendação do vizinho Jud (John Lithgow), que conhece muito bem o poder mágico do terreno. No longa original, Jud foi interpretado por Fred Gwynne (1926-1993).
— Fred era meu amigo, e saber que ele fez o mesmo papel me inspirou — diz Lithgow . — Éramos bem diferentes na vida real, e isso certamente se reflete na atuação. O Jud dele é, digamos, bem mais feliz que o meu. Quis criar um homem mais caladão e introspectivo.
No dia seguinte ao enterro, o bicho volta à vida — ou algo parecido. O ex-gatinho fofo agora é violento, fedido e despelado. Ou seja, enterrá-lo ali claramente não foi uma boa ideia. Mas adivinha só o que Louis faz quando sua filha Elile (Jeté Laurence), de 9 anos, é morta num terrível atropelamento de caminhão?
A partir daí, o filme não se acanha em criar situações macabras e violentas, culminando num desfecho calculado para fazer o espectador sair do cinema sentindo-se péssimo (Stephen King aprovou). “Cemitério maldito” trata, afinal, da incapacidade de lidarmos com a dor do luto.
Veja também:
Leia também:
Redação iBahia
Redação iBahia
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!