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Cinema: As cidades de Woody Allen

Lugares em que o diretor filma também fazem parte das tramas

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25/06/2011 às 10:47 • Atualizada em 28/08/2022 às 12:48 - há XX semanas
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Meia-Noite em Paris mostra as belezas de cidade francesa
No filme Meia-Noite em Paris, o personagem principal, Gil Pender (Owen Wilson), dá a pista de como o diretor Woody Allen, 75 anos, se sente em relação aos lugares onde filma. Em um diálogo na descida das escadarias de Montmartre, na capital francesa, Gil diz a Adriana (Marion Cotillard), por quem é apaixonado, que as cidades são obras de artes mais impressionantes do que qualquer outra feita pelo homem. E Allen, definitivamente, está no rol dos cineastas que veem nas cidades mais do que meras locações para o desenrolar de suas tramas. Poeta dos espaços, bem como o diretor alemão Win Wenders, o nova-iorquino as transforma em mais um personagem de suas narrativas. Personagens que estão longe de ser silenciosas: as cidades para onde Woody Allen aponta sua câmera são eloquentes, falam por si, influem na história. Paris - Bom exemplo é a capital francesa de Meia-Noite em Paris, 49º filme de Allen, que está em cartaz em Salvador. A cidade muda a vida de Gil, roteirista de sucesso em Hollywood, mas que, na verdade, quer ser reconhecido como romancista. E foi a mesma Paris que serviu de metáfora para Allen, quando ele decidiu mudar o rumo de sua prosa cinematográfica e aportar na Europa, em busca de melhores condições de filmagens. O cineasta deixou o recado desta mudança de rumos no filme Dirigindo no Escuro (2002), no qual um importante cineasta americano, vivido por ele, decide se mudar para Paris, porque lá poderia produzir e seus filmes seriam melhor compreendidos. Desde então, trama após trama, Allen decidiu fazer o caminho inverso de Alfred Hitchcock – que trocou Londres por Hollywood –, e foi buscar na Europa, além de inspiração, dinheiro para seguir trabalhando. Bilheteria - “Nova York se tornou cara demais para mim. Não podia mais pagar pelos custos de produção”, declarou o diretor, na Espanha. Logo ele, cultuado por ser o que melhor retratou a cidade e a ilha de Manhattan no cinema. Allen fez tal declaração durante a coletiva de lançamento de Você Vai Conhecer o Homem de Seus Sonhos na Espanha, ano passado. Mas o diretor não virou as costas para NY, como deixou claro em entrevista concedida recentemente à agência Reuters, durante passagem pela cidade: “Eu amo Nova York e tenho certeza que voltarei para cá e trabalharei aqui outra vez. Duas coisas têm me impedido de voltar: quando um lugar estrangeiro me dá dinheiro para trabalhar e insiste que eu trabalhe lá e quando não tenho condições financeiras de trabalhar aqui”. E parece que a distância de sua Nova York natal fez com que seus compatriotas sentissem falta de seu talento e o valorizassem. Meia-Noite em Paris, uma coprodução entre Estados Unidos, Espanha e França, é o título mais lucrativo do diretor em seus últimos 25 anos de trabalho. Segundo dados oficiais da Sony Pictures, o filme conseguiu somar mais de US$ 23 milhões só nos Estados Unidos e mais outros US$ 23 milhões nas bilheterias internacionais. Dessa forma, o mais recente filme de Woody Allen passa a marca de Vicky Cristina Barcelona (2008) e Match Point (2005), filmados, respectivamente, em Barcelona e em Londres. É seu segundo filme mais lucrativo, ficando atrás somente de Hannah e Suas Irmãs (1986). Rio - Como Woody Allen afirmou que vai filmar onde o dinheiro estiver, a RioFilme lhe cortejou em 2009 para que ele rodasse um de seus filmes no Rio. Na época, a possível coprodução chegou até a ser confirmada, e, por pouco, a capital carioca não virou uma das cidades de Allen. Mas esta possibilidade não está de todo descartada. O diretor declarou à agência Efe, naquela ocasião, que o Brasil e a Argentina eram lugares interessantes. “Tenho certeza de que há um milhão de histórias nesses lugares. É algo a que não me oponho”. Enquanto isso não acontece, a Grande Maçã (apelido de Nova York) perdeu, por alguns anos, o seu cronista mais apaixonado, que descreveu, como ninguém, o espírito das ruas da metrópole e as relações trançadas por seus habitantes em suas entranhas.

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