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Amy Winehouse: confira crítica do documentário sobre vida de Amy

A letrista/cantora morreu por envenenamento der álcool em 2011

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01/10/2015 às 15:40 • Atualizada em 28/08/2022 às 2:46 - há XX semanas
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Cinemáticos Redação Cinemáticos
Após o documentário dirigido magistralmente por Asif Kapadia é complicado lidar com o mix de emoções empáticas acerca de Amy Winehouse. Não é falta de afeição; não me julguem uma pessoa horrível (assim como o diretor não julgou como veremos adiante), mas o que fazer quando o que existiu de ruim torna-se essencial? Transforma-se no combustível para moldar a talentosíssima cantora e compositora? Sinuca de bico, eu sei. Amy abrange a carreira meteórica de Amy Jade Winehouse desde as apresentações amadoras até a sua morte aos 27 anos (falecida em 2011) desnudando a mulher por trás da cantora, e é triste perceber que só foram por cerca de 10 anos que o mundo viu a persona e o humor afiado da performer.
Kapadia utiliza de sua expertise demonstrada em Senna (2010) para tecer uma curadoria eficaz de imagens, entrevistas e fotos, de modo a não colocar sob julgamento nenhum dos envolvidos na história; o cuidado em não ser leviano e astutamente levar o publico a projetar seus julgamentos acerca das pessoas envolvidas é soberbo. Exemplo disso é a relação entre Amy e seu pai, que durante a sessão arrancou sons desconfortantes de alguns presentes, mesmo o filme fugindo de qualquer partido.Por outro lado, é sagaz a utilização de material da mídia em que vemos apresentadores, comediantes e afins fazendo piada com as situações envolvendo drogas de Winehouse após a situação ter sido explanada anteriormente para o espectador. Destaque para o uso das cenas noturnas, onde Amy, em trajetos curtos (de uma porta para um carro, por exemplo) é atacada por uma revoada de flashes e estampidos de câmeras dos paparazzis, o que deixaria o mais discreto fotofóbico em ataque epiléptico devido ao incômodo que traz aos olhos. Imagine viver diariamente assim? Ao contar com um material de pesquisa tão vasto, o diretor teve apoio na edição do seu colaborador em Senna, Chris King, fazendo com que o filme flua sem qualquer tranco que não aparente ser intencional; até nas entradas musicais – que poderiam soar gratuitas – são legitimadas ao momento em que estão inseridas. Como a cantora teve apenas dois discos (Frank, de 2003 e Back to Black, 2006), vários hits aparecem, levando todo mundo a cantar junto.
Novamente tocando no fator curadoria, é necessário tecer elogios para a direção de arte ao escolher três formas de lettering para determinados trechos, e guiar o espectador através destes: quando o doc cita algum local, a tipografia utilizada é alta e segue uma orientação vertical levemente desordenada que lembra muitos títulos presentes em discos clássicos da Blue Note Records, uma das mais conceituadas gravadoras de Jazz. Já nos depoimentos, outra família tipográfica e entrada horizontal; e, por fim, as letras das músicas que recebem uma intimista tipografia cursiva, criando uma rima visual com os manuscritos da protagonista.Michael Pinto, responsável pela parte sonora, esmerou-se nas vírgulas existentes durante o documentário; sempre quando urge um retorno ao tempo para contextualizar certa característica de Amy como a bulimia enfrentada na adolescência e demais problemas, Pinto optou por utilizar instrumentos de cordas para trilhar tais episódios. Esse recurso para marcar aquele aposto temporal, apesar de correr o risco de tornar-se melodramático, mostra-se inteligente já que o jazz (fonte de inspiração de Winehouse) carrega boas doses de instrumentos de sopro.O que, infelizmente, foge ao filme e desponta como sinal negativo é a existência de apenas duas sessões (pelo menos em salvador): a que participei estava bem cheia, rebatendo uma possível ideia de que documentários estão reservados apenas à salas de arte. Que essa falta de visão das exibidoras não atrapalhe os futuros projetos de Kapadia e seus demais colegas de profissão.

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