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Documentário sobre o menino Joel é lançado no cinema

O filme, sobre o garoto, morto em 2010 durante uma ação policial no Nordeste de Amaralina, entra no circuito comercial no final deste mês

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19/04/2012 às 11:23 • Atualizada em 27/08/2022 às 18:33 - há XX semanas
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A história do pequeno capoeirista Joel, morto em ação policial em 2010, é contada no cinema
Foram nove meses de trabalho até o dia do lançamento. Dirigido pelo italiano Max Gaggino e produzido pelo baiano Rodrigo Cavalcanti, o documentário 'Menino Joel' foi exibido pela primeira vez nesta quarta-feira (18), na Saladearte Cinema da Ufba. O iBahia esteve na estreia e pode conferir de perto a reação dos convidados que se emocionaram ao ver na telona a triste história de Joel da Conceição Castro, 10 anos, morto durante uma operação policial no Nordeste de Amaralina, em 2010.
O Cinema da Ufba ficou lotado para o lançamento do documentário Menino Joel
Apesar de ter como destaque o garoto Joel, o documentário tenta trazer a discussão sobre a realidade de centenas de inocentes que são mortos todos os anos em ações policiais, é o que diz Gaggino sobre o seu primeiro trabalho exibido no cinema. Veja também: visite o canal de cinema "O filme tenta explicar o motivo da mortalidade infantil criminosa no Brasil. O objetivo não é incriminar ninguém. A pessoa que vai decidir de quem é a culpa, será a que vai levantar da cadeira, após ver o filme", declara. Na plateia, vizinhos, amigos e a família, o pai, Joel Castro e o irmão Jeanderson conferiram a estreia.O filme é construído por depoimentos da família, amigos, pesquisadores e personagens da administração pública baiana, e refaz a trajetória do pequeno capoeirista na tentativa de desvendar o rastro de destruição deixado por um crime que ainda não foi desvendado. Em meio aos testemunhos, dados sobre a violência no estado, mostram que casos assim não são raros.
"O objetivo não é incriminar ninguém. A pessoa que assistir é que vai decidir de quem é a culpa", Max Gaggino, sobre o filme.
Arte de resistência
O documentário, além de abordar a tragédia ocorrida com a família Castro, tenta mostrar as belezas do Nordeste de Amaralina, um dos bairros de Salvador que carregam o estigma da violência. A cultura, a criatividade e o orgulho dos moradores pelo seu bairro foram exaltados ao longo do filme, que teve como trilha sonora o rap de Mr. Armeng, morador do Nordeste de Amaralina e Mr. Davi, que marcaram presença, com alguns versos cantados no filme, como "Menino querido/ Sonho perdido/ Lembro do seu sorriso/ Ele não era bandido".
'Menino Joel' é o primeiro trabalho do italiano Max Gaggino no cinema
Dessa forma, ao mesmo tempo em que o documentário 'Menino Joel' provoca revolta e indignação e traz a reflexão sobre a sociedade em que vivemos, reafirma a alegria e o lado bom da capital baiana que vem, essencialmente, do jeito de ser dos soteropolitanos. "Eu achava que ia ser mais difícil chegar ao cinema, mas é uma história que toca muito as pessoas, e isso facilitou estarmos aqui hoje", disse o diretor Max Gaggino.
"O sonho dele era ser reconhecido"
A dor ainda é visível na fala do pedreiro e mestre de capoeira, Joel Castro, 43 anos. Desde do dia que presenciou a morte de seu filho, parceiro nas rodas de capoeira, ele tem lutado para que o caso não caia no esquecimento e sofre com a demora do julgamento."Eu tento como posso manter aceso o protesto, mas a justiça é tão lenta, que faz a gente cansar", desabafa o pai, que vê no filme mais uma forma de protesto.
"A justiça é tão lenta, que faz a gente cansar", desabafa Joel Castro.
As lembranças agora fazem parte do dia a dia da família que relata com unanimidade, no documentário, o jeito extrovertido e amadurecido do pequeno Joel, que se destacou ao participar de uma das propagandas do Governo, fazendo o que mais gostava: jogar capoeira. "O sonho dele era ser reconhecido, era mostrar a nossa cultura para o mundo, mas não deu tempo", diz o seu pai, emocionado.
"O sonho dele era ser reconhecido, era mostrar a nossa cultura, mas não deu tempo"
O caso na justiça
Segundo o advogado da família, Maurício Freire, as hipóteses de bala perdida ou homicídio culposo já foram descartadas pela Justiça. Testemunhas já depuseram e deixaram claro que o disparo efetuado pelo policial Eraldo Menezes de Souza, que matou o garoto, foi direcionado para a janela da residência da família. "O processo instaurado na justiça comum já está bem adiantado, agora a pendência é definir em qual jurisdição será julgado o caso", explica o advogado, que também presta serviço ao Centro de Defesa da Criança e Adolescente (Cedeca).
Enquanto isso, em paralelo a Justiça, o cinema se ocupa de manter viva a memória de Joel, o menino capoeirista que, assim como tantos jovens, moradores do Nordeste de Amaralina, Pelourinho, São Caetano e vários outros bairros, tornam Salvador uma cidade singular. Uma história que registra a realidade da nossa cidade, prevista para ser aberta ao público no final deste mês. Até lá, tanto o caso do Menino Joel, quanto o processo de construção do documentário podem ser conferidos no site oficial do longa, e nas redes sociais.
Veja também: Confira a entrevista exclusiva com o cineasta Max Gaggino

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