Dá para dizer que o desafio dos protagonistas de “It: Capítulo Dois” é o desafio do filme que estreia quinta (5) e nesta quarta (4) já será exibido em várias salas: repetir um grande feito sem fatores que possibilitaram o sucesso original.
Nesta segunda parte da adaptação do romance de Stephen King, os pré-adolescentes que formaram o Clube dos Perdedores em 1989 já são adultos e reúnem-se na amaldiçoada cidadezinha de Derry, lá no Maine, para enfrentar uma nova versão do palhaço homicida Pennywise — a Coisa do título. Mas os Perdedores precisam se reinventar: o ser sobrenatural já os conhece, assim como seus truques.
Já os realizadores do filme têm a missão de fazer uma sequência tão bem-sucedida quanto a primeira parte — mesmo sem o apelo da nostalgia oitentista. Não é palhaçada: os US$ 700 milhões de faturamento global fizeram do longa de 2017 a maior bilheteria de terror de todos os tempos e número 1 entre filmes inspirados na obra de King.
Como em “It” que está ganhando não se mexe, estão de volta os irmãos argentinos Andy e Barbara Muschietti, respectivamente o diretor e a produtora do “capítulo um” — desta vez com um orçamento de US$ 70 milhões, o dobro do primeiro filme.
Com os adolescentes do primeiro filme restritos a flashbacks, os Perdedores maduros contam com nomes conhecidos como Bill Hader, James McAvoy e Jessica Chastain (ver quadro abaixo). Já Pennywise volta a ser encarnado com maquiagem, figurino renascentista e sorrisos sinistros por Bill Skarsgård.
‘Temos novos sustos’
Andy recebeu a reportagem do GLOBO em 2018 no set do longa, filmado em Toronto, onde vários galpões abrigavam endereços assombrados da fictícia Derry. Nos intervalos da cena em que um espírito nojento vomita no hipocondríaco Eddie (James Ransone), o diretor ressaltou a necessidade de inovar:
— Não podemos nos repetir. Temos novos sustos (risos). Por sorte, nas 1.100 páginas do romance “It” há muito material para darmos mais profundidade aos personagens em suas versões adultas. A luta contra Pennywise deixou sequelas que nós, como ele, exploramos.
O diretor também conta que os leitores do livro (ou fãs da adaptação de 1990 para a TV) vão notar algumas diferenças no enredo (que não serão comentadas: sem spoilers). As modificações foram aprovadas por Stephen King, que não se envolveu no primeiro “It” mas, feliz com o que viu, decidiu colaborar no segundo dando dicas — fez inclusive uma rara aparição na frente das câmeras, como vendedor de uma loja.
A cena é com James McAvoy, que afirma ter “pagado de nerd” com o autor. Tomando chá da tarde no motorhome que lhe serve de camarim nos Pinewood Toronto Studios, o ator escocês relevou ser fã de King desde a adolescência:
— Li "It" duas vezes na juventude e agora ouvi a versão audiobook para viver Bill — diz McAvoy, que se inspirou na performance de Jaeden Lieberher, intérprete do mesmo personagem no primeiro filme. — Ele é muito melhor do que eu era na idade dele! (Jaeden gravou “It” aos 13 anos.) Todos os sete adultos pegaram algo das atuações dos sete jovens do primeiro filme.
Para a produtora Barbara Muschietti, o sucesso do primeiro filme e a realização da sequência também capitaneada por ela e seu irmão mostram que há espaço em Hollywood para profissionais latino-americanos — e, também, latino-americanas.
— Como mulher latina, foi duro cavar este espaço. Quero abrir portas para outras produtoras, diretoras, escritoras. Um filme de cada vez.
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Redação iBahia
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